IntroduçãoO modelo atômico operacionalmente mais simples é aquele em que o núcleo, constituído por prótons (mp=1.6724 x 10-27 kg) e nêutrons (mn=1.6747 x 10-27 kg), é envolvido por camadas de elétrons (me=9.11 x 10-31 kg). O que vamos discutir aqui refere-se apenas ao núcleo e aos fenômenos pertinentes a ele. Dada a complexidade do assunto, vários conceitos serão introduzidos arbitrariamente, sem uma explicação mais detalhada. O número de prótons é sempre igual ao de elétrons, e define o número atômico, Z, do elemento em questão. Assim, o hidrogênio, cujo número atômico é Z=1, possui um próton no núcleo. O próximo elemento na tabela periódica é o hélio, com Z=2. Para satisfazer condições de equilíbrio, este núcleo possui 2 nêutrons. A propósito, a existência de nêutrons no núcleo sempre se justifica pela satisfação de uma ou outra condição de equilíbrio. Quando alguma dessas condições é violada, ocorrem fenômenos conhecidos como decaimento nuclear. Usualmente o número de nêutrons é representado por N, e a soma N+Z (prótons + nêutrons) conhecida como número de massa, é representada por A. Um fato muito comum é a existência de núcleos com mesmo número atômico, Z, e diferentes números de massa. Tais núcleos são conhecidos pela denominação isótopo. A descoberta dos isótopos permitiu a compreensão de um resultado muito curioso, isto é, a massa nuclear não corresponde à soma das massas dos nucleons (prótons e nêutrons). A verdade é que, aquilo que conhecemos como elemento químico é constituído de diversos isótopos. Por exemplo, 75% do cloro natural é constituído de 17 prótons e 18 nêutrons, e 25% contém 17 prótons e 20 nêutrons. Esta composição resulta numa massa igual 35.45. Uma notação freqüentemente adotada para designar determinado núcleo, é a seguinte: Nessa notação, o cloro 37 é designado como 17Cl37. Qualquer elemento químico apresenta mais de um isótopo, mas muitos desses são muito instáveis, dificultando sua observação, ou produção. Existem duas formas básicas de se identicar um isótopo: (a) pela sua massa (veja a discussão sobre o espectrômetro de massa em FIS142 - Cap.8); (b) pelas características das suas radiações. Dimensões NuclearesA experiência de Rutherford originou o modelo atômico mencionado no início deste capítulo. Como se sabe, partículas a foram lançadas contra uma folha de ouro (Z=79) muito fina. A partir do espalhamento desssas partículas, Rutherford estimou o raio nuclear, considerando que este é aproximadamente igual à distância mais próxima ao núcleo, atingida pela partícula a. Vejamos como se faz este cálculo. A partícula tem energia cinética Ec=7.7 Mev. Quando esta partícula é lançada frontalmente contra o núcleo, a interação Coulombiana faz com que sua energia cinética seja tranformada em energia potencial eletrostática. Quando toda a energia cinética é transformada em energia potencial, a partícula chega à distância mais próxima, e pára. Nesse momento, Utilizando os valores numéricos conhecidos (1/4pe0 =9x109 Nm/C2; e=1.6x10-19 C), obtém-se Portanto, o raio do núcleo de ouro deve ser menor do que 3x10-14 m, isto é, menos do que 1/10000 do raio atômico. É razoável esperar que o volume nuclear seja proporcional ao número de massa. Assim, considerando o núcleo como uma esfera de raio R, tem-se Para o ouro, A=197, tem-se R=7x10-15m. Com esta dimensão, resulta que a densidade da matéria nuclear é da ordem de 2x1017 kg/m3. As dimensões nucleares são mais convenientemente descritas através de uma nova unidade, denominada fermi ou fentômetro (fm), definida por 1 fm = 10-15 m. Energia de LigaçãoA tabela abaixo apresenta as massas de 5 núcleos leves e do nêutron
A abreviatura amu vem do inglês atomic mass units, unidades de massa atômica, que é definida como 1/12 da massa do isótopo 6C12, i.e., Se o dêuteron contém 1 próton e 1 nêutron, por que sua massa é menor do que a soma mp+mn? Dito de outra forma, quando dois ou mais núcleons se combinam para formar um núcleo, a massa total do núcleo é menor do que a soma das massas dos núcleons. Então, para onde vai a massa restante? Esta massa transforma-se em energia, sendo responsável pela ligação nuclear. Essa energia de ligação, que também é necessária para separar o núcleo em prótons e nêutrons, relaciona-se com a variação de massa através da famosa equação proposta por Einstein: Use a expressão acima para mostrar que a energia de ligação do dêuteron é 2.22 Mev. Transformações NuclearesExistem vários tipos de transformações nucleares, mas as que nos interessam aqui são aquelas que ocorrem espontaneamente e constituem o principal fenômeno relacionado com a radioatividade natural. Este fenômeno, também denominado decaimento radioativo ocorre em núcleos pesados, cujas principais características são: A instabilidade nuclear aumenta na mesma proporção do crescimento do número de núcleons, e pode originar decaimento radioativo e fissão nuclear. O decaimento é seguido pela emissão de três tipos de radiação: Os núcleos que apresentam este fenômeno foram denominados, por Marie Curie, radioativos. Curiosamente, não se tem notícia de decaimento com a emissão de prótons ou nêutrons. O decaimento radioativo obedece a uma lei expoencial, do tipo O inverso da vida média, g=1/t, é conhecida como constante de decaimento. Assim, outra forma de expressar a lei do decaimento radioativo é A atividade de uma substância radioativa é medida em termos do número de desintegrações (ou decaimentos) por segundo, cuja unidade é o curie. No sistema Si, 1 desintegração/s é definida como 1 Bq (Becquerel). Portanto, No início das descobertas dos fenômenos relacionados com a radioatividade (veja o texto sobre a descoberta da radioatividade), por volta de 1896, as principais dificuldades foram perceber que o fenômeno era espontâneo, e compreender a natureza das radiações resultantes. Foi Rutherford quem identificou os três tipos de radiação mencionados acima. Ele fez a radiação passar por uma região onde havia um campo magnético e descobriu que uma parte era desviada para um lado, outra parte era desviada para o lado oposto, e uma terceira parte não sofria qualquer desvio. Este resultado permitiu que ele concluísse que uma parte do feixe era constituída por partículas positivas, outra parte era constituída por partículas negativas, e a parte que não sofria desvio pela ação do campo magnético era algo do tipo raios-X, ou radiação eletromagnética (mostre como Rutherford concluiu que as partículas positivas eram 2He4 e as negativas eram elétrons. | Veja também |
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