Uma
das mais importantes medidas para incentivar o desenvolvimento
científico do país sem dúvida foi a
implantação da bolsa de Produtividade em Pesquisa
pelo CNPq.
Embora os critérios para a renovação
da bolsa
sejam razoavelmente claros, o mesmo não se pode dizer para a
entrada e saída no sistema e para as
alterações
de nível. Com a introdução da grant
para os
bolsistas de nível I, e alguns editais exigindo
coordenadores 1A, esta
caracterização se
tornou ainda mais importante. Usando os mesmos dados
(coletados em janeiro/fevereiro de 2005) acessíveis aos
comitês, isto
é, o
Currículo Lattes, apresentamos aqui uma análise
preliminar destas questões, restrita aos bolsistas da
área de Física. Além disso,
caracterizamos também a distribuição
de bolsas
por gênero e região do país. Entre
as questões importantes que gostaríamos
de ver respondidas, estão:
- Qual
o perfil do pesquisador
do CNPq?
- Qual
o perfil de cada
nível?
- Qual
o perfil regional?
- Existe
alguma
diferença
entre pesquisadores e pesquisadoras?
Analisamos um total de 607 bolsistas, dos quais 547 do sexo masculino e
60 do feminino. As distribuições por
nível, gênero e
região são as seguintes:
Nível |
Masc |
Fem |
S |
SE |
CO |
NE |
NO |
Total |
1A |
58 |
2 |
6 |
51 |
0 |
3 |
0 |
60 |
1B |
50 |
5 |
5 |
43 |
1 |
6 |
0 |
55 |
1C |
129 |
13 |
16 |
100 |
4 |
22 |
0 |
142 |
1D |
101 |
15 |
16 |
84 |
2 |
13 |
1 |
116 |
2 |
209 |
25 |
34 |
147 |
14 |
39 |
0 |
234 |
Total |
547 |
60 |
77 |
425 |
21 |
83 |
1 |
607 |
- A
região Norte apresenta um único bolsista, enquanto que na
Centro-Oeste
não temos nenhum 1A.
- Na
região nordeste há mais bolsistas do que na
região Sul.
Produtividade
A
figura abaixo mostra a produção total e anual
(definimos o "ano
acadêmico" como o
tempo passado desde o término do doutorado),
dividida por
níveis.
- O
crescimento é linear, o que não é
surpreendente.
- A
produção
anual é constante
para os níveis 1A, B e C e apresenta desvios nos primeiros
níveis. Para o nível 2, temos a maior
produção anual, o que pode ser
explicado
pelas barreiras que existem atualmente tanto para a entrada no sistema
quanto para a subida ao nível
1. Já o nível 1D apresenta, em média,
um artigo/ano a menos que o nível 2.
Embora estas
médias sejam ilustrativas, o cenário
é muito mais rico se olharmos a
distribuição
completa para cada um destes níveis:
- A
largura das
distribuições aumenta nos últimos
níveis. Nos primeiros (2,
1D e, talvez, 1C) temos claramente um critério para definir
o perfil: o número de artigos. Para os níveis 1A
e B, este critério não é mais
suficiente, as distribuições
são muito largas e precisamos de outras
características para qualificar o perfil do
pesquisador.
- A produção
por ano acadêmico é
similar
entre os vários níveis:
Outro critério comumente utilizado é a
formacão de doutores. As mesmas propriedades dos
gráficos acima podem ser vistas nesses histogramas:
concentrados nos primeiros níveis e largos nos
últimos. Novamente, o número de doutores
formados, juntamente com a produção
científica, não consegue caracterizar os
pesquisadores dos últimos níveis.
Muito interessantes,
porém, são os
histogramas por idade, para todos os níveis, e claros: este
sim
é um bom parâmetro
para estabelecer o perfil dos pesquisadores.
Produtividade
Regional
A
divisão por região também pode ser
obtida:
Distribuição
por gênero
Podemos também separar os dados da figura acima por
gênero:
- No
gráfico da direita, podemos claramente notar que
há um acúmulo em dois níveis: 2 e 1B.
No caso das 1B, significa que existe uma barreira maior para a
mudança
de nível. Já no caso das 2, temos duas
possibilidades: ou há uma barreira maior para subir para 1D,
ou a barreira está na entrada do sistema. Ou ambas.
Em relação
ao número de doutorados orientados, temos um efeito similar:
novamente temos evidências de um acúmulo no
nível 1B.
Conclusões
Claramente esta nossa análise é superficial e
preliminar. Por exemplo, nem todos os artigos são iguais, o
que provavelmente é considerado pelos comitês e se
diferenciam pelo fator
de impacto da revista, número de autores, número
de citações,
etc. O pequeno
número
de amostras, principalmente nas análises por
genêro e por região também é
uma dificuldade extra. Mas nosso objetivo
é abrir a discussão e incentivar estudos mais
detalhados e cuidadosos sobre o assunto, mas para isso é
preciso que o CNPq disponibilize, de modo
automático e periódico,
estas estatísticas, não só para a
área de Física, como para todas as
áreas. É fundamental para a comunidade poder
identificar claramente suas metas, e para isso, a
transparência dos perfis e critérios é
necessária.
Última atualização: 14/06/2005