ALBERT EINSTEIN

FÍSICO GERMANO-AMERICANO (1879-1955)

Albert Einstein apresentava tantas dificuldades em seus primeiros anos de estudo, que seus professores chegaram a pensar que ele sofresse de retardo mental. Durante o período em que cursava a escola secundária, praticamente só demonstrava interesse pela Matemática. Seu baixo rendimento nas demais disciplinas o obrigou a sair da escola. Seus pais o levaram à Suiça, para estudar. Ali, ao concluir seu curso (ao que consta, auxiliado pelas notas de um amigo), tentou se tornar professor. Tudo o que conseguiu, porém, foi torna-se funcionário do Escritório de Patentes da cidade de Berna, em 1901. Nesse ano ele também se naturalizaria suíço.

Quatro anos mais tarde, entretanto, Einstain publicou nada menos que cinco trabalhos científicos no Anuário Alemão de Física. Um deles oferecia uma explicação do efeito fotoelétrico. Nesse fenômeno, a luz, ao incidir sobre certos metais, provoca emissão de elétrons. Quanto maior é a intensidade da luz, maior é a quantidade de elétrons liberados. A energia dessas partículas, porém, não aumenta, e esse fato permanecia sem explicação pelas teorias então disponíveis. Einstein conseguiu elucidar esse problema aplicando a teoria quântica de Planck. Isso abriria o caminho que mais tarde levaria ao desenvolvimento da Física quântica.

Em outros dos cinco trabalhos de 1905, Einstein oferecia uma explicação matemática do movimento browniano. Essa análise também serviria, mais tarde, para permitir os primeiros cálculos confiáveis dos tamanhos dos átomos.

Num terceiro trabalho, abordou a velocidade da luz, que se revelara, em experimentos, surpreendentemente constante, independendo do movimento da fonte luminosa. Einstein admitiu que, de fato, essa velocidade independia tanto da fonte quanto do observador. Admitiu também que a luz tinha características quânticas. Esta concepção encerrava a velha disputa sobre a natureza da luz. Ela também suprimiu a necessidade do conceito éter ao advogar que no universo não existem nem movimento absoluto nem repouso absoluto, mas que movimento e repouso são sempre relativos. Essa idéia o levaria a formulação da teoria da Relatividade Restrita.

Essas novas concepções mudaram radicalmente a visão de universo que se tinha desde Newton. Um dos aspectos mais notáveis dessa mudança é que afetava as próprias idéias de espaço e de tempo, que deixavam de ser considerados entidades absolutas. Na teoria da Relatividade Restrita, determinou a relação existente entre massa e energia, expressando-a na igualdade E = m . c2 (onde E é a energia, m a massa e c a velocidade da luz ). Massa e energia passam a ser vistas como aspectos diferentes de uma mesma coisa, e essa teoria revela-se, portanto, mais geral que as leis de conservação da massa (de Lavoisier) e de conservação de energia (de Helmholtz). Foi com essa teoria que se pôde explicar de onde provinha a energia liberada pelos elementos radiativos. Ela se faz à custa de uma diminuta perda de massa do núcleo atômico.

Apesar desses trabalhos extraordinários, Einstein, já era então doutorado, só obteria um cargo de professor universitário quatro anos depois. Em 1913, voltou a Alemanha para trabalhar na sociedade científica Kaiser Guilherme, em Berlim. Trabalhou então na ampliação da teoria da Relatividade para casos mais gerais, conseguindo por fim nela englobar a própria teoria da gravitação de Newton. A nova teoria da Relatividade Geral, de 1916, permitia, mais do que qualquer teoria até então formulada, explicar o maior número possível de fenômenos do universo, possibilitando inclusive prever fenômenos ainda não observados. Um destes é o desvio que a luz sofreria por ação da gravidade. Um eclipse solar ocorrido alguns anos depois, em 1919, serviria para confirmar o desvio teoricamente previsto da luz de algumas estrelas. (as medições foram feitas em Sobral, Ceará.) Tais evidências levaram Einstein a ser indicado como concorrente ao Prêmio Nobel de Física, mas as objeções surgidas no meio científico ainda eram tão grandes que ele receberia o prêmio de 1921 apenas pelo trabalho sobre o efeito fotoelétrico.

Em 1930, Einstein visitou os Estados Unidos para proferir palestras, mas preferiu ali permanecer, já que o nazismo iniciava sua ascensão na Alemanha. Em 1940, naturalizou-se norte-americano.

Durante a II Guerra Mundial, diante da possibilidade de que a Alemanha construísse uma bomba atômica, foi convencido a escrever uma carta ao presidente Franklin Roosevelt explicando ser necessário criar um programa de pesquisas para adiantar-se àquela ameaça. Seis anos depois disso, em 1945, a primeira bomba atômica era detonada em teste num deserto dos Estados Unidos. Com a derrota da Alemanha na guerra, a nova arma não chegou a ser utilizada na Europa, mas foi no Japão, que ainda permanecia no conflito.

Mais tarde, Einstein passou a trabalhar para o estabelecimento de acordos internacionais que afastassem a possibilidade de guerras atômicas, mas seus esforços tiveram pouco resultado. O acúmulo de artefatos bélicos nucleares continuou a crescer, e só na década de 1980 se iniciaria o desmonte de parte desse arsenal.

 

BIBLIOGRAFIA

CHIQUETTO, Marcos; VALENTIM, Bárbara; PAGLIARI, Estéfano; Aprendendo Física; Editora Scipione; São Paulo; 1996

 

ANDERS CELSIUS

ASTRÔNOMO SUECO (1701-1736)

 

Na família de Anders Celsius, a ciência não era assunto estranho. Seu pai e seu avô eram matemáticos e um tio, botânico.

O principal interesse de Celsius era a Astronomia. Tornou-se professor dessa ciência em 1730 e, dez anos depois, foi encarregado de dirigir um observatório recém construído. Foi o primeiro a estabelecer uma escala em que utilizava como pontos de referência a solidificação e a ebulição da água. De inicio atribuiu valor zero para a ebulição e 100 para o congelamento. Um ano mais tarde, inverteria esses valores.

Por sua simplicidade, tal escala viria a se tornar praticamente universal. Durante muito tempo, foi chamada de escala centrígada, mas em 1948, por convenção internacional, decidiu-se mudar seu nome para escala Celsius.

 

BIBLIOGRAFIA

CHIQUETTO, Marcos; VALENTIM, Bárbara; PAGLIARI, Estéfano; Aprendendo Física; Editora Scipione; São Paulo; 1996

CHARLES

FÍSICO FRANCÊS (1746-1823)

A descoberta mais famosa de Jacques Alexandre César Charles é do tipo que revela serem os fenômenos do universo regidos por menor número de leis do que inicialmente se supõe. Ele descobriu que todas as substancias em estado gasoso obedecem a um mesmo princípio: Cada  vez que sua temperatura é  aumentada  em 1º C,  todas  elas  sofrem   um aumento  de  volume  equivalente  a  1/273  de   seu  volume  a  0ºC.  Isso  levou  Charles a concluir que, à temperatura de -273ºC, o  volume  de  qualquer  gás   se  anularia. (De fato essa é  a  temperatura  mais   baixa  que  um  corpo  pode  atingir.  Mais   tarde,  ela   seria denominada zero absoluto pelo inglês Kelvin). Como tantas vezes já ocorreu( e ocorrerá) ao longo da história, o  achado  de Charles era   uma  descoberta    de   algo   já    esquecido. O  francês  Guilaume  Amontos já havia percebido essa propriedade no final do  século  XVII.  Charles,  por  sua vez, não publicou seus resultados e,  em  1802 , Gay-Lussac , trabalhando   independentemente,  divulgaria  a mesma conclusão. Assim, a lei física que afirma que o volume de um gás é diretamente proporcional   à    temperatura   absoluta,   quando,  a  pressão    é   mantida   constante,  é conhecida tanto por lei de Gay-Lussac quanto por lei de Charles.     Antes desse trabalho, Charles foi o primeiro a ter idéia de usar hidrogênio para encher balões aerostáticos (Até então, utilizara-se apenas ar quente.) Em 1873, pôs essa idéia em pratica e efetuou vôos, chegando a atingir mais de 1600 metros de altura.

 

BIBLIOGRAFIA

CHIQUETTO, Marcos; VALENTIM, Bárbara; PAGLIARI, Estéfano; Aprendendo Física; Editora Scipione; São Paulo; 1996

 

 

DANIEL FAHRENHEIT

FÍSICO POLONÊS (1686-1736)

Nascido na cidade de Danzig (que era alemã, mas atualmente fica na Polônia e se chama Gdansk), Gabriel Daniel Fahrenheit ainda jovem, mudou-se para a Holanda, onde se tornou fabricante de instrumentos meteorológicos.

Fahrenheit criou, em 1714, o primeiro termômetro de mercúrio. Até então, utilizava-se o álcool que, por ter ponto de ebulição bastante alto, não permitia medir temperaturas muito altas. Utilizando-se uma mistura de álcool e água, superava-se em parte esse problema, mas a dilatação desse material não era muito uniforme, impedindo que a escala pudesse conter subdivisões muito pequenas. O mercúrio evitava todos esses problemas.

Mais de uma década antes, Newton havia surgerido que se utilizassem duas temperaturas de referência para a construção de uma escala termométrica: a do corpo humano e a da solidificação da água. Propôs ainda que o intervalo da escala situado entre esses dois pontos fosse subdividido em doze unidades.

A parti dessa idéia, Fahrenheit acrescentou sal à água, para obter um ponto de solidificação mais baixo, ao qual atribuiu o valor zero. A seguir, deu à temperatura do organismo o valor 96. Depois, preferio adaptar esses dois pontos ligeiramente, de modo a obter o valor exato 32 para a solidificação da água pura. ( A escala resultante, que tem o nome de seu inventor, pareceu bastante conveniente a seus contemporâneos, a ponto de ser hoje utilizada, no dia-a-dia, em países de língua inglesa.)

As pesquisas de Fahrenheit com termômetros lhe permitiram confirmar que cada líquido apresentava um ponto de ebulição fixo. Também constatou que o ponto de ebulição variava com a pressão.

Em 1724, Fahrenheit foi eleito, pelo sucesso de seus trabalhos, membro da Royal Society.

 

BIBLIOGRAFIA

CHIQUETTO, Marcos; VALENTIM, Bárbara; PAGLIARI, Estéfano; Aprendendo Física; Editora Scipione; São Paulo; 1996

 

EVANGELISTA TORRICELLI

FÍSICO ITALIANO (1608-1647)

 

Tendo estudado Matemática em Roma, Evangelista Torricelli se interessou pela Mecânica lendo as obras de Galileu. Escreveu então um livro sobre esse assunto. Um exemplar chegaria às mãos do próprio Galileu, que trabalhava, na época, como matemático da corte de Florença. Ele ficou tão impressiondo com o Conteúdo do novo livro que convidou Torricelli a visitá-lo. Ele se tornaria não apenas secretário de Galileu, como também o sucederia, no cargo de matemático.

Em seus últimos meses de vida, Galileu expôs a Torricelli um problema de Física que permanecia sem explicação, incentivandoo a elucidá-lo.

Já se sabia, na época, utilizar uma bomba hidráulica para elevar água de um poço. Essa bomba era composta basicamente de um cilindro no interior do qual se movia um pistão. À medida que o pistão se deslocava, o espaço por ele deixado era preenchido pela água, sugada do poço por meio de um tubo. A explicação dada para esse fenômeno era que a água preenchia o espaço vazio deixado pelo pistão porque "a natureza tem horror ao vácuo". Embora convincente, isso não explicava o fato de que a água só podia ser elevada até 10,3 metros acima de seu nível original; por mais que se fizesse esforço, não se conseguia obter uma coluna de água com altura maior.

Torricelli refletiu sobre o problema e chegou a uma explicação inédita: para ele, a água, por si só, não era capaz de se elevar e preencher o espaço deixado pelo pistão no interior da bomba; ela o fazia simplesmente porque era empurrada pelo peso do ar. Quando a coluna de líquido atingia 10,3 metros de altura, seu peso passava a contrabalançar o do ar e o movimento se detinha.

Foi para testar essa explicação teórica que Torricelli realizou, em 1643, sua mais famosa experiência: preencheu com mercúrio um tubo de vidro, fechou-o com o polegar, inverteu-o e mergulhou sua extremidade num recipiente com mais mercúrio. Ao retirar o polegar, o nível interno do tubo começou a baixar, sem que o ar estivesse alí penetrando, até se deter a uma determinada altura. Portanto, acima desse nível do mercúrio só poderia haver vácuo. O líquido só não descia ainda mais porque o peso do ar externo o detinha.

Observando essa aparelhagem, Torricelli também constatou pequenas flutuações na altura do mercúrio com o passar do tempo. Ocorreu-Ihe que isso se devia a variações no peso do ar (ou, mais exatamente, pressão por ele exercida). Assim, esse aparelho funcionava também como um barômetro.

Se a atmosfera tinha peso, devia ter uma altura e não ser infìnita, como se acreditava até então. A confirmação experimental dessa conclusão seria realizada por Pascal, alguns anos depois.

 

BIBLIOGRAFIA

CHIQUETTO, Marcos; VALENTIM, Bárbara; PAGLIARI, Estéfano; Aprendendo Física; Editora Scipione; São Paulo; 1996

 

FOUCAULT

FÍSICO FRANCÊS (1819-1868)

O médico Jean Bernard Léon Foucault cedo abandonou sua profissão, devido à sua profunda aversão pelo sangue. Ao se tornar amigo de Armand Fizeau, que se dedicava à Física, passou a se interessar por essa área do conhecimento, dedicando-se a ela pelo resto da vida.

Fizeau havia conseguido medir a velocïdade da luz, obtendo um valor apenas 5% maior que o atualmente conhecido. Seu processo consistia em fazer a luz passar entre as fendas de um disco dentado que girava velozmente. Um espelho situado a 8 km de distância refletia esses pulsos de luz de volta ao disco. Adequando a velocidade desse disco, conseguia-se fazer a luz refletida penetrar pela fenda seguinte áquela por onde saíra. Considerando o tempo de deslocamento de duas fendas e a distância total percorrida pela luz, pôde-se determinar a velocidade desta.

Foucault aperfeiçoaria o processo de medição, obtendo um resultado ainda mais exato. Em outras experiências, demonstrou que a luz é menos veloz na água do que no ar. Tal resultado dava apoio à teoria ondulatória da luz, que predizia esse comportamento. (A contenda sobre a natureza da luz, porém, não se encerraria ainda no século XIX...)

Um dos experimentos mais famosos de Foucault, no entanto, é admirável até hoje por sua simplicidade: ele demonstrou experimentalmente que a Terra gira! Evidentemente, isso já não era posto em dúvida desde Galileu, mas tal movimento havia sido apenas deduzido, não demonstrado. Sabia-se, na época, que um pêndulo tende sempre a se deslocar ao longo de um mesmo plano, ainda que giremos ou desloquemos seu ponto de apoio. Foucault imaginou então construir um enorme pêndulo pendurando uma bola de ferro de grande massa num fio bastante longo (para que o movimento periódico prosseguisse por muitas horas). Na parte inferior da bola haveria uma ponta que desenharia um pequeno traço sobre uma camada de areia colocada no piso. A medida que a Terra fosse girando embaixo do pêndulo, a orientação desses sulcos iria se alterando (pois o plano que os contém permanece fixo). Os cálculos teóricos prediziam qual seria exatamente o desenho resultante.

Nas duas primeiras tentativas, os resultados não foram muito conclusivos, devido à pouca altura dos pêndulos e a interferências. Ao fim da terceira, porém, realizada no interior de uma igreja alta de Paris, o resultado não deixava margem a díscussões: a Terra girava, de fato, ao redor de si mesma. Os sulcos resultantes eram exatamente os previstos pelos cálculos. Isso finalmente confirmava a opinião de Heráclides, de 2000 anos antes, na Grécia, e que só seria retomada por Copérnico no início do século XVI.

BIBLIOGRAFIA

CHIQUETTO, Marcos; VALENTIM, Bárbara; PAGLIARI, Estéfano; Aprendendo Física; Editora Scipione; São Paulo; 1996

 

GALILEU GALILEI

ASTRÔNOMO E FÍSICO ITALIANO (1564-1662)

Galileu Galilei acompanhou, por acaso, quando ainda cursava Medicina na Universidade de Pisa (curso que cursava atendendo um pedido do pai), uma palestra sobre Geometria. Ficou tão interessado que começou a ler os livros de Arquimedes sobre esse assunto e até convenceu o pai a deixá-lo a trocar de carreira. Mas tarde, nas experiências científicas que realizaria, ficaria visível seu empenho em traduzir os fenômenos físicos em termos quantitativos (ou seja, em medidas) e em descobrir as relações matemáticas que os descrevessem de maneira mais simples.

Ainda estudante, com 17 anos, ele constatou, ao observar um lustre oscilando na catedral, que os períodos de oscilação eram constantes, não dependendo da amplitude do movimento. Para confirmar sua descoberta, construiu dois pêndulos iguais e os pôs em movimento, com amplitudes diferentes. Ambos se moveram com o mesmo período, demonstrando que sua observação era correta e válida para qualquer pêndulo. ( É interessante saber que, desprovido de relógios adequados para efetuar as medições, Galileu recorreu a suas próprias pulsações cardíacas. Só após sua morte é que o holandês Christiaan Huygens criaria um relógio suficientemente preciso, baseado, aliás, nas propriedades do pêndulo detectadas por Galileu ).

Na época, aceitava-se a idéia de Aristóteles de que a velocidade de queda de um corpo era proporcional ao seu peso: corpos mais pesados cairiam rapidamente que os mais leves. Galileu demonstrou que os objetos leves eram apenas retardados pela resistência do ar; na queda de diferentes objetos pesados e compactados, não havia diferença de velocidade. Isso fez o supor que, no vácuo, todos os corpos, não importando seu peso ou força, cairiam com velocidades iguais. ( Isto só pode ser demonstrado experimentalmente bem mais tarde, pelo inglês Robert Boyle, quando já se conseguia produzir um vácuo mais perfeito ). Diz - se que Galileu subia na torre inclinada de Pisa para demostrar esse fenômeno, fazendo cair duas bolas de canhão, mas ele não deixou qualquer descrição dessa experiência. O que existe, isto sim, é o registro dos experimentos com o plano inclinado ( ele fazia rolar objetos por um plano inclinado), que lhe permitiram demostrar, com medições mais precisas, a igualdade dos tempos de queda. Esse artifício também lhe permitiu concluir que a velocidade de queda aumenta constantemente (ou seja, que a queda é um movimento uniformemente variado).

Das idéias deixadas por Galileu, provavelmente a mais famosa foi seu conceito de inércia. Segundo ele, a inércia seria a tendência dos corpos a se manterem em repouso ou em movimento retilíneo e uniforme, razão pelo qual um objeto situado na superfície terrestre não é deixado para trás enquanto o planeta se move e pela qual a trajetória de um corpo (por exemplo, uma seta disparada de um arco) não parece ser afetada pelo movimento terrestre.

As diversas descobertas de Galileu formaram uma base para a ciência da Mecânica, frutificaram plenamente nos trabalhos de Newton, no século seguinte. Essa progressão de idéias ajudou a estabelecer em ciência um tipo de visão chamado "mecanicista": Todos os fenômenos poderiam ser analisados em termos mais simples, como se fossem compostos de alavancas, roldanas, engrenagens e forças mensuráveis a impulsioná-los. (Tal visão permaneceria imbatível até o início do século XX.)

Galileu é, porém, até hoje amplamente lembrado pela maneira como escapou de ser condenado à fogueira. Suas descobertas vinham levando-o a discordar cada mais das idéias de Aristóteles, então amplamente aceitas, de que o mundo celeste era perfeito e imutável. Além disso seu frequente posicionamento contrário as idéias convencionais, bem como o hábito de ironizar seus opositores, fez com que contraísse grande número de inimizades, até que foi obrigado a se mudar para Pádua. (Esta cidade pertencia então a outra nação: A República de Veneza. Pisa ficava no reino de Toscana. A Itália, tal qual conhecemos hoje, só seria formada no século XIX.

Foi em Pádua que Galileu construiu seus telescópios, com base em informações sobre instrumentos semelhantes inventados na Holanda, mas que eram utilizados como microscópios. Ao utiliza-los para observar o céu, Galileu faria constatações irreversíveis sobre a própria ordem do universo: a Lua mostrava ter a superfície rugosa, com montanhas e crateras, o que contrariava a perfeição que se atribuía aos corpos celestes; o Sol apresentava manchas e girava, conforme o deslocamento dessas manchas permitia ver; a Via Lactéa, até então vista apenas como uma região mais luminosa no céu, revelava conter milhares de estrelas; Vênus tinha fases variáveis, como a Lua; quanto a Júpiter, apresentava quatros outros corpos que giravam ao seu redor (e não em torno da Terra!). Era a prova de que o Universo não estava organizado conforme a versão da Igreja. Ao que se via, ele podia até mesmo ser infinito.

Essas descobertas foram divulgadas numa publicação periódica chamada Sidereus nuntius [O mensageiro das estrelas], alcançando estudiosos em diversas partes da Europa. Galileu também prosseguiu com a fabricação de telescópios, remetendo-os a diversos países (um deles seria adquirido por Kepler, que vivia então em Praga.)

 

BIBLIOGRAFIA

CHIQUETTO, Marcos; VALENTIM, Bárbara; PAGLIARI, Estéfano; Aprendendo Física; Editora Scipione; São Paulo; 1996

 

GUERICKE

FÍSICO ALEMÃO (1602 - 1686)

Otto von Guericke estudou Matemática e Direito na Universidade de Leiden antes de trabalhar como engenheiro na Alemanha. Aos 25 anos, retornou a Magdeburgo, sua cidade natal, que quatro anos mais tarde seria destruída na Guerra dos Trinta Anos. Conseguiu fugir com a família, mas perderam todos os seus bens.

Fez parte então do exército sueco durante algum tempo, até poder voltar a Magdeburgo, que ajudou a reconstruir, trabalhando como engenheiro. Em 1 646, tornou-se prefeito da cidade, ocupando esse cargo por 35 anos.

Guericke foi um defensor da idéia de que o vácuo existia. ,A idéia mais aceita na época era ainda a de Aristóteles, segundo a qual a natureza teria "horror ao vácuo", preenchendo imediatamente, a todo custo, qualquer espaço que fosse deixado sem matéria. Guericke acreditava que as evidências valiam mais que a argumentação teórica e conseguiu criar um experimento para provar sua crença. Em 1 650, construiu, com grandes despesas, uma bomba de ar. Esse aparelho, impulsionado por força muscular, consistia basicamente num cilindro dentro do qual corria um êmbolo. Ao ser puxado, o êmbolo rarefazia o ar no interior do cilindro. Não era um vácuo perfeito, mas era o suficiente para que Guericke demonstrasse que nele uma vela não queimava, pequenos animais não sobreviviam e o som de um sino, quando ali produzido, nao podia ser ouvido no exterior.

Em outra experiência, mostrou que, devido à pressão do ar externo, o êmbolo era empurrado de volta para o interior do cilindro e nem mesmo o esforço de 50 homens era o suficiente para vencer essa tendência.

Sua experiência mais famosa, porém, foi feita em 1654. Guericke construiu dois hemisférios metálicos que se encaixavam perfeitamente. Ao remover o ar do interior da esfera assim formada, os hemisférios se mantinham unidos, não sendo possível separá-los nem com o esforço de diversos cavalos. (Foi graças aos estudos de Torricelli, com os quais teve contato, que Guericke conseguiu relacionar todos esses fenômenos com a pressão exercida pela atmosfera.)

Criou também uma máquina eletrostática, constituída por uma esfera revestida de enxofre que podia ser girada por uma manivela. Esse movimento fazia a esfera acumular eletricidade estática, que podia ser descarregada na forma de faíscas. O que o levou a criar esse aparelho foram as pesquisas de Gilbert, feitas em 1 672, sobre a eletrização por atrito. Numa carta ao matemático alemão Leibniz, Guericke descreveu os resultados que obteve.

BIBLIOGRAFIA

CHIQUETTO, Marcos; VALENTIM, Bárbara; PAGLIARI, Estéfano; Aprendendo Física; Editora Scipione; São Paulo; 1996

 

ISAAC NEWTON

CIENTISTA E MATEMÁTICO INGLÊS (1642-1727)

Antes da adolescência, ISAAC NEWTON não conseguia destaque nos estudos, porém adorava ficar inventando e construindo pequenos objetos, desde pipas até relógios solares e de água.

Na Universidade de Cambridge existia um funcionário que era tio de Newton que percebendo suas tendências conseguiu levá-lo para estudar nessa Universidade. Newton não foi considerado excepcionalmente brilhante, durante os anos em que lá permaneceu, mas mesmo assim desenvolveu um recurso matemático que ainda leva seu nome: O binômio de Newton.

Uma epidemia de peste assolava Londres, na época em que Newton se formou, o que fez retirar-se para a fazenda da mãe. Foi ali que observou aquilo que o tornaria famoso: via uma maçã cair de uma árvore. Esse fenômeno corriqueiro o levou a pensar que haveria uma força puxando a fruta para a Terra e que essa mesma força poderia também estar puxando a Lua, impedido-a de escapar de sua órbita espaço afora.

Essa teria sido a primeira vez em que se cogitava que uma mesma lei física (a atração dos corpos) pudesse se aplicar tanto a objeto terrestres quanto a corpos celestes. Até então, seguindo o raciocínio de Aristóteles, achava-se que esses dois mundos - Terra e céu - tivessem naturezas completamente diferentes, sendo cada qual regido por um conjunto específico de leis.

As experiências de Newton com a luz também possibilitaram descobertas surpreendentes. A mais famosa delas foi a de que a luz, ao sofrer refração num prisma de vidro, revelava ser composta de luzes diferentes de cores, e que essas cores podiam ser reagrupadas com o auxílio de outro prisma, reconstituindo a luz branca original. O fenômeno da refração luminosa, de fato, limitava a eficiência telescópio da época -, pois as lentes também causam alguma decomposição luminosa (isto levou Newton a criar o primeiro telescópio refletor, o que eliminava esse problema). E um telescópio refletor, a luz é concentrada por reflexão num espelho parabólico, e não por refração numa lente.

Já conhecido pelas suas experiências ópticas, Newton retornou Cambridge , Onde se tornaria professor catedrático de Matemática ( um posto de alto nível ) , com apenas 27 anos. Mais tarde, foi eleito membro da Royal Sociaty. Nesta sociedade de estudos científicos, passou a enfrentar a freqüente inimizade de Robert Hooke . Esse relacionamento belicoso era agravado pela extrema suscetibilidade de Newton às críticas. A maior contenda entre os dois (dentre as muitas ocorridas ao longo dos anos ) dizia respeito à natureza da luz : Newton acreditava ser ela composto por partículas ; Já para hooke, a luz era feita de ondas tal como o som. Essa disputa prosseguiria até muito depois da morte de ambos - na verdade, ela chegaria até o início do Século xx.

Em 1687, Newton publicou sua mais importante obra, Philosophiae naturalis principia mathematica [ Princípios matemático da filosofia natural - ' filosofia natural ' era a designação da ciência na época ]. Nessa obra, ele inclui todos os seus conhecimentos científicos. Ali custam, suas famosas três leis do movimento, que lhe permitiram formular matematicamente o valor da força de atração entre dois corpos quaisquer, em qualquer parte do planeta.

Se Copérnico costuma ser visto como o iniciador de um período de progresso intelectual chamado de Revolução Científica, Newton pode ser considerado o ápice dessa ascensão. Suas conclusões explicavam maior números de fenômenos com o menor número possível de elementos.

Certa vez, o astrônomo Edmund Halley (o descobridor do cometa que leva seu nome) perguntou a Newton como conseguia realizar tantas descobertas notáveis. Ele respondeu que as atribuía mais a um esforço contínuo do pensamento do que à inspiração ou à percepção súbita. Esse esforço mental, porém, devia deixá-lo tão consumido que, aos 50 anos de idade, precisou interromper sua produção por dois anos, devido a um esgotamento nervoso. Diz-se que uma vela teria caído sobre um calhamaço de cálculos desenvolvidos por vários anos. Isso não o impediu, porém, de retomar seu trabalho, nem de se tornar membro do Parlamento Inglês ou ser diretor da Casa da Moeda.

Em 1703, foi eleito presidente da Royal Society (quando Hooke já estava morto), cargo para o qual foi reeleito anualmente, enquanto viveu. Em 1704, publicou Optricks, livro que versa sobre suas descobertas no campo da Óptica.

Curiosamente, Newton ficou grisalho com apenas 30 anos, mas se manteve em atividade mental por toda a vida. Aos 80 anos, orgulhava-se de enxergar e ouvir bem e de ainda possuir todos os dentes!

Tentando avaliar sua carreira científica, ele disse certa vez: "Tenho a impressão de ter sido uma criança brincando à beira-mar, divertindo-me em descobrir uma pedrinha mais lisa ou uma concha mais bonita que as outras, enquanto que o imenso oceano da verdade continua misterioso diante de meus olhos".

 

BIBLIOGRAFIA

CHIQUETTO, Marcos; VALENTIM, Bárbara; PAGLIARI, Estéfano; Aprendendo Física; Editora Scipione; São Paulo; 1996

 

JAMES PRESCOTT JOULE

FÍSICO INGLÊS (1818-1889)

James Prescott Joule apreciava as pesquisas, já na adolescência, principalmente aquelas que envolviam números e medidas. Quando seu pai adoeceu, a necessidade de cuidar da fábrica de cerveja da família praticamente impediu que se dedicasse àquela atividade. Com pouco mais de 20 anos, porém, ele determinaria a relação matemática que permite calcular o calor produzido por uma corrente elétrica.

A produção de calor foi, de fato, um de seus temas favoritos, ele a estudou em grande variedade de sistemas. Mais especificamente, calculava as quantidades de trabalho que entravam e saíam do sistema, acabando por concluir que havia uma relação entre essas duas grandezas. Isso lhe permitiu determinar, em 1843, a quantidade de trabalho necessária para produzir uma caloria de calor. (essa relação, que é conhecida por equivalente mecânico de calor, já fora identificada anteriormente, embora com menor precisão, por Rumford e por Mayer, mas já havia caído no esquecimento.)

Em 1847, Joule publicou suas conclusões, mas elas foram recebidas com indiferenças pelo meio científico, em parte porque ele não era um professor nem estava ligado a qualquer grupo de pesquisadores. Apesar disso, ele tentou, sem sucesso, divulgá-las em periódicos científicos, sociedades de ciência, conferências públicas e até em jornais comuns.

Alguns meses depois, ao insistir, mais uma vez, num encontro científico, teve a surpresa de descobrir, entre os ouvintes, um rapaz bem mais jovem, que se mostrou entusiasmado por seu trabalho. Seu nome era William Thomson. Mais tarde, ficaria conhecido como Lord Kelvin. Dois anos depois, quando outros pesquisadores já lhe davam razão, Joule conseguiria apresentar seus trabalhos na importante Royal Society, que antes o havia rejeitado.

A descoberta do equivalente mecânico do calor abriu caminho para que, posteriormente, se demonstrasse, de forma mais geral, que a energia mecânica de um sistema se conserva, embora possa mudar de forma.

Nos anos seguintes, Joule também faria descobertas relacionada com o magnetismo e, em colaboração com Kelvin, com o estudo dos gases. Em 1850, foi eleito membro da Royal Society.

Embora sempre tivesse podido contar com a prosperidade familiar, sofreu problemas financeiros no final da vida, mas recebeu uma pensão do governo britânico aos 60 anos de idade. (devemos lembrar que naquele tempo não existia aposentadoria.)

Segundo seus biógrafos, Joule foi uma pessoa sem grandes ambições materiais. No final da vida, amargurou-se por perceber que suas contribuições à ciências estavam sendo aplicadas na guerra.

 

BIBLIOGRAFIA

CHIQUETTO, Marcos; VALENTIM, Bárbara; PAGLIARI, Estéfano; Aprendendo Física; Editora Scipione; São Paulo; 1996

 

JAMES WATT

ENGENHEIRO ESCOCÊS (1736-1819)

Devido a seus constantes problemas de saúde, James Watt não pôde freqüentar a escola e precisou ser alfabetizado em casa, pela mãe. Ainda muito jovem, deixou a Escócìa, onde nasceu, e foi para a Inglaterra aprender a trabalhar com ferramentas e com equipamentos mecânicos. Talvez não Ihe restassem muitas outras alternativas, pois a mãe havia morrido há poucos anos e as condições financeiras da família vinham piorando progressivamente.

Após um ano de aprendizado em Londres, retornou a seu país e tornou-se funcionário da Universidade de Glasgow. Ali teve seus, primeiros contatos com a utilização do calor para a produção de trabalho.

Na época, os ingleses Savery e Newcomen já haviam criado maquinas a vapor, mas, devido a sua baixa eficiência, só se conseguia utilizá-las para fazer bombeamento de água, e não para impulsionar equipamentos pesados. Foi muito oportuno, então, que em 1764 uma dessas máquinas, avariada, chegasse às mãos de Watt para conserto. Ele não somente a deixou em perfeitas condições, mas pôde detectar o principal inconveniente em seu projeto.

Na máquina de Newcomen, aquecia-se o vapor num compartimento fechado, que a seguir era resfriado com água, o que fazia a pressão do vapor diminuir consideravelmente. Essa baixa pressão (que funcionava como um vácuo imperfeito; servia para sugar a água, através de uma tubulação. Para reiniciar o processo, o mesmo compartimento precisava ser outra vez aquecido e resfriado, sucessivamente.

Watt teve então a idéia de separar essas duas fases do processo em dois compartimentos distintos: um cilindro para o aquecimento e um condensador para o resfriamento. Isso permitia que a máquina funcionasse de forma mais contínua.

Alguns anos depois, Watt acrescentou novas melhorias à sua máquina, conseguindo utilizar o movimento de vaivém do pistão para fazer girar uma roda. Esse movimento giratório poderia então ser facilmente empregado para realizar diversas atividades mecânicas, como bater martelos e soprar foles na indústria siderúrgica ou movimentar máquinas têxteis.

No final do século XVIII, a máquina de Watt já era tão conhecida na Inglaterra que a de Newcomen caíra praticamente no esquecimento. Utilizar a nova invenção significava poder instalar uma fonte de energia mecânica dentro das próprias fábricas. Isso teve um impacto gigantesco na organização do trabalho, pois se tornava mais rentável trazer os operários para a fábrica do que distribuir o trabalho entre diversos artesãos domiciliares, como se fazia até então. O impacto mais visível, no entanto, se daria na organização das cidades, pois agora as fábricas podiam instalar-se praticamente em qualquer local, levando os trabalhadores a morar em suas proximidades. Tem início, assim, a história dos bairros operários, tipicamente superpovoados, pobres e poluídos que tanto caracterizariam as cidades industriais dos séculos XIX e XX.

Para poder comparar a potência de suas máquinas com outros recursos conhecidos, Watt definiu a grandeza horse power (HP) que, traduzida em termos mais atuais, equivaleria aproximadamente a capacidade de elevar a um metro de altura uma massa de 76 kg em um segundo. (Ele fez essa comparação observando a capacidade com que um cavalo levantava pesos, daí o nome horse power, que significa 'poder de cavalo'.)

Em 1800, já bastante próspero, recebeu um título de honra da Universidade de Glasgow, mas dispensou o oferecimento de um título de nobreza.

 

BIBLIOGRAFIA

CHIQUETTO, Marcos; VALENTIM, Bárbara; PAGLIARI, Estéfano; Aprendendo Física; Editora Scipione; São Paulo; 1996

 

JOHANN KEPLER

ASTRÔNOMO ALEMÃO (1571-1630)

Por haver passado por sérios, problemas de saúde quando jovem, escolheram para Johann Kepler a carreira de pastor protestante, já que não parecia fisicamente apto para tarefas mais pesadas.

Foi somente após concluir seus estudos universitários que Kepler se ocupou da Matemática e da Astronomia, interessando-se sobretudo pelos trabalhos de Copérnico. Com menos de 25 anos de idade, deixou de lado a carreira religiosa e tornou-se professor de Ciências na Universidade de Graz, na Austria.

O trabalho de Kepler como astrônomo continha aspectos que hoje não são considerados parte da ciência, mas que não causavam estranheza naquela época. Por exemplo, ele utilizava suas medições celestes para confeccionar horóscopos e interpretá-los oferecendo esse serviço para monarcas e generais.

Foi ele quem primeiro suspeitou que os planetas apresentavam ôrbitas elípticas (e não circulares, como acreditara Copérnico). O caminho que o conduziu a essa descoberta, porém, não foi tão direto.

De início, Kepler tentou uma maneira de descrever adequadamente o percurso dos planetas em torno do Sol. Para tanto, pareceu-Ihe apropriado utilizar as idéias de Platão acerca dos cinco sólidos geométricos "perfeitos". (Esses sólidos - tetraedro, hexaedro, octaedro, dodecaedro e icosaedro - são os cinco únicos poliedros regulares.) Cada planeta percorreria sua órbita numa supertície esférica, com centro no Sol. Cada esfera estaria inscrita num sólido que, por sua vez, estaria inscrito na esfera do planeta seguinte, e assim por diante.

Esse trabalho atraiu a atenção do astrônomo dinamarquês Tycho Brahe, que vivia em Praga (hoje capital da República Tcheca), para onde Kepler se mudou quando abandonou a Austria, devido aos conflitos religiosos locais. Lá, passou a trabalhar com Brahe. Após a morte dele, Kepler tentou dar uma fórmulação mátemática ao seu sistema geométrico, de modo a deixá-lo de acardo com as medições que ambos haviam realizado. Isso o levou a abandonar os sólidos e a procurar figuras curvas, até chegar às elipses. Esse tipo de curva se encaixava adequadamente nas medidas tomadas das posições de Marte. Essa concepção, estendida aos demais planetas, foi publicada em 1609.

 

BIBLIOGRAFIA

CHIQUETTO, Marcos; VALENTIM, Bárbara; PAGLIARI, Estéfano; Aprendendo Física; Editora Scipione; São Paulo; 1996

 

NICOLAU COPÉRNICO

ASTRÔNOMO POLONÊS (1473-1543)

 

Por influência do tio arcebispo que o criou após a morte do pai, Nicolau Copérnico foi enviado à cidade de Kraków, então o mais importante centro intelectual da Polônia, onde se dedicou ao aprendizado da Matemática e da Pintura.

Com pouco mais de 20 anos, foi para a Itália estudar medicina e direito religioso. Foi nesse país que Copérnico veio tomar contato com a Astronomia, através de leituras. Em 1500, assistiu a uma conferência promovida pela Igreja para que se fizesse um ajuste no calendário. (Esse ajuste era necessário para corrigir uma diferença entre as datas e o início real das estações, que aumentava com o passar dos anos. Tal reforma, porém, ainda levaria sete décadas para ser implantada e em alguns países, como a Rússia, se arrastaria até o início do século XX.)

Interessado, Copérnico passou a se dedicar ao estudo das tabelas planetárias (utilizadas para prever, dia a dia, a posição dos astros do Sistema Solar), o que Ihe permitiu constatar as enormes imperfeições que elas continham, já amplamente reconhecidas, pelo fato de necessitarem de constantes reajustes. Assim, em 1507, vivendo novamente na Polônia, Copérnico percebeu que o cálculo das posições planetárias em relação à Terra se tornava mais fácil supondo-se que eles giravam em torno do Sol. (Isso já havia sido proposto por Nicolau de Cusa, alguns anos antes, e por Aristarco, na Grécia antiga.), Com esse artifício, conseguia-se descrever as posições de Mercúrio e de Vênus, planetas que nunca se afastavam muito do Sol. Podia-se também demonstrar por que todos os planetas - e mais visivelmente Marte, ) Júpiter e Saturno apresentavam, de tempos em tempos, marchas a ré em seus movimentos pelo céu: essas regressões seriam apenas uma ilusão provocada pelo movimento em torno do Sol, tal como observado da Terra.

Alguns anos depois, Copérnico começou a descrever matematicamente e de forma mais precisa esse sistema. No entanto, em sua época, ainda vigorava a idéia aristotélica de que as órbitas devessem ser perfeitamente circulares e, por isso, Copérnico viu-se obrigado a conservar grande número de detalhes de modelos mais antigos. (Uma solução mais simples só seria oferecida bem mais tarde por Kepler, que admitiu serem as órbitas elípticas.)

Apesar dessas imperfeições, o sistema de Copérnico Ihe permitiu calcular a duração do ano terrestre com uma diferença de apenas 28 segundos de seu valor real.

Q modelo de Copérnico, no entanto, havia sido concebido, inicialmente, apenas para facilitar os cálculos e não para descrever a real organização do universo. A mera insinuação de que a Terra girava teria um impacto negativo nas mentes da época, provocanda reações hostis. Era essa, porém, a conclusãa inevitável sobre o Sistema Solar: os planetas não giravam em torno da Terra, e a Terra não estava parada nem o Sol girava em torno dela.

Copérnico decidiu então publicar essas conclusões, mas demorou anos para fazê-lo, temendo ser considerado herege pela Igreja. Quando o fez; dedicou a obra, prudentemente, ao papa Paulo III. (Até mesmo Lutero, o fundador do protestantismo, se manifestou contrariamente às idéias de Copérnica.)

A publicação do livro só ocorreu pouco antes da morte do autor e, mesma assim, incluía um prólogo, acrescentado pelo editar, no qual era apresentado apenas como um sistema de cálculo e não como uma descrição do Sistema Solar. (Foi Kepler também, em 1809, quem retificou essas informações, restituindo a obra seu valor.) Tais cuidados, porém, não impediram que, mais tarde, o livro fosse incluída no index (a lista das obras proibidas pela Igreja Católica), da qual só seria retirada em 1835.

Costuma-se hoje considerar que a período que se convencionou chamar de Revolução Científica tenha se iniciado com o trabalho de Copérnico. O auge dessa revolução de mentalidades seria alcançado nos séculos XVII e XVIII, com Newton.

 

BIBLIOGRAFIA

CHIQUETTO, Marcos; VALENTIM, Bárbara; PAGLIARI, Estéfano; Aprendendo Física; Editora Scipione; São Paulo; 1996

 

SIMON STEVIN

MATEMÁTICO FLAMENGO (1548-1620)

 

Foi como coletor de impostos que Simon Stevin iniciou sua carreira profissional, mas preferiu, mais tarde, ingressar na Universidade de Leiden.

Pode-se dizer que o estudo da hidrostática teve início com Stevin. Foi ele quem demonstrou que a pressão que um líquido exerce sobre uma superfície depende apenas da altura da coluna do líquido e da área da superfície, não importando o tamanho ou a forma do recipiente. Ele foi também o primeiro a constatar que dois corpos de pesos diterentes, ao serem soltos ao mesmo tempo, chegam ao solo simultaneamente. (Essa experiência costuma ser atribuída a Galileu que, no entanto, apenas a analisou melhor.)

Stevin dedicou-se ainda a diversas outras áreas do conhecimento: calculou a declinação magnética (diferença angular entre o pólo norte magnético e o pólo norte geográfico) em diversos locais; demonstrou geometricamente a impossibilidade de funcionamento de um moto-perpétuo (dispositivo mecânico que se acreditava poder trabalhar infinitamente sem requerer energia); traduziu obras gregas; além disso, projetou o primeiro veículo com tração dianteira: uma carroça movida a vela.

Como matemático, Stevin criou uma notação para a escrita dos números decimais fracionários, que posteriormente resultou no uso da vírgula.

Não se conhece a data exata da morte de Stevin. Consta apenas que se casou consideravelmente tarde, com 64 anos de idade, e que deixou quatro fiIhos.

 

 

BIBLIOGRAFIA

CHIQUETTO, Marcos; VALENTIM, Bárbara; PAGLIARI, Estéfano; Aprendendo Física; Editora Scipione; São Paulo; 1996

 

SNELL

MATEMÁTICO HOLANDÊS (1591 - 1626)

Willebrord van Roijen Snell era filho de um professor de Matemática da Universidade de Leiden. Em 1613, sucedeu o pai nessa função. Quatro anos maìs tarde, criou um método para determinar distâncias por meio de triangulação trigonométrica. Esse método é utilizado até hoje para executar mapeamentos topográficos. (É a base, inclusive, para os efetuados com auxílio de satélites.)

No campo da Optica, Snell analisou o desvio que um raio de luz sofre ao passar obliquamente de um meio menos denso a outro mais denso (por exemplo, do ar para a água). Desde o século I já se sabia que esses dois ângulos diferentes, formados entre o raio e a perpendicular à fronteira entre os meios, guardavam entre si uma proporcionalidade que se mantinha mesmo quando a posição da fonte de luz era alterada. Snell refinou essas observações e, através de medidas mais acuradas, descobriu haver uma relação constante entre os senos desses ângulos. Tal conclusão só seria publicada doze anos após sua morte por Descartes, o qual, no entanto, não citou seu autor.

BIBLIOGRAFIA

CHIQUETTO, Marcos; VALENTIM, Bárbara; PAGLIARI, Estéfano; Aprendendo Física; Editora Scipione; São Paulo; 1996