Maria Margarida Gomes
UFRJ e Doutoranda UFF
Alice Casimiro Lopes
UERJ
Resumo
Analisamos a contextualização
e as tecnologias em livros didáticos de Biologia e Química,
visando a compreender como esses discursos, também presentes nos
PCNem, são apropriados e hibridizados. Entendemos os livros didáticos
como textos que produzem sentidos e significados nas políticas de
currículo, produções culturais recontextualizadas
por hibridismos, nos termos de Basil Bernstein e Stephen Ball. Defendemos
que esses materiais não representam um consenso sobre tais concepções.
Os enfoques sobre contextualização e tecnologias expressos
nesses materiais são hibridizados a partir de diversas influências.
Palavras-chaves: hibridismo, livros didáticos, políticas
de currículo, recontextualização.
Abstract
We analyze Biology and Chemistry
school textbooks to understand how conceptions of contextualization and
technologies are overtaken and hybridized. We consider that textbooks produce
meanings (senses and signifieds) in curricular policies. These are cultural
productions that were hybridized and recontextualized according to Basil
Bernstein and Stephen Ball. We argue that the focus on contextualization
and technologies expressed in those textbooks are hybridized from several
influences and they do not represent a consensus about those conceptions.
Key-words: curriculum policy, hybridism, recontextualization,
school textbooks.
Textos e discursos nas políticas de currículo
O Brasil, como vários
outros países, vem desenvolvendo, desde a década passada,
reformas curriculares na educação básica. Essas reformas
são construídas com base em uma convergência de discursos
que buscam articular a educação ao panorama mundial. As diretrizes
curriculares nacionais (DCNem) e os parâmetros curriculares nacionais
para o ensino médio (PCNem) são alguns dos documentos balizadores
dessas reformas, expressando seus princípios e indicando intenções
públicas para a escolarização. Como já discutido
em outros trabalhos (Lopes, 2002a & 2002b), a organização
curricular assume o centro da cena, sendo propostas ações
que visam a fazer as escolas rediscutirem suas formas de organizar os saberes,
seja pela busca de maior inter-relação entre os mesmos, via
interdisciplinaridade, seja por maior sintonia desses saberes com a vida
contemporânea, via contextualização e tecnologias.
Esses textos são, assim,
produtores de políticas de currículo, não se constituindo
como sua única expressão. Com base nos estudos de Stephen
Ball, temos argumentado em favor da fecundidade do entendimento da política
curricular como uma produção de sentidos e significados para
as decisões curriculares em múltiplos contextos, com as definições
políticas sendo entendidas tanto em sua dimensão textual
quanto em sua dimensão discursiva, associando princípios
estruturalistas e pós-estruturalistas[2].
Os diferentes contextos apresentam-se
como espaços de negociação e de produção
das políticas: o contexto da influência, no qual as definições
e os discursos políticos são iniciados e/ou construídos;
o contexto da produção de textos, no qual textos com as definições
políticas selecionadas são produzidos; e os contextos da
prática, nos quais as definições curriculares são
recriadas e reinterpretadas. A transferência de textos e discursos
de um contexto a outro está sujeita aos processos de interpretação
e lutas, os quais podem ser entendidos por meio do conceito de recontextualização
(Bernstein, 1996, 1998). Dessa forma, podemos afirmar que as políticas
de currículo são produtos dos processos de recontextualização
de outros textos e discursos dos campos de conhecimento, das agências
de fomento internacionais, da família e da comunidade, bem como
das escolas.
Para Ball (1999), esses processos
de recontextualização podem ser analisados pela incorporação
do caráter híbrido da cultura. Em outras palavras, a recontextualização
dos textos e discursos curriculares assume um caráter híbrido,
na medida em que esses são deslocados das questões e relações
de origem e recolocados em novas questões e relações,
produzindo novos sentidos e significados para os recortes estabelecidos.
Nesse processo, as relações de poder se entrecruzam de tal
maneira que a eficácia de cada relação é enfatizada
pelo próprio entrelaçamento (Canclini, 1998).
Dentre os textos circulantes nos contextos produtores das políticas
situam-se os livros didáticos. O livro didático é
entendido aqui em sua definição clássica: livro elaborado
com o intuito de ser uma versão didatizada do conhecimento para
fins escolares e/ou com o propósito de formação de
valores, o que Choppin (2004) denomina como literatura didática
técnica ou profissional, com as funções de referencial
curricular, de instrumentalização de métodos de aprendizagem,
ideológica e cultural e, mais restritamente, documental. Nesse sentido,
o livro é apresentado como guia curricular, orientador da prática
docente, por vezes com maior influência sobre as ações
dos professores do que os próprios referenciais curriculares (Lopes,
2005b; Mello, 2004). Trata-se de um currículo escrito que visa a
apresentar uma seleção de saberes e uma forma de organização,
freqüentemente prescritiva.
Os livros didáticos são
resultados de disputas relacionadas às decisões e ações
curriculares, um currículo escrito que nos proporciona um testemunho,
uma fonte documental, um mapa do terreno sujeito a modificações;
constitui também um dos melhores roteiros oficiais para a estrutura
institucionalizada da escolarização (Goodson, 1998: 21).
São também documentos monumentalizados em que podem ser identificadas
tendências dominantes, muitas vezes em conflito entre si, que participaram
de sua elaboração. Como monumentos são produzidos
socialmente e são o resultado de relações de poder
(Le Goff, 1985).
Não desconsideramos que
os livros didáticos sofrem alterações na prática
escolar, pois os textos são reinterpretados com base nas histórias
de vida dos professores, suas concepções curriculares e a
cultura escolar na qual se inserem. (Cohen & Ball, 1990; Nunes-Macedo
& Mortimer, 2004). Entretanto, salientamos que uma das ações
nas políticas de currículo é fazer desses textos menos
polissêmicos, menos abertos a serem reescritos, em virtude dos discursos
que os constituem e das condições de leitura. Aposta-se na
paráfrase dos textos, em função do que se supõe
ser o controle da qualidade da prática curricular. Tal controle
é exercido não apenas pelo contexto de produção
das definições curriculares, mas também pelo mercado
editorial, pelos grupos produtores dos textos didáticos, por discursos
de valorização do livro didático e por mecanismos
de avaliação centralizada dos livros.
Defendemos, assim, que os livros
didáticos são produções recontextualizadas
por hibridismos em diferentes contextos e relações sociais.
Compreender quais os discursos híbridos envolvidos nesse processo
de recontextualização permite identificar as relações
de poder que as políticas instituem. Nesse sentido, da mesma forma
que a proposta curricular oficial é uma produção híbrida
e recontextualizada, os conceitos introduzidos pelos PCNem também
estão sendo apropriados e recontextualizados por certos grupos sociais,
assumindo assim novos sentidos e significados.
Os livros didáticos do
ensino médio vêm sendo reformulados principalmente desde 1999,
e assumem cada vez mais concepções e slogans preconizados
nos documentos oficiais, como forma de justificar as novas edições.
Tais apropriações são desenvolvidas de diferentes
maneiras, conforme os atores envolvidos no processo. Com base em Bernstein
(1981, 1996), podemos afirmar que o novo foco e ordenamento é expressão
das lutas e dos interesses predominantes nos grupos envolvidos. Para o
autor, as propostas curriculares oficiais são o resultado de disputas
que visam a produzir e a instituir determinadas identidades, utilizando
para isso recursos humanos, materiais e simbólicos. Assim, as concepções
introduzidas pelos documentos oficiais, assumem novas concepções
e significados, a partir das releituras feitas nos diferentes grupos, que
são utilizados para questionar os documentos ou reforçá-los
de acordo com os interesses em questão. Torna-se, então,
um foco de pesquisa importante entender tais leituras realizadas.
A Pesquisa em foco
A finalidade deste artigo
consiste, assim, em entender como a produção de livros didáticos
faz parte dos processos de recontextualização das políticas
curriculares, ou seja, quais discursos são apropriados e hibridizados
na elaboração dos livros didáticos. Com base nesse
quadro, queremos resgatar neste trabalho a análise de duas concepções
importantes para os PCNem, a contextualização e as tecnologias[3],
confrontando-as com as concepções que aparecem em livros
didáticos nos últimos anos e buscando compreender suas relações
com as finalidades da reforma.
Tencionamos com este trabalho,
também, nos distinguir de análises dos livros didáticos
que desconsideram sua dimensão curricular. Ferreira & Selles
(2003), ao analisarem a produção acadêmica brasileira
acerca de livros didáticos, em revistas nacionais que publicam sobre
o ensino de ciências, concluem que a produção acadêmica,
em geral, desconsidera a complexidade dos processos envolvidos na seleção
e organização desses materiais de ensino. Para essas autoras,
a maioria dos artigos analisados apresenta linhas de investigação
com objetivos mais voltados para as ciências de referência,
deixando de buscar compreender os livros didáticos a partir dos
objetivos sociais que lhes deram origem (2003: 15), bem como naturalizando
os mecanismos sócio-históricos envolvidos na produção
curricular. Gvirtz et al (2002), por sua vez, mostram-nos a relevância
de estudos sobre as relações entre documentos curriculares
e livros didáticos, apresentando uma análise sobre a politização
do currículo de ciências nas escolas argentinas. A partir
dessa análise, as autoras defendem que a organização
dos conteúdos nos livros didáticos não é resultado
do acaso, mas sim de políticas curriculares, desenhadas para formar
um perfil cultural específico na população, e dos
processos de escolarização do conhecimento (2002: 111).
Os trabalhos dessas autoras
revelam perspectivas para os estudos sobre os livros didáticos que
têm como finalidade compreender a complexidade da produção
desses materiais. Nessa perspectiva, os livros didáticos são
a expressão de uma complexa história de concepção
e produção, e refletem, portanto, os diversos campos de influência
existentes no momento histórico em questão. Sua análise
permite, assim, o estudo da recontextualização dos discursos
que influenciam os princípios da reforma e qual seu potencial de
mudança para o ensino.
Neste trabalho, detemo-nos na
análise de livros didáticos de Química e de Biologia
que expressam no seu discurso de apresentação a valorização
dos princípios da reforma preconizados nos documentos oficiais dos
DCNem e PCNem. Selecionamos tais livros por intermédio da identificação
de quais valorizam o “Novo Ensino Médio”, tanto nos dizeres de divulgação
das capas e contracapas quanto nas cartas de apresentação
das obras ao professor e/ou ao estudante. Buscamos, assim, interpretar
de que forma os autores e as editoras desses livros didáticos se
apropriam das idéias da reforma. Tal restrição dos
livros investigados às disciplinas Química e Biologia não
visa à extrapolação de nossas conclusões para
outros livros de disciplinas distintas, na medida em que disciplinas distintas
constituem diferentes campos com diferentes trajetórias, concepções,
lutas e interesses. O foco nas disciplinas, no entanto, permite problematizar
como a dimensão disciplinar é uma das dinâmicas a ser
considerada nos processos de recontextualização. Destacamos,
igualmente, que não se trata de uma análise quantitativa
das concepções, nem tampouco de uma análise que busca
dar conta de todos os livros que afirmam se apropriar da reforma existentes
no mercado, mas de entender alguns dos sentidos postos em circulação
por livros que se valem de uma relação com os documentos
oficiais em seus textos.
Defendemos, assim, que as orientações
sobre contextualização e tecnologias expressas nos livros
didáticos de Biologia e Química são hibridizadas a
partir de recortes e influências dos campos de pesquisa em ensino
da ciência de referência, dos textos e discursos oficiais e
dos discursos sociais circulantes que valorizam princípios gerais
no panorama mundial. As orientações híbridas são
recontextualizadas pelos autores e editores, na medida em que estabelecem
novos sentidos, significados e relações na complexa rede
que se forma.
A seguir, apresentamos primeiramente
os materiais escolhidos para análise, explicitando a sua estrutura
organizacional, a seleção de conteúdos e as estratégias
de ensino comuns, bem como as diferenças em relação
a edições anteriores. Em segundo lugar, focalizamos a valorização
dos princípios da reforma, contextualização e tecnologias,
na apresentação dos livros pelos autores. Finalmente, um
terceiro aspecto de análise inclui a compreensão de como
são apropriados os princípios de contextos e tecnologias
nos livros didáticos.
A organização dos livros didáticos
Foram selecionados, para análise,
livros didáticos que afirmam incorporar, de alguma forma, princípios
da reforma do ensino médio, no caso, materiais que apresentam data
de edição posterior aos primeiros documentos oficiais, publicados
em 1999, e fazem referências explícitas às diretrizes,
aos parâmetros, ao SAEB, ao ENEM ou à reforma de maneira geral.
Assim, foram reunidos os livros de Química e Biologia, com respectivos
manuais ou livros do professor, da Coleção Base, da Editora
Moderna; da Série Novo Ensino Médio, edições
compacta e reformulada, da Editora Ática; e da Coleção
Nova Geração, da Editora Nova Geração.
Das três coleções,
a Nova Geração é a que apresenta uma estrutura mais
original em relação aos livros didáticos tradicionais.
Os conteúdos de Biologia e Química são apresentados
em módulos editorados e diagramados sob a forma de revistas[4]
. Os diversos temas de Biologia estão estruturados, seqüencialmente,
em nove módulos e cada um destes é organizado em capítulos.
Cada capítulo apresenta os conteúdos em pequenas doses de
informação, incluindo questões que o aluno vai respondendo
de acordo com o avanço do estudo. A organização dos
módulos de Química dessa coleção, diferentemente
dos demais, é em torno de um tema central. Por exemplo, o primeiro
módulo é baseado no tema Lixo e o segundo, no tema Poluição
Atmosférica. Cada módulo é organizado em capítulos
que introduzem os conteúdos químicos a partir de textos amplos
relacionados ao assunto central intitulado Tema em foco.
Os módulos de Biologia
e Química dessa coleção se diferenciam também
pelo modo como são apresentados os textos complementares, exercícios
e atividades para os alunos. Nos módulos de Biologia, três
seções são apresentadas ao final dos capítulos:
Vamos criticar o que estudamos?, em que o autor procura levantar algumas
questões sobre os conteúdos estudados; Leitura, em que o
autor apresenta textos sobre algum assunto da Biologia ou de outra das
ciências da natureza; e Atividades, com exercícios de aprendizagem
e questões de vestibular. Já nos módulos de Química,
ao longo dos capítulos, são inseridos boxes: a) com exercícios
propostos pelos autores e com questões de vestibular; b) com perguntas
para reflexão sobre o texto ou sobre as imagens chamados Pense;
c) intitulados Pense, debata e entenda, nos quais questões são
levantadas e relacionadas com outros conhecimentos disciplinares, prontamente
identificados pelos autores; d) chamados Atividades com exercícios
de aprendizagem; e) denominados Química na escola, propondo atividades
práticas relacionadas ao conteúdo estudado; f) chamados Conhecendo
um pouco mais e Ação e cidadania, nos quais aprofundam determinado
assunto e visam promover um melhor conhecimento de sua comunidade, respectivamente.
Ao final dos módulos, existem ainda os exercícios de revisão
para todos os capítulos englobando apenas questões objetivas
de vestibulares de inúmeras instituições. Ainda que
em cada módulo a estrutura do curso seja apresentada como uma seqüência
de aulas a ser seguida, a estrutura em módulos em si aponta para
a flexibilização das unidades de conteúdos, pois os
professores são mais estimulados a utilizarem os módulos
na ordem que julgarem conveniente.
Tanto a Coleção
Base como a Novo Ensino Médio são organizadas em unidades
e capítulos e apresentam uma organização menos diferenciada,
em relação aos materiais didáticos de Biologia e Química
usualmente disponíveis no mercado editorial. A Coleção
Base apresenta uma organização seqüencial de conteúdos.
Os livros de Biologia e Química são divididos em unidades
compostas por diversos capítulos. Cada capítulo inclui apresentação
de conteúdos, atividades, exercícios e textos complementares
abordando assuntos relativos à contextualização, à
interdisciplinaridade e às tecnologias. Assim, por exemplo, o livro
de Química engloba a introdução de conteúdos,
exercícios, exercícios complementares e textos complementares
destacados em boxes coloridos ao longo dos capítulos. Os boxes tratam
de temas relativos ao cotidiano pessoal e profissional, relacionando o
conhecimento científico e tecnológico com o conhecimento
químico e com o contexto social mais amplo.
As edições compacta
e reformulada da Série Novo Ensino Médio, introduzem uma
organização de conteúdos e estratégias de ensino
em módulos. Tais módulos equivalem aos capítulos da
Coleção Base. A diferença entre as edições
compacta e reformulada é que a primeira apresenta menos inserções
relativas aos princípios dos PCNem. Por exemplo, a edição
compacta deste livro é mais simples e apresenta os conteúdos
de Biologia seqüencialmente sem modificações que pareçam
ter relação com as mudanças propostas pelos textos
disciplinares dos PCNem. Já a edição reformulada,
indica uma preocupação com os aspectos das diretrizes oficiais
da reforma por intermédio de textos incluídos em boxes diferenciados.
A edição reformulada apresenta ainda as seções
Contextos, aplicações, interdisciplinaridade sob a forma
de textos relativos aos conteúdos dos módulos, que não
estão presentes na edição compacta. Os capítulos
denominados módulos versam sobre os conteúdos tradicionais
dos livros didáticos de Biologia e de Química.
Tais alterações,
ainda que não se constituam obrigatoriamente em novas seleções
e organizações dos conteúdos, apontam para uma idéia
de mudança que é constituída pelos discursos da reforma,
mas que também contribui na sua constituição. Essa
idéia de mudança também está presente na incorporação
dos princípios das propostas curriculares.
Os livros didáticos e os princípios das propostas curriculares
Mesmo não sendo exatamente
um princípio definido pelos documentos oficiais, a idéia
de mudança é acentuadamente valorizada pela reforma do ensino
médio como algo fundamental para o que se pretende ser uma nova
visão desse nível de ensino. Tal idéia também
se expressa nos livros didáticos analisados, uma vez que a chamada
para uma grande mudança é uma das formas utilizadas para
divulgação e valorização desses livros pelas
editoras. A mudança é apresentada, por vezes, como uma reorganização
curricular, caso dos módulos de Química, em que os autores
argumentam ter buscado unir resultados de pesquisas em ensino de Química
a uma proposta curricular que se enquadrasse nas novas Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio (Santos & Mol, 2003a, p. 2, Guia
do Professor). Outras vezes, a mudança é expressa nos dizeres
e frases nas capas e contracapas - Obra escrita com base nas Matrizes Curriculares
de Referência para o SAEB -, como no caso da Coleção
Base, que valoriza os exames de avaliação nacionais sem representar
uma mudança curricular efetiva, apesar de também buscar se
incorporar à idéia geral de mudança: O ensino médio
está mudando, a COLEÇÃO BASE também! (Perruzo
& Canto, 1999: 3). Outras vezes, ainda, a mudança se expressa
por meio de modificações visuais e gráficas, caso
dos livros de Biologia da Coleção Nova Geração
e Série Novo Ensino Médio. Dessa forma, é interessante
verificar que os materiais didáticos utilizam a mesma estratégia
que os discursos da reforma, uma vez que os PCNem também se apresentam
como promotores da grande mudança a ser realizada, a começar
pelo próprio slogan, no qual é denominada a proposta curricular:
“Novo Ensino Médio”. A concepção de mudança
abrange também os princípios norteadores dos PCNem, os quais
merecem destaque na análise dos livros.
Nos PCNem, a contextualização
é entendida como um recurso capaz de ampliar as possibilidades de
interação não apenas entre as disciplinas nucleadas
em uma área como entre as próprias áreas de nucleação
(Brasil, 1999, V. I: 79). Tal aspecto é entendido no documento como
uma forma de incorporar o cotidiano social e cultural à escola,
possibilitando aos estudantes construir um novo olhar sobre o mundo (Pereira,
2000). Dessa forma, a contextualização adquire a função
de inter-relacionar conhecimentos diferentes para a construção
de novos significados. Os livros didáticos apropriam-se dessa idéia
buscando valorizar o vínculo dos conhecimentos científicos
com a realidade. Assim, a orientação sobre a contextualização
predomina, na medida em que é importante instigar a curiosidade
do estudante, despertar o desejo de aprender e mostrar que a Química
é uma ciência extremamente vinculada à realidade (Perruzo
& Canto, 1999: 4). Cabe mencionar que esses autores já trabalhavam
com a valorização do cotidiano, não sendo a contextualização
um conceito completamente novo no meio educacional. Nesse sentido, trata-se
também de uma apropriação, pelos PCNem, de discursos
circulantes no meio educacional. Outros livros são apresentados
ao professor como valorizadores da contextualização expressa
nas propostas oficiais e como capazes de relacionar o estudo dos elementos
no dia-a-dia para uma reunião de conceitos fundamentais à
compreensão de fenômenos próximos e reais. Segundo
o autor, eles procuram estabelecer ligações com o cotidiano
e fazer as devidas contextualizações, dentro do espírito
das atuais propostas curriculares para o EM (Sardella, 2003a: 3). Já
a Coleção Nova Geração ressalta a importância
de como utilizamos o conhecimento científico, sendo seus módulos
elaborados com uma abordagem que lhe permita compreender os problemas sociais
relacionados à Química e fazer uso de seus conceitos na descoberta
de um mundo melhor (Santos & Mol, 2003a: 2).
No entanto, é interessante
perceber que, mesmo valorizando a contextualização dos conteúdos
didáticos, há nessas apresentações uma grande
valorização dos conteúdos disciplinares. Assim, a
contextualização aparece ao lado da importância dos
conteúdos na contracapa do livro afirmando que além do rigor
conceitual, esta obra contempla a contextualização e a interdisciplinaridade
(Favaretto & Mercadante, 2003). A pretensão, expressa nos PCNem,
de combater o “conteudismo” por meio dos princípios de contextualização
e tecnologias não se configura nos livros didáticos. Estes
expressam mais um discurso que recontextualiza as orientações
dos parâmetros por intermédio de sua hibridização
aos discursos dos conteúdos disciplinares. Com isso, as características
de mudança são incorporadas de maneira a manter a seleção
e organização curricular já existente, caracterizando
a estabilidade disciplinar (Goodson, 1997).
Outro aspecto que chama a atenção nas
formas de apresentação dos livros didáticos é
a valorização dos exames nacionais. Por exemplo, a Série
Novo Ensino Médio apresenta na edição compacta de
Biologia a seguinte afirmação: No fim de cada módulo
aparecem questões recolhidas dos principais vestibulares do país.
Diversos testes do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) estão
distribuídos de acordo com os temas dos módulos (Paulino,
2003: 3). Já na edição reformulada podemos encontrar
tanto a divulgação das questões de vestibular como
das seções contextualizadoras: Ao longo do livro apresentamos
dezenove seções denominadas Contextos, aplicações,
interdisciplinaridade, com temas associados à história da
ciência, ao cotidiano, às conquistas tecnológicas e
suas implicações éticas (Paulino, 2002: 3).
A tecnologia também é
valorizada e apresentada de forma bem marcante pelos módulos de
Biologia que ressaltam em seus textos de apresentação a importância
da tecnologia e da interdisciplinaridade, refletindo a relação
entre ecologia e sociedade:
Essa harmonia consubstancia-se em ampla interação e interdependência, de tal forma que cada componente participa da subsistência do outro. É a parceria das empresas, é a interdisciplinaridade da Educação, é o uso múltiplo da tecnologia, é a relação harmônica das formas vivas (Laurence, 2002: 3).
A opção
pelos princípios norteadores da proposta curricular oficial expressa
nas capas, contrapas e apresentações dos livros didáticos
não implica que as interpretações de suas concepções
sejam uniformes. Partindo dessa perspectiva, passamos à análise
de como os princípios da contextualização e tecnologias
são apropriados pelos materiais didáticos na apresentação
dos conteúdos e estratégias de ensino.
Contextualização e tecnologias nos livros didáticos
As estratégias utilizadas
para relacionar esses princípios aos conteúdos disciplinares
são bem diversas e vão desde a inclusão de boxes com
textos ao final dos capítulos, como os intitulados Ciência
e Tecnologia (Favaretto & Mercadante, 2003; Laurence, 2001/a, 2002)
ou ao longo dos mesmos (Perruzzo & Canto, 1999) ou ainda pela inclusão
de seções ao final de um grupo de módulos denominadas
Contextos, aplicações e interdisciplinaridade (Sardella,
2003a; Paulino, 2002). Outra estratégia é a abordagem diferenciada
por um tema central contextualizador que permeia todos os conteúdos
(Santos & Mol, 2003/a). Além disso, as coleções
analisadas privilegiam, em maior ou menor grau, as tecnologias e a contextualização,
sendo difícil diferenciá-las, tal a estreita relação
que apresentam. Esse estreitamento também é expresso pelos
documentos oficiais ao afirmar que as tecnologias presentes nas áreas
da nova organização curricular só podem ser entendidas
de forma significativa caso sejam contextualizadas.
Nos livros de Biologia, os contextos
privilegiados são o meio-ambiente e o cotidiano, os quais aparecem
em textos como: Urbanização e degradação ambiental,
Contaminações com material radioativo: o fantasma de Chernobyl
(Favaretto & Mercadante, 2003: 26, 56-7); Água: o ouro transparente
do novo milênio (Paulino, 2002: 18); Seleção na espécie
humana (Laurence, 2001: 91). Já as tecnologias estão relacionadas
principalmente à utilização da biotecnologia, como
nos textos Biotecnologia abre novas fronteiras agrícolas, Enganando
enzimas, salvando vidas (Favaretto & Mercadante, 2003: 58, 67), Clonagem
de embriões/Células troncos – a medicina do futuro (Paulino,
2002: 306). É interessante ressaltar que os módulos de Laurence
apresentam uma forte inclinação para as relações
do trabalho, chegando mesmo a estabelecer um paralelo entre a seleção
natural e a seleção para o mundo do trabalho, dinâmicas
completamente distintas, buscando naturalizar um conceito altamente contestado
que faz parte dos discursos da reforma.
Com relação aos
livros de Química, identificamos que as concepções
de contextualização estão ligadas ao cotidiano pessoal
e profissional, com questões sociais, ambientais e tecnológicas.
Citamos, como exemplos, os textos População, clima e meio-ambiente,
Acidez na chuva (Perruzzo & Canto, 1999: 75, 232), Álcool: o
ex-combustível do futuro, Nobel premia pesquisas úteis à
indústria (Sardella, 2003a: 177, 338). Ressaltamos que, em alguns
desses textos (Perruzzo & Canto), não há nenhuma sugestão
de atividade para os alunos nem alteração da organização
de conteúdos anterior, o que pode sugerir uma inserção
para sintonizar o livro com a reforma, sem a preocupação
de utilizar esses princípios para redefinir sua organização.
Em outros (Sardella, 2003a), os assuntos não estão relacionados
aos conteúdos disciplinares, bem como não interferem na organização
curricular básica. Quanto às tecnologias, verificamos o direcionamento
para as questões ambientais, produtivas e do cotidiano pessoal.
Aparecem assim, temas como: Fluorescência e fosforescência,
Especialista dos EUA confirmam uso de amônia em cigarro Marlboro
(Perruzzo & Canto, 1999: 28, 64), Recursos renováveis e não-renováveis,
Descarte de pilhas e baterias (Sardella, 2003a: 62, 250). É importante
destacar que as tecnologias não são utilizadas somente para
contextualizar, podendo aparecer como elementos questionadores das vantagens
e desvantagens que envolvem um determinado tema (Santos & Mol, 2003).
A contextualização
e as tecnologias são apresentadas pelos PCNem com objetivo de contribuir
para a superação de um ensino médio marcadamente disciplinar
e para construir caminhos de integração entre disciplinas.
A este respeito, Abreu (2002) e Gomes (2002) chamam a atenção
que os termos tecnologia e contextos não apresentam o mesmo significado
nas diferentes disciplinas das áreas nos documentos oficiais. Esses
conceitos não são únicos, fato que pode ser compreendido
pelas diferentes concepções que perpassam os contextos disciplinares.
Para a Biologia, o contexto mais privilegiado possui um significado mais
amplo, abordando aspectos referentes à saúde, ambiente, tecnologia
e qualidade de vida individual e social, e ainda aos aspectos éticos.
A tecnologia é utilizada como forma de investigação
e intervenção na vida e no ambiente, uma vez que o discurso
dos documentos oficiais refere-se inúmeras vezes às questões
relacionadas à genética, à produção
científica e ao meio-ambiente. Na Química, por sua vez, o
contexto individual e social é ressaltado, bem como as problemáticas
ambientais que são apontadas como o resultado das relações
entre aspectos sociais, políticos e econômicos com os aspectos
do sistema de produção. A expressão tecnologia aparece
fortemente ligada ao processo produtivo, industrial e às questões
ambientais, sendo utilizada na compreensão das transformações
químicas que ocorrem no mundo físico de forma abrangente
e integrada, no julgamento de informações e na tomada de
decisões.
Da mesma forma, a apropriação desses princípios
pelos livros didáticos analisados não parece privilegiar
a integração de conteúdos das disciplinas da área.
Assim, a Coleção Nova Geração apresenta diferenças
marcantes na forma de valorizar a contextualização e as tecnologias.
Nos livros de Biologia, o contexto do trabalho é valorizado por
meio da construção de paralelos entre os conhecimentos de
Biologia e a formação do estudante para a vida no trabalho
e na empresa. Exemplo interessante é o texto:
Seleção na espécie humana: No caso da espécie humana,…,em função principalmente da enorme divisão de trabalho, surge um novo tipo de confronto entre as pessoas: a seleção profissional…uma outra luta de competência, para a qual o indivíduo precisa ser preparado desde o início da vida (Laurence, 2001: 91).Dessa forma, a dimensão do trabalho humano é apresentada de forma mais simplificada que nos próprios PCNem, sendo destacada a naturalização já mencionada. Já os módulos de Química apresentam uma abordagem contextual por intermédio de temas centrais, como, por exemplo, lixo e poluição atmosférica, relacionados à formação de um cidadão mais consciente e ativo dentro da perspectiva Ciência-Tecnologia-Sociedade (CTS). A contextualização aparece nos textos introdutórios sobre o assunto central, bem como em outros textos e imagens.
Considerações finais
As orientações
oficiais estão sendo recontextualizadas pelos livros didáticos,
na medida em que são colocadas em outros contextos, relacionadas
com outros interesses e integradas a outras orientações.
Nessa recontextualização, há ressignificação
dos conceitos dos contextos de produção, das propostas oficiais
(PCNem) e das propostas dos grupos de pesquisa em ensino, bem como a ressignificação
dos discursos sociais que valorizam cada vez mais o conhecimento científico-tecnológico
submetido à lógica do trabalho e do mercado, associados aos
interesses editoriais e às visões dos próprios autores.
Dessa maneira, os livros didáticos expressam concepções
de grupos específicos em um novo contexto de produção
de discursos híbridos, os quais estabelecem novas relações
entre os mais diversos grupos, educacionais ou não. Portanto, as
concepções analisadas neste trabalho devem ser consideradas
produções híbridas, uma vez que expressam a negociação
entre sentidos de propostas curriculares diversas, notadamente aquelas
marcadas pela estrutura das disciplinas com base acadêmica e os princípios
relacionados a contextos da vida social e às tecnologias. As concepções
analisadas apresentam significados e ênfases diferentes nos livros
didáticos selecionados, devendo ser considerado que, apesar de os
livros didáticos serem reformulações ou elaborações
baseadas nos mesmos documentos oficiais da reforma do ensino médio,
eles não originam um consenso nem uma uniformidade quanto às
concepções apropriadas.
Por exemplo, para as duas disciplinas
investigadas, nas Coleções Base e Série Novo Ensino
Médio, a contextualização é trabalhada como
uma forma de exemplificar a teoria na prática, sempre após
a apresentação de um conteúdo, como se fosse uma informação
complementar, não modificando a apresentação dos conteúdos
disciplinares, os quais continuam os mesmos. A apropriação
ocorre por adaptação de antigas edições, tornando
os princípios apenas aspectos marginais que não interferem
na organização e na seleção do conteúdo
disciplinar.
Já na Coleção Nova Geração, que
apresenta maior “consonância” com o enfoque tecnológico do
discurso oficial, a contextualização baseia-se nos processos
tecnológicos relacionados a um tema e aos conteúdos químicos,
organizados de forma diferenciada, de maneira que o indivíduo compreenda
as relações existentes entre ciência, tecnologia e
sociedade e possa interferir no mundo em que vive. Essa “consonância”
também deve ser entendida sob outra perspectiva: que os textos oficiais
se apropriam dos discursos da área de ensino para legitimarem sua
proposta. Os próprios autores de Química dessa coleção
já apresentavam uma proposta diferenciada e semelhante aos PCNem
bem antes do lançamento deste (Projeto PEC – UNB), sendo as mudanças
realizadas para essa edição feitas para se adequarem à
proposta da editora e não, aos documentos oficiais.
Tal divergência deve ser
considerada natural, uma vez que os grupos constituintes dos diversos campos
editoriais possuem interesses e finalidades diferentes, produzindo assim,
textos com significados e sentidos diversos. Não podemos deixar
de lembrar que os textos produzidos também levam em consideração
aspectos editoriais, como é o caso da diagramação
e da edição de imagens, que introduzem novos sentidos ao
currículo, não necessariamente previstos pelos autores dos
textos. Constatamos que as diferentes concepções encontradas
nos livros didáticos são resultados da apropriação
e recontextualização dos discursos sobre o conhecimento nos
campos de ensino de Química e de Biologia e do próprio discurso
das propostas curriculares.
A Coleção Nova
Geração, elaborada por pesquisadores atuantes no ensino de
Química, possui as concepções oficiais hibridizadas
às concepções dos próprios autores. Em outras
palavras, os textos da reforma e os textos sobre ensino de Química
são retirados de seu local de origem, recolocados em novas posições
(no caso, elaboração de um livro didático) e ressignificados
diante das novas posições e interações adquiridas.
Nesse caso, ocorre uma dupla recontextualização: a recontextualização
das orientações oficiais e a recontextualização
das orientações sobre as pesquisas em ensino de Química.
Diferentemente, o autor dos livros de Biologia dessa coleção
introduz uma proposta semelhante ao ensino programado, organizando e selecionando
os conteúdos e atividades de forma parecida com materiais didáticos
anteriores à reforma. Tal proposta revela uma forma diferente de
apropriação dos discursos do contexto de produção
de definições curriculares.
Dessa forma, as diferentes posições,
sentidos e significados assumidos na elaboração desses livros
didáticos se inserem na produção das políticas
de currículo. Em outras palavras, os livros didáticos tornam-se
também textos produtores de políticas de currículo,
com finalidades as mais distintas, na medida em que reinterpretam e criam
novos sentidos, afetando tanto o contexto da prática quanto o contexto
de produção de textos das políticas. Concordamos com
Ball (1999) não ser possível controlar todos os sentidos
que surgirão nas diversas leituras, ainda que sejam usados diferentes
mecanismos para o controle dessas interpretações. Particularmente
no caso dos livros didáticos, esse controle da leitura se desenvolve
pelo processo de avaliação e de distribuição
dos livros às escolas, bem como pela própria concepção
de livro como um material didático capaz de orientar o currículo.
Na medida em que defendemos concepções de currículo
não-prescritivas, consideramos fundamental um debate sobre o papel
do livro na escola que se oriente para as múltiplas possibilidades
de leitura desse material e se distancie das tentativas de fazê-lo
o direcionador do currículo e, conseqüentemente, do trabalho
docente. Defendemos que não se trata de tentar limitar a prática
das escolas à paráfrase das definições oficiais
e dos livros didáticos, mas estimular a polissemia dos discursos,
na certeza de que sempre existem os embates entre diferentes sentidos nas
múltiplas leituras realizadas.
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[1] Este trabalho é decorrente das pesquisas
realizadas sob coordenação da Profª Alice Casimiro Lopes,
como parte das atividades do grupo de pesquisa Currículo: sujeitos,
conhecimento e cultura, da UERJ (www.curriculo-uerj.pro.br), contando com
o auxílio financeiro do CNPq e do Programa Prociência UERJ/FAPERJ.
Também participam dessa pesquisa: Ana de Oliveira (Mestranda/UERJ),
Bruna Leal Neves (IC/UERJ), Denys Brasil Rodrigues da Silva (Mestrando/UERJ),
Josefina Carmen Diaz de Mello (Doutoranda/UERJ), Leila Camelo do Santos
(CDI/RJ), Priscila Campos Ribeiro (IC/CNPq), Rosanne Evangelista Dias (CAp/UFRJ
- Doutoranda UERJ) e Sílvia Braña López (Mestranda/UERJ).
E-mail: contatos@curriculo-uerj.pro.br (volta para o texto)
[2] Sobre as possibilidades e as dificuldades
dessa articulação entre estruturalismo e pós-estruturalismo
na investigação de políticas de currículo,
ver Lopes (2005a). (volta para o texto)
[3] Para um aprofundamento do conceito de contextualização,
ver Gomes (2002). Para uma análise da recontextualização
do conceito de tecnologias, ver Abreu (2001). (volta para
o texto)
[4] Recentemente, após a pesquisa para
este artigo, a Editora Nova Geração optou por reunir os módulos
publicados em revistas em um único volume, no formato e material
mais usual de livro, porém mantendo o mesmo conteúdo e diagramação.
(volta para o texto)
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