Estrelas binárias em formação

Você sabia que cerca de metade das estrelas se forma em sistemas duplos como este? Esta
imagem do ALMA mostra duas estrelas jovens ainda se formando, capturando matéria do seu
entorno, confirmando este modo de formação de estrelas.
As estrelas podem se formar em pares próximos porque, dentro de um berçário de estrelas, os
núcleos em formação dentro do disco protoplanetário podem começar a interagir
gravitacionalmente e orbitar um ao redor do outro. À medida que as estrelas envelhecem, as
interações gravitacionais entre elas podem perturbar suas órbitas, levando a transferência de
massa e a sua fusão ou até mesmo à ejeção de uma das estrelas.

O ciclo dos Bárions no Universo

Participo, a partir de amanhã, da reunião científica do Giant Magellan Telescope, aqui em Carlsbad, Califórnia, para falar de captura e ejeção de matéria por Buracos Negros Supermassivos. Este fenômeno tem um papel fundamental na evolução das galáxias no Universo, a faz parte do “ciclo de Bárions” no Universo, o tema da reunião. 

Os Bárions são as partículas mais “pesadas” que compõem a maior parte da matéria visível do Universo, sendo os mais conhecidos, os prótons e os nêutrons. Ao longo da evolução do Universo, os Bárions formados logo após o Big Bang, dão origem às primeiras estrelas e galáxias, bem como aos Buracos Negros Supermassivos no centro das galáxias. A evolução do Universo pode ser considerada como um ciclo continuado dos Bárions, que, à medida que o Universo evolui, são capturados por campos gravitacionais e também ejetados por estrelas supernovas, ventos e jatos associados à captura de matéria pelos Buracos Negros Supermassivos.

Pertinho do Buraco Negro Supermassivo

Publiquei recentemente com colaboradores, em especial o Dr. Jáderson Schimoia, no periódico Astrophysical Journal (2017ApJ…835..236S) um trabalho em que argumentamos que podemos ver, no espectro de um grande no. de galáxias ativas (aquelas em que o Buraco Negro está capturando matéria de seu entorno), emissão do gás do disco de acreção em torno do Buraco Negro Supermassivo. A figura acima mostra para tres casos os espectros (esquerda), junto com o perfil da componente que se origina no disco (centro) e um cartoon mostrando a distribuição do gás no disco derivada a partir do perfil.

Através deste trabalho demonstramos que as famosas “linhas largas” do espectro de galáxias ativas do tipo 1 (como as Seyfert 1) têm na marioria dos casos uma componente “disco” que pode ser identificada com as partes externas do disco de acreção. A geometria desta “região de linhas largas” tem sido um mistério por muitos anos e o fato de termos identificado uma componente discoidal permite que usemos este conhecimento para calcular de forma mais precisa a massa do Buraco negro.