Administrar a Progressão das Aprendizagens

        A escola é inteiramente organizada para favorecer a progressão das aprendizagens dos alunos e não se pode programar as aprendizagens humanas como a produção industrial de objetos, ou seja, é preciso, às vezes, tomar decisões estratégicas.

        Existe um movimento rumo à individualização dos recursos de formação e à pedagogia diferenciada, tendo em vista a progressão de cada aluno. Os ciclos de aprendizagens plurianuais estão inseridos neste contexto, com o objetivo de proporcionarem uma melhor progressão de aprendizagem.

        Existem vários tópicos a serem observados nas decisões de progressão, dentre eles estão:

        - conceber e administrar situações-problema ajustadas ao nível e às possibilidades dos alunos;
        - adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino;
        - estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades de aprendizagem;
        - observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem, de acordo com uma abordagem formativa;
        - fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de progressão.

        Nossos educadores, e em breve nós mesmos, precisam aprender a administrar situações-problema ajustadas ao nível e às possibilidades dos alunos. Estes não devem abordar as situações com os mesmos recursos, pois não encontrarão os mesmos obs-táculos. O problema desloca-se e a mesma tarefa não representa igual desafio para todos. Com o objetivo de definir melhor estas situações-problema o autor define 10 características básicas a serem observadas:

        - uma situação-problema é organizada em torno de um obstáculo previamente bem identificado;
        - o estudo organiza-se em torno de uma situação de caráter concreto;
        - o problema, ainda que inicialmente proposto pelo professor, torna-se questão dos alunos;
        - os alunos não dispõem, no início, dos meios da solução. É a necessidade de resolver que leva o aluno a elaborar ou a se apropriar coletivamente dos instrumentos necessários à construção de uma solução;
        - a situação deve oferecer resistência suficiente, levando o aluno a nela investir seus conhecimentos anteriores;
        - a solução não deve ser percebida como fora de alcance pelos alunos;
        - a antecipação dos resultados e sua expressão coletiva precedem a busca efetiva da solução;
        - o trabalho da situação-problema funciona dentro da classe como um debate científico;
        - a validação da solução resulta no modo de estruturação da própria situação;
        - o reexame coletivo do caminho percorrido é a ocasião para um retorno reflexivo.

        Após administrar as dificuldades de uma situação problema é preciso adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino. As divisões bastante difundidas entre ensino fundamental e médio acentuam-se, em certos sistemas educativos e disso resulta que muitos professores têm, desde sua formação inicial, uma visão limitada da totalidade da formação. Seria melhor que todos tivessem uma visão longitudinal dos objetivos do ensino, principalmente para poder julgar o que deve ser aprendido agora e o que poderia sê-lo mais tarde, pois o verdadeiro desafio é o domínio da totalidade dos conteúdos das várias séries ou ciclos.

        Tratando-se de ensino-aprendizagem o mais importante é fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de progressão, ou seja, tomar decisões de seleção ou orientação em conjunto com os alunos e, se for preciso, com os pais dos alunos e outros profissionais.

        Deixamos a seguinte questão no ar? É melhor manter um aluno por mais um ano no mesmo ciclo, correndo-se o risco de retardar seu desenvolvimento e aumentar seu atraso escolar, ou é melhor fazê-lo passar para o ciclo seguinte, ainda que não domine todos os seus pré-requisitos e possa perder tempo e agravar as lacunas?

Maicon Nachtigall


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