Os Planetas

      O dia 14 de outubro de 1957 é uma data que ficará gravada, na história da Humanidade, como um marco milenário ela recordará, nos séculos vindouIlos, o primeiro passo dado pelos homens para saírem da atmosfera terrestre e rumar para a descoberta e o conhecimento direto dos mundos que circundam o nosso planeta. Naquele dia, realmente, os russos conseguiram, por primeiros, lançar, um satélite artificial no espaço. A breve distância de tempo, a 31 de janeiro de 1958, os americanos obtiveram, também, resultados positivos, em uma empresa análoga. Naturalmente dois acontecimentos desse gênero despertaram clamor no mundo. Mas, por agora, demos apenas o primeiro passo, embora isso de certo modo seja o mais importante.
      Queremos, porém, aproveitar da geral euforia astronáutica para observarmos baseando-nos sobre dados científicos, está claro, e não na ficção - científica, que aspecto poderiam mostrar os planetas ao viajante que ali se aventurasse em primeiro lugar, deixando de lado a Lua, que exigiria um capítulo à parte, dada a vastidão do assunto.


      Entre os planetas do sistema solar, o maior é Júpiter (seu volume é 1295 vezes, o da Terra) e o menor, Mercúrio, com um diâmetro de 4800 km. Entre todos, o mais conhecido, fácil de avistar no céu, pela luz avermelhada que, emana, é Marte. Sobre este planeta todos sabem alguma coisa, mesmo as crianças, que falam de "marcianos" como se fosse possível encontrá-los numa esquina da rua, mas é bom retificar e reduzir a proporções mais exatas muitas noções fantásticas e imprecisas. Foi um astrônomo italiano, Schiaparelli, cerca do ano de 1870, quem descobriu, nesse planeta os famosos "canais", que forneceram tanta matéria aos escritores de ficção científica. Na realidade, que são esses "canais"? São sinais sutis, retos, intercalados com uma regularidade geométrica os quais, porém, é, sem dúvida, prematuro e arriscado considerar como obra de indivíduos inteligentes e civilizados. Com muita probabilidade, em Marte. existe unia possibilidade de vida, mas de unia vida muito baixa na escala biológica, talvez vegetal, do tipo dos musgos e dos liquens; o planeta de fato, mostra uma variação de cor em sua superfície segundo a estação. A atmosfera, porém, é uni tanto rarefeita, inadequada para o Homem escassa de água, que, todavia, existe em modesta quantidade, recolhendo-se aos pólos em duas sutis camadas de gelo. Todo o resto do planeta (leve apresentar, em grande parte, o desolado aspecto dos nossos desertos, levemente ondulados. Marte gravita em torno do Sol em um tempo quase igual ao nosso; tem dias e noites que se alternam com a mesma duração dos nossos, mas, não havendo ali senão uma escassíssima umidade e uma atmosfera extremamente rarefeita, as oscilações de temperatura devem ser, ali, excessivas: para o equador, ao meio-dia, calcula-se que possa atingir até 80 - 85% para precipitar até quase 100o abaixo de zero, a noite. Tudo somado, não é provável que os "marcianos" gozem de uma vida muito cômoda, e é bastante difícil que um planeta tão inóspito tenha podido desenvolver tinia civilização com discos voadores e intenções agressivas! Marte possui dois satélites, que lhe gravitam em redor: Fobos e Deimos, corpos celestes de dimensões modestíssimas. O diâmetro de Marte é de 6.800 km.
      Depois de Marte, outro planeta que atrai a nossa atenção é Vênus, o cintilante "astro encantador" dos poetas. Embora esteja mais próximo de nós, do que Marte, nossos conhecimentos sobre ele são muito limitados, porque o telescópio não mostra nada além de uni cândido e impenetrável globo, formado pela parte superior de sua atmosfera, que nos tolda toda possibilidade de visão sobre a verdadeira superfície do planeta Segundo algumas teorias, tais nuvens cândidas seriam constituídas de vapor de água, e isso nos autoriza a pensar que, em Vênus, possa existir vida, pelo menos vegetal, bastante semelhante à nossa. E até muitos cientistas, trabalhando com alguma fantasia, imaginaram, em Vênus, um intrincado e selvagem mundo de florestas, semelhante ao que reinava na Terra nas primeiras eras do seu desenvolvimento. Estudos recentes, porém, executados sobre Vênus, mediante o espectroscópio (que analisa a luz e chega a reconhecer os elementos presentes até a distâncias astronômicas) não têm revelado nem oxigênio nem água, pelo menos naquela zona luminosa que cai sol) observação.
      O planeta mais próximo do Sol é Mercúrio. Nenhum invólucro de atmosfera o protege dos ardentes raios do Sol, para o qual oferece sempre o mesmo lado: desta parte, a temperatura alcança níveis tais, que pode fundir chumbo. Naturalmente, o lado oposto está envolto na noite e no gelo perene.
      Antes de falar em Júpiter, o maior dos planetas, não devemos esquecer uni brevíssimo aceno aos asteróides, pequenos corpos celestes, sem atmosfera, que rodam aos milhares, em torno do Sol e cuja origem é muito obscura e controvertida. Júpiter está envolto numa atmosfera gélida e pesada, rodeado por nada mãos que doze satélites, mas os quatro mais importantes são Io Europa, Ganiniedes e Calisto, maior do que a nossa Lua. Saturno, o segundo planeta em ordem de grandeza, observado com uni poderoso telescópio, em certos períodos do ano, apresenta um espetáculo inconfundível. Em torno dele, gravitam sutis bandos luminosos: os anéis de Saturno. Provavelmente, trata-se de enormes blocos de pequeníssimos fragmentos de uni primitivo satélite.
      Pouquíssimo sabemos dos restantes planetas, sempre mais distantes do Sol. Urano e Netuno são frigidíssimos, completamente despidos de atmosfera.
      Às margens do sistema solar, onde já não mais chega luz, e por isso praticamente invisível a olho nu, os astrônomos, em 1930, descobriram Plutão, o último dos planetas, imerso numa gélida noite sem fim.