A Bomba Atômica

        Neste número do Pó de Giz, trarei uma proposta de trabalho interdisciplinar que utilizei na minha prática de ensino no Centro Tecnológico Estadual Parobé.

        A proposta está aqui mais elaborada, visando, novamente, um trabalho com o coletivo de professores.

        Na minha experiência no Parobé, trabalhei a questão da energia nuclear e radioatividade de forma transversal, utilizando a história da bomba atômica como tema central.

        E não é pelo fato do assunto ter sido abordado dessa forma, que foi menos profundo. Aliás a questão da profundidade x extensão do conteúdo é algo que precisa ser melhor trabalhada nos cursos de formação de professores, uma vez que estes limites são tênues. Alguns conteúdos, como cinemática e dinâmica, são trabalhados à exaustão no ensino médio, privilegiando-se a extensão. E à dinâmica não é dada a devida profundidade, fazendo com que muitos estudantes cheguem à universidade com concepções alternativas sobre força e movimento.

        Assim, a experiência realizada no Parobé pretendia trabalhar os conceitos de radioatividade e energia nuclear considerando os demais aspectos político-sociais envolvidos na história destes conceitos científicos.

        Não é possível falar de energia nuclear sem falar em bomba atômica, nem de bomba atômica sem guerra, nem de guerra sem morte, etc. Não é possível desvincular ciência de história, nem história de escrita. Por isto a proposta foi de discutir com os alunos a história da bomba atômica e produzir um pequeno livro, contando algumas visões deste fato.

        Os alunos organizaram-se em duplas, as quais receberam partes de um livro, de forma que toda a turma tivesse um texto diferente e, agrupando-se todos os textos, tínhamos um livro inteiro, que tratava da história da bomba atômica.

        Após lerem seus textos, os alunos escreveram sobre eles, em dupla, discutindo entre si e comigo sobre as questões do texto. Os textos foram revisados e entregues novamente aos alunos, para que estes fizessem as correções e alterações que julgassem necessárias. Mais discussões.

        Os alunos tiveram que apresentar seus textos, para os demais colegas – lembrando que cada um tinha um pedaço diferente do livro – durante uma mesa redonda. Neste momento apareceram muitas questões interessantes como as usinas nucleares de Angra dos Reis, e a base de Alcântara. Os alunos mostraram-se interessados e fizeram muitas relações com o passado e o presente. E ficaram, pasmem, morbidamente maravilhados ao ouvirem sobre os efeitos da radiação no ser humano, relatado por um colega.

Bomba Atômica

        Núcleos envolvidos: Ciência e Tecnologia, Sociedade e Cidadania, Comunicação e Linguagem

        Matérias e conteúdos discutidos:

- Física: energia nuclear e radioatividade;
- Química: estrutura da matéria, elementos químicos;
- História: 2a guerra mundial;
- Português: produção textual, leitura, poesia;
- Matemática: custo, lucro, gráficos (referentes à produção dos livretos).

        Metodologia:

- Fazer um questionário prévio sobre o assunto;
- Leituras, discussões, filmes, vídeos, poesia, música;
- Produção textual (os alunos produzirem um livro sobre a história da bomba atômica);
- Edição, editoração, divulgação do livro;
- Lançamento do livreto com apresentação do conteúdo pelos alunos;
- Fazer um questionário final sobre o assunto.

Cronograma:

Comunicação e Linguagem

Sociedade e Cidadania

Ciência e Tecnologia

Aula 1:

Poesias, músicas sobre a bomba atômica, sobre guerras.

Discussões sobre guerras, leituras, vídeo.

Questionário, discussões e leitura inicial, custo, pesquisa de preços, gráficos.

Aula 2:

Produção textual inicial.

A 2a guerra mundial.

Vídeos, discussões, leituras.

Aula 3:

Produção textual.

Produção textual.

Retorno aos alunos da produção textual com discussões. Investimento, lucro, projeções.

Aula 4:

Editoração dos textos.

Retorno aos alunos da produção textual.

Custo do processo.

Aula 5:

Lançamento.

Questionário final.

Balanço.

        Enfim, esta foi uma experiência gratificante e que, creio, pode ser melhorada. E aqui segue uma sugestão para melhorá-la, aproveitando, como dito anteriormente, os professores de diversas áreas, para contribuir com a riqueza do trabalho.

Katemari Rosa


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Para saber mais:

- Delizoicov, D. Angotti, J. A. P. Física , São Paulo, Cortez, 1992.

- Dias Jr., J. A. Roubicek, R. O brilho de mil sóis – história da bomba atômi- ca , São Paulo, Ática, 1999.