Assine o JC E-Mail

JCE 2655, de 26 de novembro de 2004

A criação de uma galeria científica pública e a dedicação do ano letivo de 2005 do município do Recife em homenagem a um cientista de destaque foram compromissos firmados pelo prefeito João Paulo durante reunião, realizada dia 16, para discutir a criação da Secretaria de C&T e Desenvolvimento Econômico do município.

A nova secretaria seria oriunda da reestruturação da atual Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Essa foi uma das propostas da campanha de reeleição do prefeito. Um dos objetivos da secretaria é discutir e ampliar o papel do município em assuntos de C&T, aplicáveis na melhoria do nível de vida, saúde e educação da população. O grupo reunido sugeriu que sejam definidas, com a participação de todos os agentes, as linhas mestras prioritárias, a criação de um fundo municipal voltado à pesquisa e a criação de um espaço dedicado à divulgação científica.

Participaram da reunião, além do prefeito, as universidades Estadual, Federal, Federal Rural e Católica de Pernambuco, representantes da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe), da SBPC-PE e do MCT. A partir do dia 15 de fevereiro, quando iniciam os trabalhos legislativos, a proposta da reestruturação deverá ser encaminhada para a Câmara de Vereadores, por meio de um projeto de lei do poder Executivo do município.

Para obter mais informações, entre em contato com a prefeitura pelo telefone (81) 3425-8420. (Com informações da assessoria de imprensa da Prefeitura do Recife) (Gestão C&T, nº 317)

JCE 2655, de 26 de novembro de 2004

A USP planeja realizar no próximo ano o vestibular para seu primeiro curso de graduação à distância via internet. Ainda em fase de estudos, o projeto tem definido apenas o curso: licenciatura em ciências, opção inédita na graduação regular da USP.

A universidade espera concluir o projeto em dois meses para apresentá-lo ao Ministério da Educação no primeiro semestre de 2005. De acordo com o presidente da comissão responsável pelo projeto, Carlos Alberto Dantas, está sendo desenvolvido um programa de computador, patrocinado pela Fapesp, para executar o curso à distância.

Ainda não se sabe como será o método de seleção nem o número de vagas que serão abertas. Segundo Dantas, já em 2006 a USP deve ter vestibular para outros cursos não presenciais. Dantas diz que a escolha do curso teve como objetivo formar professores de ensino fundamental com uma visão mais completa da área. ‘Atualmente, os professores dessa disciplina são formados em biologia, química ou física.'

A USP já ministrou um curso de pós-graduação ‘‘lato sensu' via internet, mas já conseguiu autorização do MEC para abrir outros. A educação à distância é freqüentemente apontada por especialistas como uma importante ferramenta no processo de democratização do ensino superior no Brasil. Mas ainda está longe de se tornar uma solução efetiva. Há na lista do MEC cerca de 150 cursos aguardando aprovação. Já foram reconhecidos 34 cursos de graduação, 42 de pós-graduação e oito seqüenciais.

O primeiro censo feito no país sobre o tema, encomendado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) e divulgado ano passado, apontou que 84.713 pessoas cursavam o ensino superior por meios virtuais em 2001 -99% estavam em universidades públicas. Para o presidente da Abed (Associação Brasileira de Ensino à Distância), Frederic Michael Litto, o ensino não-presencial é a única ferramenta capaz de reverter o baixo acesso ao ensino superior. ‘Não há dinheiro suficiente para construir novos campi.' Dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) apontam que apenas 9% dos jovens entre 18 e 24 anos chegaram à faculdade no Brasil. Segundo o presidente da Abed, na Argentina e no Chile, esse índice é de 30%, nos EUA, de 50%, e no Canadá, de 60%. (Folha de SP, 26/11).

JCE 2655, de 26 de novembro de 2004

Universidade Federal do RN lança programa de rádio para divulgação de cultura, ciência e tecnologia O programa Quanta Ciência! constitui-se de inserções horárias, com duração de cerca de um minuto, durante as 24 horas do dia, todos os dias. Leia o texto enviado ao JC e-mail pelo autor do projeto, Ciclamio Leite Barreto, professor do Departamento de Física da UFRN:

‘Em que pesem os esforços de popularização da ciência empreendidos pelo Ildeu de Castro Moreira, no Ministério da C&T, tais como a estupenda implementação da Semana Nacional de C&T, e da criação pelo CNPq do Comitê Assessor de Divulgação Científica, ainda estamos distantes da completa limpeza das distorções do sistema. As iniciativas das Universidades Públicas de realizarem feiras de cultura, ciência e tecnologia, propiciando dias de portas abertas ao público, tal como a Cientec, realizada anualmente pela UFRN, são iniciativas extremamente louváveis e que devem, além de ter o reconhecimento, também ser prestigiadas pela sociedade.

Temos consciência que estamos institucionalmente empreendendo um trabalho de extrema relevância social quando prestamos conta do que fazemos, em eventos como a Cientec, à sociedade que nos financia. Mas vemos em iniciativas como o Quanta Ciência!, programa radiofônico de divulgação de cultura, ciência e tecnologia, formalmente lançado na quarta-feira, 17 de novembro, já sendo transmitido pela Rádio Universitária FM, uma resposta de resistência permanente contra a visão elitista da ciência e da cultura.

O programa se constitui de inserções horárias, com duração de cerca de um minuto, durante as 24 horas do dia, diariamente. Inicialmente e em princípio, cada tema terá 24 inserções ao longo de seis dias, sendo quatro inserções por dia, em horários que vão mudando de um dia para outro, a fim de se disponibilizar a ouvintes ao longo de todos os horários. Lendo o artigo ‘Brazil's scientists 'deterred from engaging the public' (Cientistas brasileiros ‘desencorajados de engajar o público'), de autoria de Luisa Massarani, publicado em 16 de novembro pelo portal SciDev.Net, reconhecemos com ainda mais importância nosso trabalho de levar a efeito o programa Quanta Ciência!

Temos certeza que estamos num caminho certo e queremos contar com todos os que concordam que é possível levar conhecimento de qualidade, produzido na UFRN ou em qualquer lugar do país ou do mundo, ao alcance da população natalense. Seja pela transmissão do programa pela Rádio Universitária FM, bem como de outros lugares, pela opção de ouvir a programação ao vivo da Rádio Universitária FM pela Internet, a partir da sua página web http://www.fmu.ufrn.br ou pela disponibilização em breve dos textos e de suas gravações levadas ao ar, nessa mesma página e na página do Nudict- Núcleo de Comunicação em Cultura, Ciência e Tecnologia, do Museu Câmara Cascudo, da UFRN, órgão associado à produção e coordenação do programa.

Nessas páginas também serão incluídas todas as repercussões de cada tema: comentários, sugestões, dúvidas, esclarecimentos, réplicas, críticas etc. O Programa Quanta Ciência! foi formalmente lançado com entrevista ao vivo logo no início do “Programa das Seis”, apresentado a partir das 18h pelo publicitário Antônio Lúcio, na Rádio Universitária FM, em transmissão desde o estúdio instalado na Cientec 2004, na Praça Cívica do Campus. Antônio Lúcio também está à frente da produção radiofônica do programa Quanta Ciência!.

Foram entrevistados os professores que têm colaborado para esta realização: Ciclamio Leite Barreto, do Departamento de Física, e Nelson Marques, coordenador do NUDICT, do Museu Câmara Cascudo. A mestranda no Programa de Pós- Graduação em Física da UFRN, Bruna de Oliveira, que também colabora, não pôde comparecer por problemas de saúde. Em seguida, o professor Ciclamio foi entrevistado pela TV Universitária, logo no início do jornal TV U Notícias, também para informar sobre o Quanta Ciência!

A presente proposta visa implantar e manter permanentemente um programa de divulgação de cultura, ciência e tecnologia, chamado Quanta Ciência! a ser veiculado pela Rádio Universitária FM, com antena transmissora no campus da UFRN e operando na freqüência de 88,9 MHz. Este programa consiste da divulgação de temas escritos por membros da comunidade universitária ou de outras entidades ou instituições, mesmo residentes fora de Natal ou do RN, a serem lidos e veiculados no ar, que sejam de curta duração (cerca de um minuto). O programa Quanta Ciência! se pretende interativo com a população, permitindo que os ouvintes se manifestem emitindo comentários, enviando contribuições e sugestões, dirimindo dúvidas a respeito dos temas divulgados, fazendo críticas etc. Para isto será disponibilizado o endereço de correio eletrônico quanta@ufrn.br e o endereço postal:

Quanta Ciência!, UFRN- Campus Universitário, Caixa Postal 1641, Capim Macio, 59078- 970, Natal, RN.

O presente texto pretende chegar à comunidade envolvida com cultura, ciência e tecnologia no âmbito nacional, muito especialmente àqueles que exercem papéis de liderança, tais como coordenadores de projetos de pesquisa, a quem solicitamos o empenho em divulgar perante sua comunidade de convívio profissional e acadêmico, o lançamento deste programa e abrir a todos indistintamente -- mesmo a quem não reside em Natal ou no estado do Rio Grande do Norte -- a oportunidade de participar escrevendo e enviando textos de divulgação do trabalho de pesquisa que realizam no âmbito dos seus respectivos grupos ou mesmo individualmente. E não só o trabalho de pesquisa, mas também textos sobre conceitos e outros aspectos básicos e/ ou aplicados de conhecimento em qualquer área.

Aos interessados que se manifestarem através do e- mail quanta@ufrn.br poderemos enviar a programação corrente (Novembro 2004) ou futura (Dezembro 2004), bem como arquivos Word contendo temas já em processo de veiculação, para servir como modelo para contribuições. Toda e qualquer contribuição pode ser enviada pelo endereço postal ou diretamente pelo endereço de correio eletrônico do programa, que repetimos: quanta@ufrn.br Desde já agradecemos a colaboração de todos nesta empreitada de contribuir para a alfabetização científica e a cultura científica da população natalense (público ouvinte potencial da emissora) e de outros lugares, via Internet.'

JCE 2657, de 30 de novembro de 2004

No Ceará, a ciência da Universidade para o ensino médio e fundamental

Secretaria Regional da SBPC no Ceará promove palestras de professores universitários e pesquisadores nas escolas da rede pública estadual de ensino médio e fundamental

Leia a nota assinada por Armenio Aguiar dos Santos, secretário regional da SBPC-Ce ( meno@ufc.br ), e Marcus Raimundo Vale, diretor da Seara da Ciência - UFC ( mvale@ufc.br ) com o convite para os interessados em participar do projeto "SBPC vai à escola":

"Prezados Colegas,

Como é de público conhecimento, a SBPC realizará, de 17 a 22 de julho de 2005, sua 57ª Reunião Anual em Fortaleza, sob o tema "Do Sertão olhando o mar. ciência & cultura".

No intuito de divulgar o referido evento e contribuir no aprimoramento da qualidade da educação pública em nosso Estado, a Secretaria Regional da SBPC no Ceará e a Seara da Ciência da Universidade Federal do Ceará convidam o colega a se juntar à programação "SBPC vai à escola".

Inicialmente serão identificados os docentes ou pesquisadores vinculados às Universidades cearenses interessados em colaborar na divulgação científica junto as escolas públicas na região metropolitana de Fortaleza.

Para tanto, basta responder até 24/12 o formulário abaixo, indicando um ou mais temas relativos à sua área de atuação a serem apresentados na forma de palestras nas escolas da rede pública da região metropolitana de Fortaleza para professores e alunos de ensino fundamental/médio.

A SBPC-Ceará e a Seara da Ciência submeterão então o repertório de palestras à consideração da Secretaria de Educação do Estado do Ceará.

As escolas estaduais poderão então escolher os temas mais adequados aos seus projetos pedagógicos. A partir de janeiro/2005 a Seara da Ciência entrará em contato com os docentes/pesquisadores universitários para acertar, em comum acordo, a data das palestras.

Desde já contamos com o interesse e a participação do colega no esforço de elevar a educação em nossa terra. A resposta deve ser enviada pelo correio eletrônico para sbpc-l@lia.ufc.br .

Mais detalhes do projeto estão disponíveis na Internet em http://www.seara.ufc.br

Atenciosamente,
Armenio Aguiar dos Santos
Secretário Regional da SBPC-Ce
meno@ufc.br
Marcus Raimundo Vale
Diretor da Seara da Ciência - UFC
mvale@ufc.br

JCE 2657, de 30 de novembro de 2004

Mapa da diversidade: Conheça cursos universitários e instituições que se destacam pela atualidade das pesquisas e sua relevância para as regiões do país

Em uma breve viagem pelos cursos de ensino superior de todo o país, o Sinapse traçou um pequeno panorama das oportunidades de estudo e especialização universitária no Brasil

Carolina Chagas e Estanislau de Freitas escrevem para a "Folha de SP":

São cursos novos, de relevância no contexto local, com condições ambientais específicas para pesquisa ou com as melhores avaliações oficiais, mapeados nas cinco regiões. Conheça essa seleção, na qual estão incluídas 33 instituições, a maioria Universidades públicas.

Norte: floresta e subsolo influenciam cursos

O desafio da geração de energia, os recursos do subsolo e a biodiversidade da floresta amazônica incentivam os bons cursos universitários da região Norte. Assim despontam em qualidade as engenharias elétricas e as graducações em biologia e geologia.

Concentrando as melhores condições de ensino e os cursos mais bem avaliados pelo Ministério da Educação na região, a Ufam (Universidade Federal do Amazonas, http://www.ufam.edu.br ) e a UFPA (Universidade Federal do Pará, http://www.ufpa.br ) têm ainda o reforço de duas tradicionais e prestigiadas instituições federais de pesquisa: em Manaus, o Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, http://www.inpa.gov.br ) e, em Belém, o Museu Paraense Emílio Goeldi ( http://www.museu-goeldi.br ), ambas com pesquisas e cursos de pós-graduação nas áreas de ciências humanas, desenvolvimento sustentável e ecologia.

"Nosso grande diferencial é que o campus está na maior floresta urbana do mundo, em Manaus", diz o professor Bruce Osbourne, pró-reitor de graduação da Ufam, que destaca a qualidade do curso de ciências biológicas, uma das 51 graduações da universidade.

Segundo ele, os alunos têm a chance única no mundo de aprofundar seus estudos e pesquisas na floresta amazônica. De fato. O campus universitário ocupa uma área de 6,7 milhões de m2, que o torna a maior área verde urbana do país, conservando ainda mata virgem, onde são encontrados preguiças e pacas.

Para completar, há o incentivo da pós-graduação em biotecnologia, uma área que vem crescendo em importância em Manaus porque alia recursos naturais com os avanços tecnológicos das indústrias instaladas na Zona Franca.

Avaliado com conceito 4 da Capes, numa escala cujo máximo é 7, o curso de doutorado em biotecnologia da Ufam é multidisciplinar.

Para quem quer aprofundar nesse ramo de estudos ou seguir carreira acadêmica, o Inpa tem quatro áreas com conceito 4 da Capes -botânica, entomologia, ecologia e biologia de água doce e pesca- entre seus sete cursos de pós-graduação.

"Empresas como Natura e O Boticário já estão instaladas em Manaus. Há perspectivas de crescimento de trabalho na área. Ainda mais com a implantação do CBA [Centro de Biotecnologia da Amazônia]", afirma Marcelo Lopes, 34, secretário-executivo da RBT (Rede Brasil de Tecnologia) do Ministério de Ciência e Tecnologia.

O CBA, uma instituição federal instalada em um prédio de 12 mil m2, que custou R$ 14,5 milhões, começou a funcionar neste ano em Manaus. A meta é receber a nata dos pesquisadores do setor e fazer desenvolvimento de ponta nas áreas de química, farmacologia e bioquímica.

Referência mundial na área de pesquisa antropológica e zoobotânica, o museu Goeldi, com sede em Belém, oferece três cursos de pós-graduação: zoologia e ciências sociais, em parceria com a UFPA, e botânica, com a UFRA (Universidade Federal Rural da Amazônia, http://www.ufra.edu.br ), também em Belém.

Ali os alunos dispõem de acervos com mais de 1 milhão de exemplares de invertebrados, fazem pesquisa direto na floresta, no campus de Belém ou numa área de 33 mil hectares dentro da reserva de Caxiuanã (400 km a oeste de Belém).

A UFPA oferece ainda o único curso de pós-graduação de todo o Norte com conceito 6 da Capes: geologia e química. Nessa área de geociências há apenas outros oito cursos no país com o mesmo conceito.

A universidade também abriga o único mestrado e doutorado multidisciplinar do Brasil em desenvolvimento sustentável do trópico úmido. Com conceito 5, é o curso multidisciplinar mais bem avaliado do Norte e Nordeste.

"Na graduação, a qualidade é a mesma para cursos como geologia, geofísica, oceanografia", defende o diretor do Depto. de Pós-Graduação, Paulo Sérgio de Sousa Gorayeb, 52.

Ele explica que os alunos da graduação têm os mesmos professores e laboratórios desses cursos de pós bem avaliados.

A qualidade do ensino se reflete também no trabalho social, que busca melhorar a vida do ribeirinho e das comunidades distantes. Exemplo disso é o curso de engenharia elétrica, um dos mais procurados da universidade, cujo forte é a pesquisa em geração de energia.

Há dez anos, o Depto. de Engenharia Elétrica e Computação criou o Gedae (Grupo de Estudos e Desenvolvimento de Alternativas Energéticas) para criar alternativas de geração de eletricidade a comunidades de áreas afastadas.

O grupo acabou desenvolvendo um sistema híbrido eólico-fotovoltáico-diesel, que utiliza uma turbina com hélices movida pelo vento e mais 40 módulos fotovoltaicos que captam a energia solar. O sistema foi instalado na vila de São Tomé, no município de Maracanã, no litoral paraense.

O Gedae faz pesquisas até mesmo em SP. Em parceria com a USP, realiza o levantamento das potencialidades solar e eólica na comunidade de Maruja, uma APA (Área de Proteção Ambiental) na ilha do Cardoso, no litoral sul do Estado.

Centro-Oeste: Universidades tentam atrair pesquisadores

Manter tradições locais, preservar o Pantanal e criar cursos que dêem aparato teórico para os empresários do agronegócio são preocupações das instituições de ensino do Centro-Oeste, região que a soja enriqueceu e onde o algodão fez famílias fincarem raiz.

Criado em 1993 como mestrado e recém-aprovado como doutorado, o curso de agricultura tropical da UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso, http://www.ufmt.br ) treina pesquisadores para atuar na investigação, no ensino e na utilização de sistemas de produção agropecuária tropicais.

O curso tem três grandes linhas de pesquisa: descoberta e catalogação de recursos naturais; propagação, melhoramento e manejo de plantas medicinais (que tenta aliar os conhecimentos da agricultura tradicional ao das espécies com uso medicinal); e desenho dos sistemas de produção da região (que pretende pesquisar as formas de plantio das diferentes culturas e desenvolver técnicas que aliem o conhecimento popular e o científico para o cultivo em larga escala).

"Esse trabalho pretende sobretudo preservar as tradições e as espécies da região", explica a agrônoma Maria Cristina Albuquerque, coordenadora do curso, ligado aos setores de agronomia e veterinária da UFMT.

Várias espécies da região foram catalogadas e reproduzidas em viveiro durante o curso. Um dos trabalhos nesse sentido foi o coordenado pela agrônoma Maria de Fátima Coelho, que resgatou espécies da flora -especialmente orquídeas- existentes na divisa de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, na região que foi alagada com a construção da Usina Hidrelétrica Ponte de Pedra, entre Sonora (MS) e Itiquira (MT).

Há também no momento o cultivo em larga escala de duas espécies "selvagens" da região: a mangaba, um fruto, e o nó-de-cachorro, uma planta com poderes afrodisíacos, segundo os moradores do Centro-Oeste.

Além de disputarem quem conta com parte maior do Pantanal em seu território, a UFMT e a UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, http://www.ufms.br ) mantêm departamentos que desenvolvem atividades abertas a pesquisadores de outras instituições e cursos no Pantanal.

Recém-elevado à categoria de doutorado, o curso de ecologia e conservação da UFMS, aberto em 1996, já formou 56 mestres e ficou famoso por seu "curso de campo". "Entre os meses de setembro e outubro, melhor período para transitar na região, passamos 30 dias no Pantanal fazendo pesquisas diversas", explica o biólogo Erich Fischer, 37, coordenador do programa, que, depois de se formar e se pós-graduar em Campinas, fixou-se em Campo Grande. O caminho do professor não é muito comum.

"Temos problemas em manter o corpo docente aqui, apesar da riqueza do Pantanal. Achamos que, com o doutorado, conseguiremos atrair mais pesquisadores", diz.

O programa coordenado por ele tem cinco linhas de pesquisa que se preocupam basicamente em catalogar e pesquisar o comportamento das espécies da fauna e da flora da região, descobrir como o clima e as doenças afetam essas espécies e o que deve ser feito para manter a funcionalidade do sistema de maneira sustentável.

Há ainda um braço da pesquisa que investiga o controle biológico de pragas e o modo como as espécies devem ser tratadas para se adaptarem bem ao Pantanal.

A UFMT mantém o CPP (Centro de Pesquisas do Pantanal), ligado à UNU (Universidade das Nações Unidas) e à Embrapa-Pantanal, um dos mais importantes focos de pesquisa aplicada do Centro-Oeste.

A prioridade do CPP é financiar pesquisas nas áreas de pesca, gado e alternativas econômicas.

"Cada tema é pesquisado de forma interdisciplinar - investigamos também questões econômicas, sociais e culturais que a atividade envolve", explica o professor Pierre Girard, coordenador do CPP e da pós-graduação do Instituto de Biociências da UFMT.

Criar uma massa crítica e bons profissionais para o ensino de agronegócios é o principal objetivo do consórcio formado pela UnB (Universidade de Brasília, http://www.unb.br ), pela UFG (Universidade Federal de Goiás, http://www.ufg.br ) e pela UFMS para lançar um mestrado na área.

"A idéia surgiu há seis anos, mas tínhamos de trazer de outros Estados profissionais capazes de analisar com propriedade o agronegócio e desenvolver pesquisas nessa linha", diz o agrônomo José Ferreira de Noronha, Ph.D em economia agrícola pela Universidade de Kentucky (EUA).

Ele se mudou para Goiânia há oito anos, logo depois de se aposentar da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP), e hoje coordena o mestrado em Goiás. O curso existe há três anos, e cada universidade pode oferecer até 20 vagas por período.

"Neste ano, tivemos uma procura de quatro candidatos por vaga", afirma Noronha. A procura foi tão grande que o curso ganhou um "filhote": um curso de especialização dado nos fins de semana.

Nordeste: Einstein poderia ser pernambucano

O Ceará e Pernambuco têm dois dos melhores cursos de graduação e pós em física do país. Centro de excelência em tecnologia, a UFPE (Universidade Federal de Pernambuco, http://www.ufpe.br ) mantém, em Recife, o único curso de pós-graduação em física, fora do Sul e do Sudeste, com nota máxima da Capes.

A UFC (Universidade Federal do Ceará, http://www.ufc.br ), em Fortaleza, tem conceito 6 -o máximo é 7- para sua pós em física, único também fora do Sudeste.

Para o Fernando Feitosa, vice-coordenador da pós-graduação em oceanografia da UFPE, parte da excelência dos cursos deve muito ao grupo de professores formado nessas Universidades.

"Há também interdisciplinaridade. A excelência dos alunos de física e engenharia ajuda até no nosso curso", afirma Feitosa.

Nas áreas de biologia e oceanografia, os alunos também são beneficiados pela rica biodiversidade local e pelos recursos do centro de pesquisa na praia de Tamandaré (a 120 km ao sul de Recife), que a UFPE mantém em parceria com o Ibama.

Os cursos tecnológicos pernambucanos receberam mais um incentivo em 2000, com a criação do Porto Digital ( http://www.portodigital.org.br ), em Recife, um projeto de desenvolvimento econômico com investimentos públicos e privados que hoje reúne 68 instituições, entre empresas, prestadores de serviços e órgãos de incentivo a informática.

Na Paraíba, a pós-graduação em engenharia elétrica da UFCG (Universidade Federal de Campina Grande, http://www.ufcg.edu.br ), com conceito 6, só perde para a UFRJ, cujo curso tem nota máxima. Matemática, estatística e letras também têm nota 6, e engenharia agrícola, informática e meteorologia, conceito 5.

Vânia Sueli Guimarães Rocha, pró-reitora de graduação da UFCG, atribui o sucesso das engenharias e da computação ao esforço da universidade em se manter atualizada e ao incentivo e ao mercado de trabalho criados pela Fundação Parque Tecnológico da Paraíba ( http://www.paqtc.rpp.br ).

  Criada na década de 1980, a fundação gerencia a Incubadora Tecnológica de Campina Grande, responsável pela incubação de empresas que desde então se instalaram na região.

Na UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, http://www.ufrn.br ) as vedetes são a pós-graduação em bioecologia aquática e os cursos de aqüicultura (criação de animais e plantas aquáticas) e de engenharia têxtil.

"Biologia marinha e aqüicultura estão em ampla expansão no Estado", acredita o pesquisador da Emparn (Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte) Alexandre José Ferreira da Nóbrega, 44, formado em biologia marinha. Para ele, a criação de camarão -um dos principais itens de exportação do Estado- é o principal incentivador desse processo.

Atualmente, Emparn e UFRN, com financiamento do governo federal, estão montando uma fazenda de pesquisa e criação de camarões em Extremoz (município vizinho ao norte de Natal).

O curso de engenharia têxtil é o único em todo o Norte e Nordeste e também o único entre as 52 Ifes (Instituições Federais de Ensino Superior) de todo o país.

"São hoje 220 alunos, que são disputados também por empresas da Bahia e do Ceará", diz o chefe do Depto. de Engenharia Têxtil, Rasiah Ladchumananandasivam, 58, um indiano radicado no Brasil há duas décadas. Desde 1997, o Depto. oferece um pioneiro curso de mestrado. Em 2002, foi criado lá, por iniciativa dos alunos, o núcleo de moda.

A UFBA (Universidade Federal da Bahia, http://www.ufba.br ) oferece, na pós-graduação, um dos três únicos cursos do país em saúde coletiva -e com conceito 6 da Capes. Mas é nas artes que a universidade se destaca: criou a primeira escola superior de dança do país, em 1956, e hoje oferece também artes cênicas e música.

As escolas de dança e de teatro têm a mesma representação universitária que medicina e direito, por exemplo, "o que significa mais recursos e melhores laboratórios", segundo a coordenadora do curso de dança, Dulce Aquino.

Sudeste: tecnologia de ponta, petróleo e parcerias

Principal potência econômica do país, o Estado de SP distorce qualquer média nacional.

Tem disparado o maior PIB e a maior população, alta desigualdade de renda, ilhas de segurança, focos de violência e expoentes universitários. USP (Universidade de SP, http://www.usp.br ), Unicamp (Universidade Estadual de Campinas, http://www.unicamp.br ), Unesp (Universidade Estadual Paulista, http://www.unesp.br ), Unifesp (Universidade Federal de SP, http://www.epm.br ), ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica, http://www.ita.cta.br ) e Ufscar (Universidade Federal de São Carlos, http://www.ufscar.br ) costumam constar em listas de excelência. Em qualquer área, há um ótimo curso.

Em duas, no entanto, a concentração é ainda maior: economia e saúde. "Eu destacaria ainda engenharia e física, mas é inegável a vocação de SP nessas áreas, sobretudo em medicina", afirma Moisés Balassiano, coordenador da pesquisa "Ranking das Cidades para se Fazer Carreira", da FGV-RJ (Fundação Getúlio Vargas).

Os dados confirmam. Das dez melhores faculdades de medicina, segundo o Provão, do MEC, SP abriga cinco: USP, USP-RP, Famema (Faculdade de Medicina de Marília, http://www.famema.br ), Unifesp e Unicamp. E, entre as quase 200 pós-graduações em medicina reconhecidas pelo MEC, apenas duas, paulistas, tiveram nota máxima na avaliação trienal (2001-2003) da Capes, publicada em outubro: neurologia da USP-RP e oncologia do Hospital do Câncer ( http://www.hcanc.org.br ).

Já em economia, "só o Rio rivaliza com SP", segundo Fabiana Rocha, coordenadora da pós-graduação em economia da USP e conselheira da Associação Nacional de Pós-Graduação em Economia.

Somando qualidade na graduação e na pós, ela aponta USP, FGV-SP ( http://www.fgvsp.br ), USP-RP e Unicamp como as melhores do Estado. Na graduação, ela inclui o Ibmec ( http://www.ibmec.br ).

"O curso precisa ter capital físico e capital humano. Não adianta ter um computador por aluno, laboratórios sofisticados, mas não ter os melhores docentes", diz a professora.

Não foi por acaso que o primeiro curso de engenharia do petróleo surgiu em Macaé, no norte do RJ. Lá fica a bacia de Campos, responsável por quase 80% do petróleo produzido pela Petrobras (total de 1,2 bilhão de barris por dia, segundo a empresa). Lá também estão cerca de 50 empresas nacionais e estrangeiras ligadas à exploração e à produção de petróleo.

Na cidade, a instalação do Lenep (Laboratório de Engenharia e Exploração do Petróleo, http://www.lenep.uenf.br ), ligado à Uenf (Universidade Estadual do Norte Fluminense), no meio da década de 1990, respondeu a duas necessidades: preparar pessoas para trabalhar com petróleo, especialmente na Petrobras, e melhorar o nível de escolaridade dessa região, o mais baixo do Estado.

"A formação do pessoal é importante por conta de uma exigência do mercado", diz Abel Carrasquilla, chefe do Lenep. Carrasquilla afirma, no entanto, que o nível dos pesquisadores de petróleo também melhorou. "Temos vários profissionais que defenderam teses aqui e estão desenvolvendo pesquisas em laboratórios e empresas da Europa."

A aposta da Uenf já rendeu frutos. A UFRJ (Universidade Federal do RJ, http://www.ufrj.br ) e a PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica, http://www.puc-rio.br ) também abriram cursos de engenharia do petróleo. A PUC já oferecia especialização, mas, respondendo a uma demanda do mercado, incluiu a carreira na graduação.

Na UFRJ, a aprovação veio dos vestibulandos. Neste ano, o curso teve 19,2 candidatos por vaga -apenas atrás de medicina, com 25 candidatos por vaga.

Estudos mostram que o país logo deverá ser auto-suficiente na produção de petróleo, e aposta-se em um poço recém-descoberto no Espírito Santo. Está também nesse Estado uma forte parceria entre a universidade e a iniciativa privada.

Com o objetivo de produzir madeira para papel e celulose, a Aracruz investe desde a década de 1970 em pesquisa, em conjunto com Universidades, sobretudo de Minas Gerais.

A mais bem-sucedida parceria talvez seja com a Ufla (Universidade de Lavras, http://www.ufla.br ). Em 1996, a empresa fechou um acordo com a instituição mineira para investigar os efeitos do eucalipto nos processos de erosão e exaustão do solo. Para José Roberto Scolforo, pró-reitor de pesquisa da Ufla, a parceria é importante por três motivos: a Aracruz é um laboratório para comprovar teses, os alunos têm e ministram aulas "in loco", e a empresa gera empregos para os estudantes.

"Nos últimos três anos, quatro doutores formados na Ufla foram contratados pela Aracruz", diz Scolforo.

Sul: vinhos, madeira e a imensidão azul

Tradicional região produtora de vinhos do país, a serra gaúcha ganhou, em 1994, o primeiro e, por enquanto, único curso superior de enologia do país.

Fixado na cidade de Bento Gonçalves (RS), a maior produtora de vinhos da região, o curso surgiu da necessidade de mão-de-obra qualificada para atender o mercado local.

Com o diploma do Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica, http://www.cefetbg.gov.br ) embaixo do braço, os profissionais ganham empregos em laboratórios de análises químicas -que controlam a qualidade do vinho-, em vinícolas (chamadas de "cantinas" na região), no planejamento e na implantação de vinhedos, em empresas revendedoras, exportadoras e importadoras de vinhos e derivados.

No vestibular para 2005, 227 candidatos concorrem às 20 vagas oferecidas. "O curso é totalmente voltado para as necessidades da região e, por isso, a absorção dos alunos pelo mercado de trabalho é quase instantânea", afirma Carlos Alberto Trevisan, administrador do Cefet.

Muito voltado para aulas práticas, o curso inclui no processo de aprendizado atividades em uma pequena fábrica de vinhos. Durante os três anos de formação, os alunos ajudam a controlar todas as etapas do processo de produção da bebida nesse estabelecimento -do plantio da uva ao engarrafamento.

O vinho produzido ali, em pequena escala, é até vendido no mercado local. "Neste ano, tivemos uma grata surpresa: nosso espumante ganhou medalha de ouro no Concurso Internacional de Vinhos da Associação Brasileira de Enologia", diz Trevisan.

Participaram da disputa 14 países, com 405 amostras da bebida, que foram julgadas por 40 enólogos de várias nacionalidades.

Outras faculdades da região também têm a uva como tema. Na cidade de Videira (SC), região produtora de vinhos e frutas, a Unoesc (Universidade do Oeste de Santa Catarina, http://www.unoescvda.edu.br ) resolveu mudar o perfil dos cursos de biotecnologia.

"Voltamos o trabalho do curso para o desenvolvimento regional", diz o químico Luciano Avallone Bueno, coordenador do curso. Essa é, aliás, a principal diferença entre o curso de biotecnologia industrial da Unoesc e os similares encontrados na Unesp e na Unicamp, por exemplo.

A primeira turma entrou na faculdade em 2002 e ainda não se formou, mas, de acordo com o professor, "o campo de trabalho é bem amplo, e as previsões são ótimas".

A partir do sexto período, os alunos optam entre a área de enologia e a de animal e vegetal. De olho nas vinícolas da região, a maior parte fica com a primeira opção e está prestes a ajudar o mercado -por enquanto, apenas enólogos fazem o trabalho.

Para o coordenador, os biotecnólogos vão ajudar bastante no processo da produção de vinhos. "A biotecnologia modifica a uva, é um estudo que pode melhorar as espécies", afirma.

Mas não foi só a produção dos vinhos que ganhou destaque nas Universidades da região. Distante da produção, a UFPR (Universidade Federal do Paraná, http://www.ufpr.br ) está mais preocupada com a conservação da costa marítima. Implantado em fevereiro de 2000 no Centro de Estudos do Mar, o curso de ciências do mar quer formar profissionais que serão úteis em toda a costa brasileira.

Segundo o coordenador do curso, o oceanólogo Maurício Noernberg, o currículo foi desenvolvido para acrescentar aos cursos tradicionais de oceanografia um enfoque mais preciso na área socioambiental.

No Paraná, Estado com um litoral pequeno e uma grande área preservada, essa compreensão pode ser vital para o desenvolvimento sustentável da região. Noernberg acredita que esse conhecimento também ajude nas regiões costeiras mais afetadas pelo turismo.

"Não há nenhum currículo nessa área com a preocupação de enxergar e contextualizar todos os aspectos envolvidos nessas localidades", diz.

Local de intensa produção madeireira, o Paraná abriga também o curso de engenharia industrial madeireira. A disciplina começou a ser lecionada no país em 1999, pela UFPR, e hoje já tem quatro cursos espalhados pela Brasil.

"A indústria madeireira é muita antiga e tradicional, e nunca investiu em recursos humanos. Acabou ficando tecnologicamente defasada", afirma o engenheiro Umberto Klock, coordenador do curso.

A sede do mercado por mão-de-obra especializada ficou clara quando a primeira turma se formou, no final do ano passado. Dos 22 novos engenheiros, 19 foram imediatamente empregados.

Os outros três se dedicaram à área acadêmica: um deles faz mestrado no México, outro na França, e o terceiro, na própria UFPR -sua bolsa, paga por uma empresa madeireira, é superior à recebida por doutorandos de institutos de pesquisa.

Na semana passada, quatro grandes empresas, inclusive estrangeiras, procuraram o curso de engenharia industrial madeireira, buscando os futuros novos formandos. Saíram de mãos abanando: todos os estudantes já têm empregos garantidos, a maior parte no Paraná.
(Folha de SP, 30/11)

JCE 2657, de 30 de novembro de 2004

As comemorações dos 35 anos da pós-graduação da USP foram encerradas nesta segunda-feira, em cerimônia no Anfiteatro Camargo Guarnieri, na Cidade Universitária

No evento foram homenageados os pró-reitores de pós-graduação que passaram pela universidade e ocorreu o lançamento do livro Construindo o Futuro - 35 anos.

Organizada por Shozo Motoyama, professor do Centro Interunidade de História da Ciência da USP, a obra abre com uma análise ampla e estrutural para tentar entender por que a pós-graduação se tornou tão importante na sociedade atual.

Inserido em um contexto discutido por autores como Eric Hobsbawn e Manuel Castells, o assunto ganha relevo. "(...) a sociedade exige um número cada vez maior de pesquisadores para enfrentar com êxito as questões que atormentam a população. Por conseguinte, tornou-se necessário não só aperfeiçoar e especializar a sua formação, mas também aumentar de maneira exponencial o seu número. Os cursos de pós-graduação nasceram com essa missão", escreveu Motoyama.

O primeiro capítulo do livro faz uma discussão sobre as raízes históricas da pós-graduação, experiência recente no Brasil mas presente na Europa já na Idade Média.

O segundo, "A Liderança Conquistada pela USP", descreve a criação, o desenvolvimento e a atuação dos programas de pós da instituição, que somam atualmente 271 cursos de mestrado e 255 de doutorado, cobrindo 284 áreas com 21.300 alunos matriculados.

Tudo isso em seis campi, instalados em Bauru, Piracicaba, Pirassununga, Ribeirão Preto, São Carlos e na capital do Estado.

O livro também aponta algumas perspectivas para o futuro da pós-graduação no país, em especial na USP. "(...) o futuro não é de todo aleatório, resulta do processo histórico no qual vivemos e moldamos. E uma coisa é certa. Qualquer que seja o caminho, o conhecimento será a moeda de troca. Em conseqüência, o agente que produz o conhecimento - a pesquisa - será fundamental para o sucesso. A pós-graduação que prepara quem realiza a pesquisa - o pesquisador - adquire também uma importância ímpar", afirmam os autores.

Mais informações no site: http://www.usp.br/prpg ou (11) 3091-3266/3190.
(Agência Fapesp, 30/11)

JCE 2657, de 30 de novembro de 2004

Novo serviço para bibliotecas digitais

O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) está lançando um novo sistema para proporcionar a implantação de bibliotecas digitais nas instituições de ensino superior (IES)

O Sistema de Publicações Eletrônicas de Teses e Dissertações (Tede) permite ainda a integração das IES com a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do Ibict e com a Networked Digital Library of Theses and Dissertation, da Universidade de Virgínia, nos EUA.

Segundo o Ibict, para utilizar o serviço estão disponíveis dois programas para download, o Tede Modular e o Tede Simplificado. O primeiro exige uma infra-estrutura de integração entre o curso de pós-graduação, o autor da dissertação e a biblioteca da instituição, no processo de publicação eletrônica da tese ou dissertação.

O Tede Simplificado possibilita a publicação eletrônica da tese ou dissertação pela IES, sem utilizar os recursos do Tede Modular, diretamente pela biblioteca, com a autorização do autor da tese ou dissertação.

Para as Universidades que contam com a versão beta 1 e a versão beta 2, o sistema Tede deve disponibilizar em breve todo o procedimento para a atualização da versão 2 final.

"Essas novas ferramentas possibilitam a adesão de novos usuários e a colocação de suas dissertações em meio eletrônico que, certamente, darão maior visibilidade às pesquisas realizadas para toda a comunidade acadêmica", disse Sueli Maffia, coordenadora da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do Ibict.

Mais informações: http://www.ibict.br
(Agência Fapesp, 30/11)

JCE 2657, de 30 de novembro de 2004

Sintonia com a ciência brasileira

Quem gosta de ler reportagens sobre descobertas científicas recentes e a produção tecnológica nacional agora também poderá ouvi-las

A partir de 11 de dezembro, a rádio Eldorado AM passa a transmitir todos os sábados, às 12h30 - com reprise no mesmo dia às 19h30 e aos domingos às 20h30 -, o programa Pesquisa Brasil, realizado em parceria com a revista Pesquisa Fapesp e com produção do Cotta Hossepian/Escritório de Comunicação.

A idéia de realizar um programa com base no conteúdo da revista surgiu no final de 2003, a partir de conversas entre os dirigentes dos dois veículos de comunicação, que compartilham credibilidade e estilos jornalísticos semelhantes.

"A Eldorado é uma rádio jornalística que sempre busca excelência em conteúdo e inovação", diz Isabel Borba, diretora executiva da emissora. "Essa será nossa primeira experiência voltada exclusivamente para a divulgação da ciência e tecnologia."

Apresentado pela jornalista Tatiana Ferraz, o programa contará com a participação de Mariluce Moura, diretora de redação da Pesquisa Fapesp. "Esse é um casamento de dois talentos excepcionais", comenta Isabel.

"Tatiana contribui para o programa com sua habilidade em comunicação e na interação com o ouvinte, enquanto Mariluce agrega sua experiência em divulgação científica."

Cada edição de Pesquisa Brasil trará uma entrevista principal com pesquisadores brasileiros a respeito de temas de peso tratados na revista.

Também destacará um fato científico da semana e apresentará notícias sobre estudos recentes, como a descoberta de alterações genéticas que favorecem fumar menos, e inovações tecnológicas a caminho do mercado, a exemplo de grafites de lapiseira que se tornaram mais resistentes com a adição de nanocompostos.

O ouvinte também terá a oportunidade de relembrar exemplos, como a contribuição do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern) para a física ou o trabalho do naturalista alemão Fritz Müller no sul do Brasil, comentados no quadro Memória. Poderá também tirar dúvidas na seção Pesquisa-responde.

"Gravaremos as perguntas e procuraremos pesquisadores para respondê-las", explica o jornalista Milton Leite, editor chefe da equipe de reportagem da Eldorado AM.

Com transmissão na freqüência de 700 kHz, a Eldorado AM atinge a população da capital paulista e das cidades a até 100 quilômetros. Também é possível acompanhar os programas pela Direct TV e pelo site http://www.radioeldoradoam.com.br .
(Agência Fapesp, 30/11)

JCE 2657, de 30 de novembro de 2004

Ferramenta mapeia competência científica da UFMG

Em fase de testes, catálogo eletrônico indica especialistas para prestar esclarecimentos sobre temas acadêmicos

Como identificar, com rapidez e segurança, entre os cerca de 2.400 professores da UFMG, especialistas em determinadas áreas? A demanda, muito comum por parte da imprensa e por vezes de empresas ou instituições de ensino e pesquisa, gerou o Catálogo de Especialistas e Especialidades, que está em fase de testes.

O Catálogo, em versão eletrônica, apresentará um panorama da competência do corpo docente da UFMG, indicando temas sobre os quais cada professor se encontra qualificado para emitir opiniões, prestar esclarecimentos ou divulgar informações.

Uma ferramenta de busca permitirá a pesquisa de categorias definidas pelo usuário: tema de especialidade, pesquisa livre ou nome do professor.

Os dados disponíveis sobre o docente permitirão saber a unidade acadêmica e o Depto. ao qual é vinculado, seu telefone, fax e endereço eletrônico institucionais, informados com permissão dos pesquisadores. Uma versão impressa, a ser distribuída para os veículos de comunicação, também está prevista.

Cada professor poderá atualizar permanentemente qualquer dado sobre sua especialidade e contatos.

"Com este produto, a UFMG passa a fazer parte de um grupo restrito de instituições que desenvolveram, com tecnologia própria, ferramentas baseadas em gestão de informação", afirma a jornalista Ana Maria Vieira, uma das responsáveis pela elaboração do projeto, desenvolvido em parceria entre o Centro de Comunicação (Cedecom) e o Laboratório de Computação Científica (LCC), órgão suplementar ligado à Reitoria.

O projeto também contou, em sua fase inicial, com a colaboração de assessorias de imprensa de unidades acadêmicas e administrativas e das pró-reitorias de Extensão e de Pesquisa.

"Quando comparado aos Expert Guides (guias de especialistas) de grandes Universidades internacionais, o Catálogo de Especialistas e Especialidades da UFMG apresenta vantagens na forma de atualização da informação, que pode ser feita diretamente pelo especialista, e na flexibilidade de pesquisa", destaca o diretor do LCC, professor Osvaldo Carvalho.

Intercâmbio

Para a diretora do Cedecom, Maria Céres Pimenta, o catálogo de especialidades será um instrumento de democratização do acesso ao conhecimento acumulado na universidade.

Ela lembra que, além de públicos especializados, o cidadão comum também poderá consultá-lo. O catálogo facilitará, para os próprios pesquisadores, o acesso à informação e ampliará o intercâmbio de especialistas da própria UFMG ou de outras instituições.

"Assim, a UFMG ganhará uma ferramenta que lhe permitirá mapear sua competência científica e dar visibilidade ao trabalho que realiza", analisa Céres Pimenta. Osvaldo Carvalho acrescenta que o catálogo permitirá que a própria Universidade se conheça melhor, incentivando parcerias em pesquisas e outras formas de colaboração.

Desenvolvido para atender a imprensa - difusão científica e acesso a opiniões especializadas sobre determinados fatos - o Catálogo, cujo nome fantasia é Quem Sabe - Catálogo de especialistas e especialidades da UFMG, também será útil para pesquisadores e empresas que queiram estabelecer um outro tipo de relação com a Universidade, como a prestação de serviços ou o desenvolvimento de processos e produtos.
(Assessoria de comunicação da UFMG)

JCE 2657, de 30 de novembro de 2004

Alemanha publica livro de Hamilton Almeida sobre o cientista brasileiro Roberto Landell de Moura

A editora Debras Verlag, da cidade de Konstanz, Alemanha, está lançando o livro "Pater und Wissenschaftler" (Padre e cientista), de autoria do jornalista brasileiro Hamilton Almeida, que relata a fascinante e dramática história do cientista gaúcho Roberto Landell de Moura (1861 - 1928)

Padre Landell foi precursor do rádio, da televisão e do teletipo, entre outras notáveis descobertas. Foi ele quem transmitiu, pela primeira vez no mundo, no final do século XIX, a voz humana à distância através de uma onda eletromagnética. Apesar da sua genialidade, não recebeu apoio de ninguém, foi ignorado e perseguido. Quis unir a religião à ciência e acabou acusado de ter pacto com o diabo.

Patenteou seus inventos no Brasil e nos EUA, realizou experimentos e, ainda assim, não foi reconhecido em sua época. No Brasil, chegaram a destruir os seus aparelhos e impedir seus estudos.

Para contar a história do Padre Landell, Almeida pesquisou durante vários anos em diversas cidades brasileiras. A documentação chamou a atenção do editor Heinz Prange, que tomou a iniciativa de levar a obra para a Alemanha. Prange foi professor de física e eletricidade no Instituto Cristiani, em Konstanz, e é radioamador.

Padre Landell também aperfeiçoou o sistema de telegrafia sem fio e transmitiu pela primeira vez no mundo em ondas contínuas, que são superiores às ondas amortecidas utilizadas nos primeiros tempos das radiocomunicações por outros cientistas. Recomendou o emprego das ondas curtas para aumentar a distâncias das transmissões quando elas não eram sequer cogitadas pelos outros cientistas.

Para a transmissão de mensagens, o padre e cientista também se utilizava da luz, o mesmo princípio que aperfeiçoou as comunicações modernas, empregando-se o laser e as fibras ópticas.

Numa época em que as telecomunicações eram precárias até mesmo entre cidades vizinhas, ele já acreditava na possibilidade das comunicações interplanetárias. Padre Landell morreu no anonimato e sua obra até hoje é pouco conhecida. Com o tempo, as suas invenções acabaram sendo inventadas por outros cientistas.

Na história oficial, o mérito da descoberta do rádio é concedido ao italiano Guglielmo Marconi. É um equívoco: ele inventou o telégrafo sem fio e não o rádio tal como o conhecemos.

A história do Padre Landell derruba este e outros mitos da história das telecomunicações.

Mais informações pelo e-mail: hamilton_xxi@yahoo.com