Capítulo 6 - CORRENTE & RESISTÊNCIA
MODELO MICROSCÓPICO
Até agora, abordamos situações em que cargas elétricas são
consideradas estáticas, ou quase estáticas. Mesmo as situações em que levamos em
conta movimento de cargas, como no caso dos capacitores, isso foi feito para
facilitar o raciocínio, pois a situação analisada era a do equilíbrio
eletrostático. Neste capítulo vamos iniciar o estudo de situações em que cargas
elétricas estão em movimento. O estudo geral da eletrodinâmica é bastante
complexo, havendo necessidade do uso da teoria da relatividade restrita.
Cargas elétricas podem movimentar-se sob a ação de campos elétricos e
magnéticos, e em diversos ambientes. Vamos cuidar de distinguir bem cada um
desses casos. Inicialmente vamos tratar de elétrons movendo-se em resistores, em
regime estacionário, sob a ação de um campo elétrico provido por uma bateria.
Microscopicamente, a corrente elétrica consiste num fluido de elétrons
movendo-se ao longo de uma estrutura cristalina. A rede cristalina forma
obstáculos, de modo que o movimento dos elétrons, quando visto
microscopicamente, parece caótico. Cada vez que um elétron aproxima-se de um
desses obstáculos da rede cristalina, seu movimento é desviado, algumas vezes
retroativamente. Esse movimento tipo zig-zag é ilustrado na Figura 6.1, onde são
indicados o sentido do campo elétrico, o movimento de um elétron e a velocidade
de deriva. Esta velocidade define o movimento efetivo do elétron. A relação
entre o movimento efetivo e o movimento em zig-zag, é semelhante ao de uma
pessoa que dá dois passos para a frente e um para trás; no final das contas ela
vai andar para a frente.
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Figura 6.1
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Entre os vários fatores que afetam o movimento eletrônico num condutor, a
temperatura é um dos mais importantes. Teremos oportunidade de discutir isso
mais adiante, mas é conveniente adiantar uma abordagem qualitativa a esse
problema. O primeiro efeito da temperatura é fazer vibrar a rede cristalina, de
modo que os obstáculos ilustrados na Figura 6.1 estão constantemente mudando de
lugar. Na Figura 6.1 eles estão fixos; isso representa uma situação irreal, onde
a temperatura é absolutamente nula. Neste caso, poderiam haver alguns canais de
trânsito livre para o elétron, como o indicado pela seta , na Figura 6.1. À medida
que a temperatura aumenta vibrações são introduzidas, de modo que desordens
localizadas impedem mais efetivamente o movimento eletrônico. Veja que o canal
que existia na Figura 6.1 deixa de existir na Figura 6.2, que ilustra uma
situação desordenada.
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Figura 6.2
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Este aplicativo simula a situação descrita acima. As esferas amarelas representam os átomos na rede cristalina, e os pontos vermelhos representam os elétrons livres. Aumente o valor da corrente, deslocando para a direita, o cursor da barra abaixo da modura. Para observar com mais precisão, use uma corrente baixa.
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