Roteiro CLEA-Sun*
Thaisa Storchi Bergmann e Henrique Aita Fraquelli
*Este roteiro está baseado e faz uso de recursos (software e manuais) produzidos pelo projeto CLEA (Contemporary Laboratory Experiences in Astronomy), desenvolvido pelo Department of Physics da Gettysburg College.
Objetivos:
Seguindo este roteiro você deverá estar apto a reconhecer efeitos de absorção e re-emissão de átomos individuais, assim como reconhecer o efeito que a energia de um fóton tem sobre a taxa de absorção de um gás particular. Observará e descreverá também os efeitos de difusão e sua dependência com o número de “camadas” de gás de uma estrela. Por fim, você deverá estar habilitado a compreender como são produzidas as linhas de absorção e emissão provenientes das estrelas, assim como porque os fótons levam tanto tempo para “viajar” do centro para superfície do Sol.
Introdução:
Você deve saber que a energia do Sol e das estrelas é gerada
no seu centro, tendo como fonte reações nucleares, inicialmente a fusão de 4
átomos de hidrogênio para formar um de Hélio. Mas como os fótons de alta
energia gerados nestas reações se transformam nos fótons que observamos
escapando da superfície das estrelas? O objetivo deste trabalho é responder
a esta questão, explorando os processos de transferência radiativa que
ocorrem no interior e na atmosfera do
Sol. Estes processos mostram como os fótons interagem com a matéria na sua
viagem desde o centro do Sol até a sua superfície.
A atmosfera do Sol é a sua camada
mais externa, sendo muito fina em relação ao raio do Sol. Ela é transparente à
maioria dos fótons exceto aos “ fótons de linha” que correspondem a transições
de níveis de átomos e íons de sua atmosfera e portanto são absorvidos dando
origem às linhas escuras que observamos no espectro do Sol.
O interior do Sol é muito mais
“opaco” aos fótons que vêm do interior do Sol, fazendo que os mesmos percorram
uma trajetória tipo ziguezague devido a interações com partículas (na sua
maioria elétrons). O no. de interações é tão grande que os fótons levam em
média centenas de milhares de anos para viajar desde o centro até a superfície.
Roteiro de atividades:
Inicialize o programa CLEA -
The Flow of Energy Out of the Sun. Selecione no menu “Log In”. Entre com seu nome e o de seus colegas de atividade. Pressione return
após cada nome. Uma vez que o cadastro esteja devidamente preenchido clique Ok
para continuar.
Exercício I)
"Visualização" da interação fóton – átomo na atmosfera do Sol:
Selecione dentro do menu Simulation,
Interaction. Selecione então Photon type=Line para observar
interações dos átomos e íons da atmosfera com fótons correspondentes a
transições entre seus níveis de energia. Selecione run e clique stop
após 30 fótons serem emitidos. (1)
Quantos fótons de linha foram espalhados (sofreram interação)?
Após clicar Reset, selecione agora a opção de fótons do
contínuo Photon type=Continuum.
(2) Quantos fótons de contínuo foram espalhados? Interprete.
Exercício II) Formação das linhas espectrais na atmosfera do Sol
e das estrelas.
Selecione Line Formation no menu, e digite 30 fótons no menu Parameters
Clique run. (3) Qual a
percentagem de fótons detectados?
A baixa percentagem de
fótons detectados leva ao aparecimento de linhas escuras no espectro do Sol e
das estrelas (linhas de absorção) nos comprimentos de onda correspondentes.
Estes fótons são em geral re-emitidos em outras direções, diferentes da
observada. Se estes fótons fossem observados contra um fundo escuro produziriam
linhas de emissão.
Exercício III) Selecione a opção Continuum no menu.
Proceda como no exercício II acima. (4) Que percentagem dos 30 fótons do
contínuo foi detectada? Por que?
Exercício IV) Selecione Experimento no menu. O
objetivo do exercício é determinar a energia dos fótons ou o comprimento de
onda necessário para excitar alguns átomos presentes na atmosferas das
estrelas, em particular: Ca, H, Mg, O, Na. Selecione o átomo através da opção Select
gás atoms no menu Parameters. Vá mudando a energia dos fótons
através da opção Change Photon Energy, de 1,5eV até 3.2eV e complete a
Tabela 1 para cada gás. Para isto selecione o no. de fótons como 30 (# of
Photons no menu Parameters) e depois clique em run. (5)
Preencha a Tabela 1 e a partir dela trace um espectro para cada átomo, que
consistirá de um gráfico do no. de fótons detectados em função do comprimento
de onda da radiação. Use uma escala de 0 a 30 contagens no eixo y e
transforme as energias que estão em eV em comprimentos de onda em nanômetros,
escala que será usada para o eixo x. (6) Interprete o resultado identificando
as linhas de absorção de cada átomo ou íon.
Exercício V) Ilustra a
trajetória de um fóton tentando escapar do centro do Sol ou de uma estrela. O
fóton demora a escapar porque sofre inúmeras interações com o gás quente e
denso do interior do Sol. Os três mecanismos principais de interação são:
a) espalhamento por
elétrons;
b) absorção ligado-livre;
c) absorção livre-livre.
(7) Explique cada um destes processos.
A trajetória resultante tem forma de um ziguezague e é chamada de trajetória randômica (random walk em inglês). Selecione Flow no menu e
1photon, ativando Trails no menu Paramenters para observar esta
trajetória . Varie o no. de camadas (Layers) e clique em run.
Repita 3 vezes para cada no. de camadas, anotando o no. de interações na Tabela
2. (8) Construa um gráfico com o no. de camadas n no eixo x e o
no. médio de interações para cada camada no eixo y (gráfico 2).
(9) Pode-se demonstrar
matematicamente que o no. de interações é aproximadamente igual a n2.
Calcule este valor e preencha a Tabela 3, onde você pode comparar n2
com o seu valor médio do exercício (8) Utilize um símbolo diferente do usado para suas medidas para
plotar n2 x n no mesmo gráfico do item (8) (gráfico 2).
(10) Problema: Eddington foi o astrofísico que concluiu que
os fótons dentro do Sol percorrem um caminho "randômico" desde o
centro até a superfície do Sol. No processo, inúmeras interações da com a
matéria fazem com que o fóton perca energia gradualmente: de raios-X à
temperatura central de 15 milhões de graus K, eles chegam à superfície como
fótons óticos característicos de uma temperatura efetiva de 5800 K.
Na teoria do deslocamento randômico em três dimensões,
pode-se mostrar que, se o caminho livre médio entre colisões é l, para
cobrir a distância R são necessárias N=3R2/l2 interações.
Calcule o tempo total que o fóton demora para sair do Sol, t=Nl/c,
adotando l=0.5cm e compare com o tempo que ele levaria se não sofresse
nenhuma interação.
Este lento transporte de energia do centro até a
superfície é que regula a luminosidade do Sol, mantendo-a em L=3.9 x 1033
ergs s-1.
Gás (tipo):____________________________________________________
eV |
Comprimento de onda |
Número detectado |
eV |
Comprimento de onda |
Número detectado |
eV |
Comprimento de onda |
Número detectado |
1,5 |
|
|
2,1 |
|
|
2,7 |
|
|
1,6 |
|
|
2,2 |
|
|
2,8 |
|
|
1,7 |
|
|
2,3 |
|
|
2,9 |
|
|
1,8 |
|
|
2,4 |
|
|
3,0 |
|
|
1,9 |
|
|
2,5 |
|
|
3,1 |
|
|
2,0 |
|
|
2,6 |
|
|
3,2 |
|
|
Tabela 1 – Detecção de fótons
1 Se você quiser calcular o comprimento de onda (em metros), a equação é :
l = h c / E
onde h é a constante de Planck ( h = 4,14 10-15 eV . segundo) e c é a velocidade da luz ( c = 3 108 m/s)
Camadas |
20 |
30 |
40 |
50 |
60 |
80 |
Medida 1 |
|
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Medida 2 |
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|
|
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|
|
Medida 3 |
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Média |
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Tabela 2 – Interações
Plote os resultados
médios em uma gráfico. O eixo horizontal deve ser nomeado como “Camadas” e
compreender o intervalo 0 a 80. O eixo vertical deve ser nomeado como
“Interações” e compreender o intervalo 0 a 6500. Dê um título para o seu
gráfico.
n = |
10 |
20 |
30 |
40 |
50 |
60 |
n2 = |
|
|
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|
sua média |
|
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|
máximo/mínimo |
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Tabela 3 – “n” comparado com
“n2”
Compare os valores
calculados para n2 com os resultados médios obtidos das simulações.
Se são diferentes, justifique.