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50 anos do IF, Lembranças do futuro (de volta ao futuro)

Horacio Alberto Dottori
Julho de 2009

Tínhamos combinado com o Roberto Iglesias escrever um texto a quatro mãos, como solicitado pelo Carlos Alberto dos Santos. Obviamente o Iglesias chegou antes. Após ler o seu texto, semeado de boas lembranças, que começa com a sua chegada da França, dei-me conta que seria difícil, se não impossível, agregar algo sem desvirtuar a beleza e o equilíbrio daquele escrito. O Iglesias faz do agradecimento um momento muito especial, no qual fluem com meridiana sinceridade: a comunidade do Instituto de Física, a UFRGS, o R. G. do Sul e o Brasil, sem que a ordem por mim colocada transpareça nas suas palavras que flutuam com desenvoltura sobre seus pensamentos. Sem possibilidade de externar os meus sentimentos com clareza semelhante, só me resta fazer minhas as palavras do Iglesias.

No entanto gostaria sim de externar o meu pensamento num momento tão especial, procurando fazer um exercício de futurologia sobre o que poderiam ser os próximos 50 anos do Instituto de Física. Uma falsa modéstia me leva a usar o condicional, porém, penso que esta deveria ser a temática que permeie as discussões sobre o porvir deste instituto que já se afiançou como pólo de conhecimento de destaque entre os pares no Brasil, internacionalmente considerado.

O meu tema preferido em relação à próxima etapa desta caminhada é o tipo de pesquisa que norteie a instituição como um todo. Devido à diversidade de linhas de pesquisa que praticamos esta temática deve ter um foco amplo, como energia, meio ambiente, etc. Atrevo-me a sugerir que devemos encarar o tema energia. Sinto um pouco fora de época a estratégia de transformar o Brasil num imenso canavial de 100 milhões de hectares, que, além de não resolver o problema de energia exacerba outras dificuldades levantadas pelos mais diversos setores da sociedade comprometida. A energia derivada de combustíveis fósseis tem a limitação da capacidade do meio ambiente de suportar essa crescente e terrível carga de contaminantes.

Neste ponto meu foco é um desafio instigante: A energia do vácuo. É possível extrair esta energia em forma massiva como para constituir-se numa alternativa viável nos próximos 50 anos? Trata-se de um investimento de alto risco, que faz jus às pretensões de um grande instituto que aceite desafios extremos. Que não só se reduz a responder perguntas levantadas em instituições mais tradicionais, mas, que coloca com maturidade as suas próprias grandes questões. Ao final, nós, físicos devemos assumir a nossa margem de responsabilidade para com a sociedade, semelhante à que enfrenta um engenheiro, ao assinar um projeto, digamos, de um prédio, uma barragem ou um novo processo. Um físico não tem de enfrentar este tipo de riscos. Estamos sempre transitando um estágio equivalente ao do filho que ainda é parcialmente sustentado pelos pais e não se dá conta.

Por que o tema energia? Tenho trabalhado sobre o efeito Casimir durante os últimos anos, parece-me que este vínculo do micro com o macrocosmo é um tema apaixonante. Apesar de todo físico conhecer a existência da energia do vácuo quântico, a grande maioria dos físicos ainda desconhece o efeito Casimir, predito em 1949 e medido na sua forma atrativa pela primeira vez em 1959. Em 10 de janeiro de 2009 a revista Nature comunicou a medida pela primeira vez do efeito Casimir repulsivo, que abre a possibilidade de construção do “virabrequim” Casimir.
Para não sair do tema proposto, acabo por aqui esta ideia. Sem deixar de salientar que a minha preferência só pretende ser uma abertura para a discussão dos grandes horizontes a serem visualizados para os futuros 50 anos deste Instituto de Física da UFRGS, no intuito de consolidarmos a sua grandeza, já alicerçada nos 50 anos passados.


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