Tenho que destacar duas aulas que, acredito, foram especialmente enriquecedoras, tanto para mim quanto para os alunos. Uma dela foi aquela em que propus a atividade experimental de lançamento de molas. Verifiquei que foi a primeira atividade acadêmica experimental para a maioria dos alunos que lá estavam. E como propus um tipo de atividade onde eles teriam primeiro que estabelecer uma previsão teórica daquilo que iriam realizar, praticamente pude constatar um festival de dúvidas. Não tanto com o conteúdo que estava sendo inserido naquele momento, mas com questões que, se não fosse a tamanha fragilidade de nosso ensino, deveriam ter sido detectadas e esclarecidas muito tempo antes, desde as séries iniciais do ensino fundamental. Dúvidas estas, como já citei, extremamente simples mas que se não tivessem sido esclarecidas imediatamente poderiam provocar sérios atrasos em alguns membros da turma.

        A outra aula marcante foi a que reservei para discutir tópicos sobre Teoria da Relatividade. Primeiro porque inicialmente trabalhei a física de uma maneira conceitual e filosófica, indagando os alunos sobre os conceitos de Espaço e Tempo: o que eles representam para nós, qual a sua origem, se são absolutos ou não. Enfim, larguei de mão os cálculos usualmente utilizados pelos professores para discutir uma física que já recebe a denominação de Moderna e de difícil aceitação por nós, humanos restritos nos locomovermos e observarmos velocidades de ordem tão baixa que, em geral, não faz a mínima diferença descrever o qie vemos através da mecânica newtoniana ou relativística.

        Introduzi conceitos novos, discuti com a turma, repensamos várias situações, refletimos um pouco sobre o assunto, e não precisei, para isto, lançar mão da descrição matemática da Teoria da Relatividade. Porém, o importante para mim é nunca abrir mão da descrição conceitual da Física, já que isto é que a caracteriza como um ramo de estudo e pesquisa diferente do ramo abrangido pela matemática.

Maicon Nachtigall