Jornal da Ciência (JC E-Mail)
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Edição 2695 - Notícias de C&T - Serviço da SBPC
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26 de janeiro de 2005

Física e Sociedade

Mesa-redonda especial no XVI Simpósio Nacional de Ensino de Física

Participaram Boaventura Santos, da Universidade de Coimbra, Portugal, Fernando de Souza Barros, professor emérito da UFRJ, e Celso Mello, da UFPE, sob a coordenação de Paulo Murilo Castro de Oliveira, da UFF

O debate, realizado nesta terça-feira à tarde, no Cefet/RJ, abordou um tema longo: 'A responsabilidade do físico: Ética e Ciência. A ciência oficial e a posição do Brasil perante os desafios da sociedade atual. O papel do cientista na sociedade contemporânea e a educação do futuro cientista.'

Boaventura Santos defendeu a necessidade de um projeto nacional de desenvolvimento científico, sem ignorar as conquistas da ciência universal, de modo a impedir os efeitos perversos da globalização avassaladora sobre as atividades de pesquisa no país.

A seu ver, a responsabilidade do físico e do cientista em geral depende do modelo de sociedade que se pretende construir no país. Na opinião do sociólogo português, cabe a sociedade escolher o seu caminho de desenvolvimento e colocar a ciência a serviço desta escolha.

Fernando de Souza Barros falou sobre o 'Manifesto Russel-Einstein e as Conferências Pugwash', que tiveram enorme relevância nas campanhas pela paz e contra a guerra nuclear em todo o mundo, desde os anos 50.

Para Fernando as questões levantadas pelo Manifesto Russel-Einstein e pelas numerosas e importantes conferências do movimento Pugwash continuam atuais diante das tensões e da insegurança que marcam o mundo hoje, inclusive com o perigo de uso de armas de destruição em massa - ainda existentes em grande escala.

Segundo o professor emérito da UFRJ, um representante do Brasil deverá presidir a Comissão do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, a partir de reunião a realizar-se este ano.

Celso Mello, por seu turno, mostrou, com inúmeras tabelas, de um lado, o notável desenvolvimento das atividades científicas no Brasil nas últimas décadas e, de outro, o enorme atraso no ensino e na compreensão da ciência no país entre a maioria esmagadora da população.

Na opinião de Celso, será necessário um esforço gigantesco para superar esta situação, mantendo e ampliando ainda mais a qualidade da pesquisa científica e, simultaneamente, dando acesso à grande massa da população à informação científica e democratizando o ensino superior de qualidade.

O debate suscitou grande número de comentários e perguntas da platéia, que lotou o auditório 1 do Cefet/RJ.
  (JMF)