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Um raro par de buracos negros supermassivos?

Crédito: Francesco Ubertosi et al. 2021

 

Par de buracos negros supermassivos? Aglomerado de galáxias a 3,9 bilhões de anos-luz, mostrado na imagem ótica à esquerda, foi imageado em raios-X com o satélite Chandra (à direita). A imagem em raios-X mostra cavidades no gás quente (buracos para a esquerda e para a direita) dominando o aglomerado, produzidas por jatos de um buraco negro supermassivo. Mas numa imagem mais profunda aparecem outras duas cavidades pequenas (para cima e para baixo) que sugerem presença de outro buraco negro supermassivo a somente 250 anos luz do primeiro, muito raro de encontrar!

Um quasar no centro da Via Láctea?

 

(Créditos: NASA/ESA/Gerald Cecil (UNC-Chapel Hill)/Dani Player (STScI))

Um jato rádio encontrado no centro da Via Láctea por Cecil et al. (2021) mostra atividade recente do seu buraco negro supermassivo, enquanto bolhas encontradas pelo satélite Fermi mostram radiação de alta energia (Gamma) datada de 2-4 milhões de anos atrás. Portanto, há cerca de milhões de anos atrás, o centro da Via Láctea já foi um Quasar!

Jatos rádio são produzidos por partículas carregadas como prótons e elétrons acelerados a velocidades próximas à da luz, o que ocorre na vizinhança de buracos negros supermassivos, estrelas em formação e remanescentes de supernovas. São formados quando o material é fortemente aquecido e comprimido em torno destes objetos, como ocorre num disco de acreção, e é forçado a fluir ao longo de suas linhas de campo magnético. A força gravitacional do objeto pode então acelerar o material a altas velocidades, criando um jato estreito que se estende por milhares de anos-luz no espaço.

Os jatos rádio são frequentemente encontrados nos Quasares, que estão entre os objetos mais brilhantes do Universo, são em geral distantes (bilhões de anos-luz) e são justamente o centro de uma galáxia em que um buraco negro supermassivo está capturando matéria através de um disco de acreção, de onde saem os jatos rádio. A sua luminosidade é em geral bem maior que a do centro da Via Láctea, mas o processo é semelhante; a diferença é que, enquanto nos quasares a taxa de acreção de matéria é muito alta, no caso do centro da Via Láctea, a taxa é bem menor, mas já foi maior no passado!

Plenária convidada na reunião internacional da colaboração SDSS-IV

Tive o privilégio de ministrar uma palestra plenária na reunião da colaboração SDSS – Sloan Digital Sky Survey, ocorrida nos dias 11-12 e 16-17 de Agosto de 2021. O tema da palestra foi uma revisão do trabalho do nosso grupo AGNIFS − AGN (Active Galactic Nuclei) Integral Field Spectroscopy − sobre a relação entre os Buracos Negros Supermassivos e suas galáxias hospedeiras. O trabalho foi realizado com dados de espectroscopia de campo integral do projeto MaNGA do SDSS entre os anos de 2016 e 2021, com mais de uma dezena de trabalhos publicados.

Os membros do grupo que trabalharam no projeto, o que foi viabilizado pela nossa afiliação ao LIneA – Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia foram Storchi-Bergmann, Riffel, Riffel, Rembold, Schimoia, Mallmann, Nascimento, Ilha, Gatto, Nemmen, Dors, Maia, Nicolaci da Costa e o time do LIneA.

A palestra pode ser conferida no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=mQldS-zttn8

 

 

 

O impacto de Buracos Negros Supermassivos em 30 galáxias do Universo Local

Em trabalho do nosso grupo AGNIFS – AGN Integral Field Spectroscopy, recém publicado (Ruschel Dutra et al. 2021:  http://arxiv.org/abs/2107.07635), compilamos dados obtidos desde 2006 do kiloparsec central de 30 galáxias ativas próximas utilizando o instrumento GMOS-IFU dos telescópios Gemini. Encontramos ejeções de gás ionizado em 21 das 30, sendo que em 7 delas há também expansão lateral do gás pela passagem das ejeções, indicando impacto do Buraco Negro Supermassivo nas galáxias. Pudemos calcular a potência das ejeções que é, na maioria dos casos, menor do que 1% da luminosidade do núcleo ativo. O próximo passo é investigar a presença de ejeções em gás molecular (que existe em maiores quantidades do que o ionizado) e em galáxias ativas mais luminosas e distantes, quando o Universo era mais “ativo”.

Buraco negro desperta pela colisão de duas galáxias em NGC34

No dia nacional do cientista, um pouco de ciência: #vocesabia que a colisão entre galáxias pode despertar o Buraco Negro Supermassivo no centro de uma delas? Isto é o que mostramos no trabalho liderado por Juliana Motter, do Departamento de Astronomia do IF-UFRGS, através de observações com o instrumento NIFS do Obseratório Gemini das partes centrais da galáxia NGC34, a 271 milhões de anos-luz, que é o resultado da colisão de duas galáxias espirais como a Via Láctea.