Alberto Gaspar*
Isabel Cristina de Castro Monteiro**
*Prof. Dr. Depto Física e Química - Campus de Guaratinguetá
gaspar@feg.unesp.br
** Profa. Ms. Depto Física e Química / CTIG – Campus
de Guaratinguetá
Doutoranda em Educação para a Ciência – Campus
de Bauru
monteiro@feg.unesp.br
Unesp – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”–
Brasil
Resumo
Neste
trabalho apresentamos algumas características das atividades de
demonstração que permitem fundamentar o seu uso em sala de
aula a partir da teoria de Vigotski. Tal fundamentação traz,
a nosso ver, orientações relevantes para a otimização
do processo de ensino e aprendizagem a partir do uso de tais atividades
em sala de aula.
Palavras-chaves: atividades de demonstração; teoria
de Vigotski; ensino de Física.
Abstract
In this article we present
some characteristics of the demonstration activities that allow studying
their use in classroom, based on Vigotski’s theory. This study suggests,
in our opinion, important orientations for the improvement of the teaching
and learning process starting from the use of such demonstration activities
in classroom.
Keywords: demonstration activities; Vygotsky theory; teaching
of physics.
Introdução
A partir da década de 1970, começaram a surgir em todo mundo museus e centros de ciências, locais onde as demonstrações experimentais são o centro da atenção e do encantamento de seus visitantes (Gaspar, 1998). Esse movimento, a nosso ver, deu início a um processo de resgate da prática da apresentação de demonstrações experimentais em ciências em sala de aula. Vistas como pedagogicamente inócuas pelas teorias que centram na atividade do aluno a construção do seu conhecimento, o impacto que essas demonstrações provocam nos seus visitantes em ambientes informais, tanto do ponto de vista cognitivo como o da aprendizagem de conceitos, indicam que essa atividade pode ser pedagogicamente válida e significativa também em sala de aula. Para isso, é essencial que se encontre uma fundamentação teórico-pedagógica adequada que justifique sua validade pedagógica e oriente sua estruturação e desenvolvimento no ambiente escolar.
As atividades experimentais de demonstração em sala de aula, tanto quanto as atividades tradicionais de laboratório realizadas por grupos de alunos com orientação do professor, apresentam dificuldades comuns para a sua realização, desde a falta de equipamentos até a inexistência de orientação pedagógica adequada. No entanto, alguns fatores parecem favorecer a demonstração experimental: a possibilidade de ser realizada com um único equipamento para todos os alunos, sem a necessidade de uma sala de laboratório específica, a possibilidade de ser utilizada em meio à apresentação teórica, sem quebra de continuidade da abordagem conceitual que está sendo trabalhada e, talvez o fator mais importante, a motivação ou interesse que desperta e que pode predispor os alunos para a aprendizagem.
Gaspar (opus cit.) estudou
a viabilidade de se ensinar e aprender conceitos científicos em
ambientes informais, em nível introdutório, e dessa aprendizagem
vir a favorecer a compreensão e a aquisição formal
e mais aprofundada desses mesmos conceitos, tendo como embasamento teórico-pedagógico
a teoria sócio-cultural de Vigotski. Neste artigo, avaliamos a possibilidade
de se transpor e estender indicações e conclusões
de Gaspar (opus cit) para fundamentar, estruturar e desenvolver pedagogicamente
a atividade experimental de demonstração, de Ciências
ou de Física, em sala de aula. Para tanto, apresentamos uma breve
abordagem histórica sobre a origem dessas atividades, destacando
especialmente algumas de suas características e alguns trabalhos
que descrevem o uso ainda recente dessas atividades em sala de aula. A
seguir, expomos quais indicações da teoria de Vigotski aplicadas
ao ambiente informal podem ser adequadamente transpostas ou estendidas
para a apresentação em sala de aula. Finalmente são
descritos alguns dados resultantes da aplicação efetiva dessa
proposta em sala de aula, seguidas de algumas reflexões a eles relacionadas.
Características fundamentais
A expressão ‘atividade de demonstração’, no ambiente escolar, pode referir-se a qualquer apresentação realizada em sala de aula, não vinculada ao uso do quadro-negro, como, por exemplo, a exibição de um filme ou de um slide, cuja atividade pode ser considerada pedagogicamente válida. No entanto, aqui usaremos o termo ‘atividade de demonstração’ ou ‘atividade experimental de demonstração’, para designar atividades experimentais que possibilitem apresentar fenômenos e conceitos de Física, cuja explicação se fundamente na utilização de modelos físicos e priorize a abordagem qualitativa.
As atividades de demonstração dessa natureza não se restringem à sala de aula. Podem ser apresentadas também em outros ambientes em função dos quais adquirem características diferentes. Assim, podemos citar:
a) Atividades de demonstração em conferências ou palestras: são realizadas com dispositivos ou equipamentos experimentais específicos vinculados à explicação de temas apresentados durante uma palestra.
Palestras apresentadas em auditórios, teatros, quadras de esporte ou qualquer outro ambiente público, nas quais o conferencista utiliza habilmente as demonstrações experimentais para as sua explicações foram chamadas por Taylor (1988) de Lecture Demonstration. Segundo esse autor, uma lecture demonstration tem semelhanças com um show ou peça teatral. Os experimentos, equipamentos ou projeções são coadjuvantes do espetáculo, cuja mensagem principal pode ser a divulgação da ciência ou a alfabetização científica.
Taylor (opus cit.) enfatiza a necessidade de adequar e de tornar visíveis as atividades de demonstração para toda a platéia. Destaca ainda a necessidade de um ensaio geral, além de ensaios individuais com cada equipamento.
b) Atividades de demonstração em museus e centros de ciências: são experimentos expostos para apresentação aos visitantes ou para que eles próprios os manipulem. A alfabetização em ciências, assim como o seu ensino e divulgação são o principal objetivo dessas instituições. Enquanto em uma lecture demonstration o centro das atenções é o conferencista, nos museus ou centros de ciências o destaque está voltado ao ambiente, muitas vezes grandioso e repleto de estímulos. A presença de monitores para a apresentação das demonstrações é comum, mas eles atuam de forma restrita a alguns setores ou equipamentos.
c) Atividades de demonstração
em sala de aula: recebem muitas vezes a denominação de ‘experiências
de cátedra’. Segundo Ferreira (1978), os principais objetivos da
experiência de cátedra são:
• ilustrar e ajudar a compreensão das matérias desenvolvidas nos cursos teóricos;
• tornar o conteúdo interessante e agradável;
• desenvolver a capacidade de observação e reflexão dos alunos.
Esses objetivos dão
à experiência de cátedra a mesma conceituação
proposta aqui para a atividade de demonstração, pois vinculam
os equipamentos à explicação do professor e desencadeiam
nos alunos momentos de reflexão sobre os fenômenos físicos
apresentados, não se limitando à apresentação
ilustrativa dos equipamentos. No entanto, Ferreira (opus cit.) ressalta
que a apresentação de experiências de demonstração
em sala de aula geralmente negligencia as interações entre
os estudantes e entre eles e o instrumental. São aulas expositivas
nas quais o experimento realizado pelo professor equivale a um recurso
audiovisual.
Breve histórico
Provavelmente, a primeira instituição a utilizar alguns dispositivos experimentais para demonstrar princípios físicos para grandes audiências foi o Museu de Alexandria, criado por Ptolomeu I, por volta do ano 300 a.C. (Ronan, 1987). Segundo Taylor (opus cit.), as primeiras lectures demonstrations surgiram no século XVII, citando como exemplos as pinturas de aulas de dissecação do corpo humano, como a obra ‘Aula de Anatomia’, de Rembrandt (1632), gravura que mostra o físico Willian Gilbert demonstrando princípios do magnetismo à rainha Elisabeth I, no início do século XVII, bem como as lectures demonstrations apresentadas na Royal Society, na Grã-Bretanha, promovidas desde a sua fundação, em 1660, nas quais, entre os palestrantes, encontramos físicos renomados, tais como Thomas Young, Michael Faraday, John Tyndall, Hermann von Helmholtz, Jules Antoine Lissajous, Sir Lawrence Bragg e Julius Sumner Miller.
O uso de atividades de demonstração foi mais difundido nas escolas entre a metade do século XIX e a metade do século XX (Taylor, opus cit.; Bross, 1990; Gaspar, opus cit.). Nessa época os equipamentos experimentais tinham alto custo e costumavam ser apresentados pelo professor em laboratórios didáticos de Física, que pouco lembram os que conhecemos hoje.
Atualmente, há registros
de experiências isoladas que mostram a validade da utilização
de atividades de demonstração conforme os relatos dos trabalhos
citados a seguir:
a) Figueroa et al. (1994) realizaram um trabalho enfocando o uso das atividades de demonstração na Universidade Simon Bolivar, em Caracas, Venezuela. Adotando uma concepção semelhante à das ‘lectures demonstrations’, as demonstrações foram apresentadas paralelamente às aulas regulares em um auditório com capacidade para duzentas pessoas, em sessões de duas horas, com a freqüência média de uma apresentação a cada cinco semanas. Essas sessões foram assistidas voluntariamente pelos estudantes sem controle de presença nem avaliações individuais. Foram analisadas oito seções do programa de demonstrações, assistidas por um total de 640 estudantes da universidade, com freqüência de cerca de 70%. Verificou-se que, dos alunos presentes, cerca de 80% permaneciam, no auditório, durante as duas horas de demonstrações. Este fator foi considerado pelos pesquisadores como um indicativo de interesse e da participação ativa dos estudantes na maioria das demonstrações.b) Meseguer Dueñas et al. (1994) relatam atividades semelhantes realizadas na Universidade Politécnica de Valência, na Espanha. O trabalho, desenvolvido com a disciplina de Física, incluía o uso de equipamentos, vídeos e softwares. Entrevistas realizadas com cerca de 60 alunos mostraram que, para a grande maioria, essas atividades facilitaram a compreensão da teoria. Os autores concluíram que as experiências motivaram os alunos, despertaram neles o interesse pelos temas abordados e tornaram as aulas mais atrativas.
c) Barreiro & Bagnato (1992) desenvolveram um trabalho com aulas demonstrativas com a disciplina Mecânica Geral I, destinada aos alunos dos cursos de Engenharia do Instituto de Física da Universidade Federal de São Carlos, Brasil, durante o primeiro semestre letivo de 1992. As aulas teóricas e de exercícios foram intercaladas e ilustradas com demonstrações experimentais avaliadas, ao final, por meio um questionário respondido pelos alunos. Em linhas gerais, das respostas dos alunos, os autores destacam a importância atribuída a esse tipo de aula como instrumento capaz de concretizar a teoria por meio da prática. Em suas conclusões afirmam que, para os alunos, as demonstrações experimentais tornaram as aulas mais interessantes, os conceitos ficaram mais bem esclarecidos e a fixação da matéria melhorou, fatores esses que ajudaram na compreensão da teoria, nas aplicações e resoluções de exercícios.
Esses trabalhos valorizam
o uso das atividades de demonstração no processo de ensino
e aprendizagem, enfatizando sobremaneira seu caráter motivacional.
Embora a motivação seja um aspecto importante pelo interesse
que a demonstração experimental desperta nos alunos, esses
trabalhos não buscam descrever os processos pelos quais podemos
afirmar que essa utilização proporciona uma melhoria no ensino
e aprendizagem em sala de aula. Neste trabalho, nosso objetivo não
é avaliar o uso motivacional da atividade experimental, ou o seu
emprego quase consensual destinado a chamar a atenção e a
tornar a aula mais agradável e a predispor os alunos à aprendizagem.
Nossa hipótese é a de que as demonstrações
experimentais em sala de aula, desde que adequadamente apresentadas, proporcionam
situações específicas e momentos de aprendizagem que
dificilmente aparecem em aulas tradicionais, de lousa e giz, ou em atividades
experimentais realizadas apenas pelos alunos, com ou sem a orientação
do professor. Entendemos que esse estudo está vinculado à
proposta de um referencial teórico que contemple características
específicas desse procedimento, como o papel da interação
social, desencadeadas pela demonstração experimental e a
importância da mediação simbólica cujo uso ela
possibilita. Nesse sentido apresentamos algumas idéias da teoria
sócio-cultural de Vigotski, que acreditamos oferecer indicações
válidas para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem com
o uso das atividades experimentais de demonstração em sala
de aula.
A teoria de Vygotsky como fundamentação para as atividades de demonstração
Conceitos científicos e espontâneos
Howe (1996) destaca o fato de que, na teoria formulada por Vigotski, é considerado científico todo conhecimento de origem formal, relacionado às ciências sociais, línguas, matemática, ciências físicas e naturais. São conhecimentos sistemáticos e hierárquicos apresentados e apreendidos como parte de um sistema de relações, ao contrário do conhecimento espontâneo, composto de conceitos não-sistemáticos, não-organizados, baseados em situações particulares e adquiridos em contextos da experiência cotidiana.
A diferença crucial
entre essas duas categorias de conhecimentos é a presença
ou a ausência de um sistema. Vigotski (2001) classifica como científicos
todos os conceitos aprendidos na educação formal e como espontâneos
todos conceitos originários de uma aprendizagem informal, mas faz
questão de destacar a unicidade cognitiva do processo de aquisição
desses conceitos.
“O desenvolvimento dos conceitos espontâneos e científicos ? cabe pressupor ? são processos intimamente interligados, que exercem influências um sobre o outro. [...] independentemente de falarmos do desenvolvimento dos conceitos espontâneos ou científicos, trata-se do desenvolvimento de um processo único de formação de conceitos, que se realiza sob diferentes condições internas e externas mas continua indiviso por sua natureza e não se constitui da luta, do conflito e do antagonismo de duas formas de pensamento que desde o início se excluem”
(VIGOTSKI, 2001, p. 261).
Estudos empíricos
levaram Vigotski a confirmar sua hipótese de que a criança
utiliza conceitos espontâneos antes de compreendê-los conscientemente,
ou seja, antes de ser capaz de defini-los e de operar com eles à
vontade. Ela possui o conceito, conhece o objeto ao qual o conceito se
refere, mas não está consciente do seu próprio ato
de pensamento. Já o desenvolvimento de conceitos científicos,
por outro lado, tem uma trajetória oposta. Ele começa com
sua definição verbal, formal, com sua aplicação
em operações não-espontâneas. A criança
opera de início com esses conceitos a um nível de complexidade
lógica que só será atingido pelos conceitos espontâneos
no final de sua história de desenvolvimento. Em compensação,
só muito tardiamente a criança pode ter do conceito científico
o mesmo domínio e familiaridade que tem dos conceitos espontâneos.
Pode-se dizer que, do ponto de vista do nível de complexidade lógica,
o desenvolvimento dos conceitos espontâneos na criança é
ascendente, enquanto o de conceitos científicos é descendente.
Para Vigotski, a mente da criança se relaciona de forma diferente
quando se defronta com conceitos científicos ou espontâneos.
“A relação dos conceitos científicos com a experiência pessoal da criança é diferente da relação dos conceitos espontâneos. Eles surgem e se constituem no processo de aprendizagem escolar por via inteiramente diferente que no processo de experiência pessoal da criança. As motivações internas, que levam a criança a formar conceitos científicos, também são inteiramente distintas daquelas que levam o pensamento infantil à formação dos conceitos espontâneos. Outras tarefas surgem diante do pensamento da criança no processo de assimilação dos conceitos na escola, mesmo quando o pensamento está entregue a si mesmo.
[...] considerações igualmente empíricas nos levam a reconhecer que a força e a fraqueza dos conceitos espontâneos e científicos no aluno escolar são inteiramente diversas: naquilo em que os conceitos científicos são fortes os espontâneos são fracos e vice-versa, a forca dos conceitos espontâneos acaba sendo a fraqueza dos conceitos científicos.”
(VIGOTSKI, 2001, p. 263).
Vigotski exemplifica
suas afirmações comparando a lei de Arquimedes com o conceito
de irmão. Segundo suas pesquisas apontaram, a criança tem
mais facilidade em formular a primeira do que o segundo, pois o enunciado
da lei de Arquimedes foi apresentado formalmente pelo professor enquanto
que, do segundo, a criança provavelmente jamais tenha ouvido uma
definição formal.
“O desenvolvimento do conceito de irmão não começou pela explicação do professor nem pela formulação científica do conceito. Em compensação, esse conceito é saturado de uma rica experiência pessoal da criança. Ele já transcorreu uma parcela considerável do seu caminho de desenvolvimento e, em certo sentido, já esgotou o conteúdo fatual e empírico nele contido. Mas é precisamente estas últimas palavras que não podem ser ditas sobre o conceito lei de Arquimedes.”
(VIGOTSKI, 2001, p. 264).
A atividade de demonstração
experimental em sala de aula, particularmente quando relacionada a conteúdos
de Física, apesar de fundamentar-se em conceitos científicos,
formais e abstratos, tem por singularidade própria a ênfase
no elemento real, no que é diretamente observável e, sobretudo,
na possibilidade simular no micro-cosmo formal da sala de aula a realidade
informal vivida pela criança no seu mundo exterior. Grande parte
das concepções espontâneas, senão todas, que
a criança adquire resultam das experiências por ela vividas
no dia-a-dia, mas essas experiências só adquirem sentido quando
ela as compartilha com adultos ou parceiros mais capazes, pois são
eles que transmitem a essa criança os significados e explicações
atribuídos a essas experiências no universo sócio-cultural
em que vivem.
Pode-se inferir, portanto,
que a utilização da demonstração experimental
de um conceito em sala de aula acrescenta ao pensamento do aluno elementos
de realidade e de experiência pessoal que podem preencher uma lacuna
cognitiva característica dos conceitos científicos e dar
a esses conceitos a força que essa vivência dá aos
conceitos espontâneos. Em outras palavras, a atividade experimental
de demonstração compartilhada por toda classe sob a orientação
do professor, em um processo interativo que de certa forma simula a experiência
vivencial do aluno fora da sala de aula, enriquece e fortalece conceitos
espontâneos associados a essa atividade ? talvez até os faça
surgir ? e pode oferecer os mesmos elementos de força e riqueza
característicos desses conceitos para a aquisição
dos conceitos científicos que motivaram a apresentação
da atividade.
Colaboração e interação social
“Afirmamos que em colaboração a criança sempre pode fazer mais do que sozinha. No entanto, cabe acrescentar: não infinitamente mais, porém só em determinados limites, rigorosamente determinados pelo estado do seu desenvolvimento e pelas suas potencialidades intelectuais. Em colaboração, a criança se revela mais forte e mais inteligente que trabalhando sozinha, projeta-se ao nível das dificuldades intelectuais que ela resolve, mas sempre existe uma distância rigorosamente determinada por lei, que condiciona a divergência entre a sua inteligência ocupada no trabalho que ela realiza sozinha e a sua inteligência no trabalho em colaboração. [...] A possibilidade maior ou menor de que a criança passe do que sabe para o que sabe fazer em colaboração é o sintoma mais sensível que caracteriza a dinâmica do desenvolvimento e o êxito da criança. Tal possibilidade coincide perfeitamente com sua zona de desenvolvimento imediato”
(VIGOTSKI, 2001, p. 329).
A colaboração,
como aqui está colocada, poderia ser entendida como interação
a dois, aluno-professor. No entanto, parece claro que ao referir-se à
‘aprendizagem na escola’, Vigotski não se restringe a essa díade,
mas entende e estende essa colaboração a toda sala de aula,
e, nesse sentido, parece-nos mais adequado falar em interação
social.
O conceito de interação
social tem sido exaustivamente trabalhado por pesquisadores vigotskianos
buscando não só a sua melhor compreensão, mas também
entender o seu papel no processo de ensino e aprendizagem. Embora haja
divergências em relação à sua conceituação,
parece indiscutível o seu caráter assimétrico, condição
essencial, segundo alguns pesquisadores, para que ela seja reconhecida
como tal (Ivic, 1989). Em outras palavras, a interação social
só pode existir efetivamente em relação ao desenvolvimento
de uma tarefa, se houver, entre os parceiros que a realizam, alguém
que saiba fazê-la. Vigotski deixa essa idéia muito clara quando
vincula a colaboração à imitação, ao
afirmar que:
“[na criança] o desenvolvimento decorrente da colaboração via imitação, o desenvolvimento decorrente da aprendizagem é o fato fundamental. [...] Porque na escola a criança não aprende o que sabe fazer sozinha mas o que ainda não sabe fazer e lhe vem a ser acessível em colaboração com o professor e sob sua orientação”
(VIGOTSKI, 2001, p. 331).
Se, na interação
social que implique colaboração o desenvolvimento decorre
da imitação, é indispensável a presença
do parceiro mais capaz, aquele que detém o conhecimento e possa
ser ou fazer-se imitado. E é nesse sentido que o conceito de interação
social é entendido neste trabalho.
O destaque dado por Vigotski ao professor, a nosso ver, valoriza também a atividade de demonstração em sala de aula na medida em que ela é um instrumento que serve prioritariamente ao professor, agente do processo e parceiro mais capaz a ser imitado. Cabe a ele fazer, demonstrar, destacar o que deve ser observado e, sobretudo, explicar, ou seja, apresentar aos alunos o modelo teórico que possibilita a compreensão do que é observado, estabelecido cultural e cientificamente.
Uma forma de viabilizar essa
interação entre parceiros de diferentes níveis cognitivos
em relação ao processo de ensino e aprendizagem foi descrita
em um trabalho de Wertsch (1984). Para orientar o professor ou parceiro
mais capaz, Wertsch sugere a adoção de três construtos
teóricos que podem ser entendidos como condições pedagógicas
a serem satisfeitas para que se estabeleça uma interação
social mais profícua. São eles:
- a definição de situação, forma como cada um dos participantes entende a tarefa que, dentro do contexto da interação, deve ser a mesma;
- a intersubjetividade, ação entre os sujeitos participantes da interação com objetivo de estabelecer ou redefinir a situação ou a tarefa proposta;
- a mediação semiótica, formas adequadas de linguagem, no sentido amplo do termo, que tornam possíveis a intersubjetividade.
Esses construtos teóricos
são úteis tanto do ponto de vista da orientação
da atividade experimental de demonstração, entendidos como
condições para que ela desencadeie interações
sociais profícuas, mas também como critérios de avaliação
da atividade. À medida que se possa observar ou não indícios
efetivos de intersubjetividade que leve todos os participantes a partilhar
da mesma definição de situação por meio de
uma adequada mediação semiótica, pode-se inferir que
essa interação social possibilita a colaboração
que pode levar à aprendizagem.
É importante destacar
nosso entendimento da interação social como condição
necessária a aprendizagem, mas não suficiente. Segundo Vigotski:
“O que a criança é capaz de fazer hoje em colaboração conseguirá fazer amanhã sozinha.”
(VIGOTSKI, 2001, p. 331)
Mas como saber o que
a criança sabe ‘fazer hoje em colaboração’? Como avaliar
um conhecimento que se manifesta em colaboração? Essas respostas
tornam-se ainda mais difíceis, senão impossíveis de
serem dadas, quando a colaboração se faz em atividades que
envolvem a maioria dos alunos. Por isso, limitamos nosso objetivo à
condição necessária: a efetivação das
interações sociais por meio das demonstrações
experimentais. Se elas de fato ocorrem e têm as características
preconizadas pela teoria vigotskiana, a aprendizagem também pode
ocorrer, e o objetivo da apresentação das demonstrações
experimentais foi alcançado.
Essas são, em síntese,
as indicações teórico-pedagógicas que devem,
por hipótese, orientar a utilização de demonstrações
experimentais em sala de aula. Para avaliar a validade dessas indicações,
elas foram aplicadas em duas aulas de Física, para duas turmas do
Ensino Médio, lecionadas por um dos autores, no ano de 2001, em
um estudo de caso, apresentado a seguir.
Duas aulas com atividades de demonstração: um estudo de caso
Optamos por apresentar demonstrações
abordando conteúdos de Física em duas turmas diferentes.
Aos alunos do primeiro ano do Ensino Médio apresentamos um conjunto
de três etapas – descritas mais adiante, na experiência I-
explorando o conceito de pressão atmosférica, embora não
tivessem estudado o assunto naquele ano letivo. Para os alunos do terceiro
ano do Ensino Médio, que estavam iniciando o estudo da óptica
geométrica, apresentamos também três etapas de demonstrações
experimentais sobre espelhos planos e curvos, descritas na experiência
II. Para análise e avaliação das interações
sociais desencadeadas, as aulas foram gravadas em vídeo por um professor-colaborador
e apresentadas em uma sala convencional, com as carteiras distribuídas
em um grande círculo.
As demonstrações foram divididas em etapas relacionadas
com os fenômenos a serem demonstrados, seguindo a seqüência
didática que nos pareceu mais coerente. A apresentação
de cada uma dessas etapas foi organizada, em linhas gerais, com a seguinte
estrutura:
a) Introdução da atividade: Na experiência I, ao iniciar a atividade, procuramos saber dos alunos o que eles esperavam com a demonstração, haja vista que, apesar de não terem estudado nada sobre pressão atmosférica naquele ano letivo, já haviam discutido sobre este conteúdo em outras séries do Ensino Fundamental. Para facilitar a observação dos alunos, apresentamos uma pergunta diretamente relacionada com a demonstração.
A experiência II, sobre óptica, quando apresentamos os espelhos curvos (2a e 3a etapas), não nos permitiu a mesma trajetória, pois, apesar de já terem iniciado o estudo sobre óptica, nunca haviam recebido qualquer tipo de sistematização sobre este conteúdo específico. Assim, nessas etapas, apresentamos primeiramente a demonstração e questionamos apenas o que estavam observando de interessante.
Tendo em vista a fundamentação vigotskiana deste trabalho, só nos preocupamos, de início, em identificar possíveis concepções espontâneas ou explicações prévias dos alunos, apenas com o objetivo da estabelecer uma definição de situação do aluno mais precisa e orientar a sua observação com maior eficiência. Buscamos assim a intersubjetividade que garantisse a todos os alunos a mesma definição de situação em relação aos objetivos da demonstração experimental apresentada.
b) Desenvolvimento da demonstração: Procuramos reunir as respostas e idéias apresentadas pelos alunos no quadro-negro. Nossa intenção foi tornar claras para os estudantes suas próprias concepções acerca do fenômeno a ser estudado. Observamos que os alunos tiveram muita dificuldade para apresentar suas idéias de uma maneira organizada, sistematizada dentro de qualquer contexto explicativo. Mesmo inseguros sobre a explicação que poderiam dar, muitos se animaram a expor suas idéias, provavelmente motivados pelo que veriam em seguida (experiência I e 1a etapa da experiência II) ou pelo que já estavam observando (2a e 3a etapas da experiência II). Os alunos apresentaram explicações espontâneas, desvinculadas de qualquer modelo teórico, apresentadas pelo interesse de acertar a explicação do que viam, ou de adivinhar o que iriam ver.
Garantida a mesma definição de situação, depois das discussões e explicações prévias dos alunos em relação ao que seria ou já tinha sido visto, procedemos à discussão da demonstração. Na experiência I e na primeira etapa da experiência II, a demonstração só foi apresentada neste momento, o que reforçou a expectativa dos alunos em relação às previsões que haviam feito e ao que poderia ocorrer.
Na experiência I e na primeira etapa da experiência II, tendo em vista as dimensões, a visibilidade e a dificuldade de manuseio, fizemos apenas uma demonstração geral, para todos os alunos. Na segunda e terceira etapas da experiência II, optamos por levar o equipamento aos alunos, de carteira em carteira, já na introdução, para suas observações diretas e individuais, a fim de estimular a formulação de explicações ou apresentar suas idéias prévias em relação ao que viram. Finalizada a apresentação feita pelo professor, na experiência I ou na experiência II, aqueles alunos que quiseram, puderam refazer o experimento e refletir um pouco mais sobre o que lhes foi proposto como explicação por seus colegas.
c) Explicação
da demonstração - No final das atividades, apresentamos
aos alunos o modelo científico capaz de explicar a demonstração
e, sempre que possível, retomamos as idéias propostas previamente
pelos alunos comparando-as com o modelo científico.
As experiências de demonstração apresentadas
A seguir, descrevemos sucintamente as demonstrações experimentais[1] nas etapas em que foram apresentadas, os equipamentos e os conceitos físicos envolvidos.
Experiência I- Pressão atmosférica
1ª Etapa: O BEBEDOURO
Esta demonstração experimental foi realizada com duas garrafas com água (de 1 litro e de 2 litros), pires e copo de vidro, utilizados nas três situações representadas na figura 1:
O objetivo da demonstração é mostrar que, em nenhuma das três situações, a água contida nas garrafas cai, como também, por meio dessa observação, discutir a ação da pressão atmosférica sobre a superfície livre da água do pires. Em todas essas situações esquematizadas, a explicação é a mesma: a água que está dentro da garrafa não cai por causa da ação da pressão atmosférica sobre a superfície livre da água contida no pires. Em outras palavras, a pressão atmosférica externa é equilibrada pela pressão do ar aprisionado no interior da garrafa somada à pressão da coluna de água acima do nível da água no pires.
Muitos alunos relacionam
a queda ou não da água com a quantidade de água contida
na garrafa e aquela contida no pires, sob a boca da garrafa. Para colocar
em cheque essas idéias prévias, fizemos a demonstração
com duas garrafas de volumes diferentes e substituímos o pires por
um copo.
2ª Etapa: A PIPETA
Esta demonstração experimental pode ser realizada com uma pipeta, dispositivo comum em laboratórios de química ou, como fizemos, com um tubinho de PVC flexível, transparente, de diâmetro menor que 5 mm, aproximadamente, para evitar a formação de bolhas de ar e a conseqüente queda da água.
A experiência consiste
em encher o tubo com água, tampar a sua abertura superior com o
polegar e mostrar que a água contida no tubo não cai. Mostra-se
em seguida que, ao destampar e tampar tubo, a água cai e deixa de
cair, o que permite controlar a quantidade de água que se deseja
deixar vazar da pipeta ? esse é o princípio do seu funcionamento.
Evidencia-se aqui, de novo, a ação da pressão atmosférica.
Com a abertura superior tampada, a pressão atmosférica atua
somente de baixo para cima e impede a queda da água contida no tubo.
Destampada a abertura superior, a pressão do ar passa a atuar igualmente
nas duas extremidades; seu efeito é equilibrado, e a água
cai devido ao seu peso.
3ª Etapa: TAMPANDO A ÁGUA COM PAPEL
Nesta experiência utilizamos um copo com água e uma folha de papel. A experiência consiste em encher o copo com água e tampá-lo com a folha de papel, vedando a boca do copo. Com o apoio de uma das mãos, giramos o copo de cabeça para baixo e soltamos a mão. Observa-se que a água não cai, sustentada pela folha de papel (figura 2).
A explicação
é a mesma da pipeta: a água não cai por causa da ação
da pressão atmosférica atuando sobre o papel, de baixo para
cima. Mostra-se aqui que a função do papel é servir
como película de apoio para a ação da pressão
atmosférica, evitando a penetração do ar por meio
de bolhas, o que se consegue na pipeta pela limitação da
sua abertura inferior. É importante mostrar aos alunos a forma côncava
que o papel assume, o que evidencia a ação da pressão
atmosférica empurrando a água para dentro do copo. Mostra-se
ainda que não é preciso encher completamente o copo, a pressão
atmosférica sustenta o papel mesmo nessa situação.
Pode-se assim comparar, neste caso, o equilíbrio de pressões
com o equilíbrio observado na demonstração do bebedouro.
Experiência II- Óptica
1ª Etapa: FORMAÇÃO DE IMAGENS EM ESPELHOS PLANOS
Esta demonstração experimental foi realizada com um espelho plano grande. Primeiramente, escrevemos uma letra na lousa e discutimos com os alunos as regras de formação de imagens em espelhos planos.
Discutimos primeiramente as características da imagem conjugada com o objeto por um espelho plano: distância ao espelho, dimensões e simetria. Depois mostramos a imagem de outras letras e colocamos o espelho em outras posições.
2ª Etapa: FORMAÇÃO DE IMAGENS EM ESPELHOS CURVOS
Nesta demonstração, nosso objetivo foi mostrar aos alunos que a formação de imagens em espelhos pode seguir regras diferentes, dependendo da forma geométrica da superfície refletora do espelho. Com esse intuito, utilizamos um espelho parabólico, parte do equipamento que seria utilizado posteriormente na 3a etapa desta demonstração. Pedimos aos alunos que observassem a sua própria imagem na superfície refletora interna deste espelho (que foi passado a todos os alunos da sala). A imagem formada com este espelho não é igual à imagem formada com o espelho plano ? a superfície parabólica do espelho faz com que a forma da imagem conjugada com o objeto dependa da posição do observador e do objeto ao espelho. A simetria entre objeto e imagem, como aparece com o uso do espelho plano, deixa de existir.
Não houve a possibilidade de construir graficamente a imagem, pois eles ainda não tinham estudado o conteúdo necessário, por isso procuramos apenas fazer com que os alunos percebessem a diferença geométrica entre imagem e objeto.
3ª Etapa: “MIRAGEM”
Nesta demonstração experimental, utilizamos um equipamento pronto. Trata-se de um dispositivo denominado Mirage, constituído de dois espelhos parabólicos com eixos principais coincidentes e faces refletoras internas uma de frente para outra. O espelho superior tem uma abertura circular, acima da qual se pode ver a imagem real do objeto colocado no vértice do espelho inferior, como está esquematizado na figura 4.
A grande qualidade desse dispositivo é mostrar que, além de visível sem anteparo, a imagem real pode ser vista tão bem quanto a virtual. Nessa demonstração, utilizamos como objeto um porquinho de plástico. Os alunos viam primeiro a imagem real do porquinho e só depois, o objeto.
O objetivo dessa experiência
foi discutir como se vê uma imagem. A inexistência do objeto
visto no local onde ele parece estar, mostra que ‘ver alguma coisa’ não
é apenas uma experiência física, mas um fenômeno
de percepção. O que ‘vemos’ não é o objeto
em si, mas o resultado das impressões que a luz proveniente desse
objeto causam na retina que, por sua vez, são interpretadas e decodificadas
pelo nosso cérebro.
Instrumentos de análise
Como instrumentos de análise
dos resultados obtidos em sala de aula, utilizamos:
(1) idéias expressas pelos alunos antes e durante a apresentação
da demonstração. Essas idéias foram transcritas da
lousa para o papel, por alguns alunos, antes da realização
das demonstrações.
(2) gravações em vídeo feitas durante as
aulas de demonstração.
(3) questionário respondido pelos alunos logo após
a aula demonstrativa. Esse questionário tratava de questões
referentes à opinião pessoal do aluno sobre as aulas com
uma atividade de demonstração, além de questões
referentes aos conceitos físicos apresentados durante as aulas de
demonstração. Seu modelo encontra-se no final deste artigo,
nos anexos.
RESULTADOS
Apresentamos a seguir uma síntese dos resultados obtidos nas duas aulas realizadas com os equipamentos de demonstração. Não optamos por realizar uma transcrição das falas, por entendermos que isso tornaria a apresentação dos resultados muito ampla e desnecessária. São apresentados a seguir, alguns pontos que julgamos caracterizadores do processo desencadeado durante a atividade. Nos resultados apresentados a seguir os trechos em itálico destacam apenas a ação geral desencadeada, não se referem à nenhuma transcrição.
Experiência I: Pressão atmosférica
1.1- Introdução da 1a etapa da experiência de demonstração I:
O BEBEDOURO
Prof.: Quando eu virar a garrafa cheia de água sobre o pires, vocês acham que ela irá vazar pela boquinha da garrafa?
Os alunos apresentam diferentes respostas espontâneas, que podem ser assim organizadas:
1.2- Desenvolvimento da 1a etapa da experiência de demonstração I:
• Apresentação da primeira demonstração: O professor vira a garrafa sobre o pires, e a água não vaza.
Os alunos que acreditavam que a água vazaria, depois da experiência, mudam de opinião. No entanto, acham que ela vazou porque havia pouca água no recipiente.
Prof.: Se eu utilizar uma
garrafa maior, como esta de dois litros, vai vazar?
Alunos: Se a garrafa for maior, toda a água vazará.
• Apresentação da segunda demonstração: O professor vira uma garrafa de dois litros sobre o pires, e a água não vaza.
As opiniões dos alunos se dividem. Uns afirmam que a água não vaza porque o pratinho a segura, outros acham que ela não vaza por causa da pressão atmosférica.
Prof.: Se eu virar a garrafa sobre um copo, de forma que a boca da garrafa não encoste no fundo do copo, a água irá vazar?
Os alunos emitem diferentes respostas espontâneas.
• Apresentação da terceira demonstração: O professor vira uma garrafa sobre um copo parcialmente cheio de água. Como a boca da garrafa não consegue atingir o nível da água do copo, vaza um pouco de água, até o nível da água do copo alcançar a boca da garrafa. Depois, a água da garrafa virada não cai mais.
Os alunos afirmam que a água não vazou, ou por causa da pressão atmosférica, ou por causa da água do copo.
Prof.: Porque a pouca água do copo consegue sustentar toda a água de dentro da garrafa? Se o copo exerce força sobre a água, a garrafa também não exerce?
Os alunos não conseguem justificar o fato.
Prof.: Essa experiência é similar ao que ocorre nos garrafões de água potável que utilizamos em nossa casa?
Os alunos concordam.
2.1- Introdução da 2a etapa da experiência de demonstração I:
A PIPETA
Prof.: Agora vou encher esse tubinho com água e tampar a parte de cima. A água vazará? Porquê?
Os alunos afirmam que não vai vazar porque, com o dedo tampando a parte de cima do tubinho, a pressão atmosférica não poderá empurrar a água.
2.2- Desenvolvimento da 2a etapa da experiência de demonstração:
O professor realiza a experiência e ocorre o que os alunos previram.
Prof.: Vocês disseram
que a água não vaza porque meu dedo impede que a pressão
atmosférica empurre a água para baixo, mas será que
não haverá alguma coisa também impedindo que a água
desça?
Alunos (alguns): A pressão atmosférica atua de baixo
para cima impedindo que a água caia.
3.1- Introdução da 3a etapa da experiência de demonstração I
TAMPANDO A ÁGUA COM O PAPEL
Prof.: Agora vou tampar o copo cheio de água com um pedaço de papel e então irei virar o copo. A água irá vazar?
Os alunos afirmam que não vai vazar porque não vazou na experiência anterior.
3.2- Desenvolvimento da 3a etapa da experiência de demonstração I: O professor realiza a experiência e, como previsto pelos alunos, a água não vaza.
Prof.: A água não vazou. Gostaria que vocês observassem a parte inferior do copo, o papel. Ele tem uma forma interessante: enquanto toda a água está virada por cima dele, ele mantém uma forma côncava para dentro da água. O que está empurrando o papel para dentro?
Alunos: A pressão atmosférica.
4- Explicação da demonstração:
Nessa experiência não houve sínteses parciais, pois as experiências referiam-se ao mesmo assunto e, portanto, teriam a mesma explicação. Optamos por uma síntese final apenas, na qual foi explicado a ação da pressão atmosférica, atuando em todas as direções, em cada uma das experiências demonstradas. Fez–se uma breve explicação sobre a experiência de Torricelli e calculou-se, junto com os alunos, a altura da coluna de água que a pressão atmosférica é capaz de sustentar ao nível do mar.
5- As respostas do questionário
Tivemos 44 questionários respondidos. As respostas foram categorizadas na tabela a seguir:
Experiência II: Óptica
1.1- Introdução da 1a etapa da experiência de demonstração II:
FORMAÇÃO DE IMAGENS EM ESPELHOS PLANOS
Prof.: Qual é a regra para descobrirmos como a imagem de um objeto será formada com um espelho plano?
Alunos: O que significa regra para formação de imagem?
Prof.: Regra de formação de imagem são dicas sobre qual a trajetória de determinados raios de luz que são refletidos pelo espelho, vindos do objeto. Assim eu posso prever como e onde a imagem desse objeto vai se formar. Para o espelho plano uma regra só é suficiente. Vocês sabem como medir a distância de uma imagem até o espelho?
Os alunos emitiram diferentes respostas espontâneas:
1.2- Desenvolvimento da 1a etapa da experiência de demonstração II:
O professor realiza a experiência mostrando a imagem de uma letra F desenhada na lousa. Ele muda o tamanho da letra (objeto) e do espelho.
Prof.: A imagem se forma atrás do espelho. É claro que não podemos entrar dentro do espelho para medir a distância, mas é possível determinar essa distância observando que essa distância até o espelho é igual à distância do objeto até o espelho. Essa imagem é denominada virtual. Se eu desenhar outra letra como será a imagem?
Os alunos sugerem que se desenhem as letras A e O, ao que o professor acrescenta a letra G. Três alunos as desenham na lousa, e o professor realiza a experiência mostrando a imagem dessas letras.
Prof.: Todos acertaram o
desenho, antes mesmo de ver a imagem! Que regra vocês usaram para
desenhar essa imagem?
Alunos: A imagem é sempre invertida em relação
ao objeto.
1.3- Explicação
da 1a etapa da experiência de demonstração II:
O professor explica somente a regra para formação de imagens em espelhos planos: a distância de cada ponto do objeto até o espelho é igual à distância da imagem desse ponto ao espelho.
2.1- Introdução da 2a etapa da experiência de demonstração II:
FORMAÇÃO DE IMAGENS EM ESPELHOS DE SUPERFÍCIE NÃO PLANA
O professor mostra um espelho parabólico e pergunta se a regra de formação de imagens em espelhos de superfície diferente da plana é a mesma para formação de imagens em espelhos de superfície plana.
Os alunos, na sua maioria, concordam que a regra de formação de imagem em um espelho parabólico é a mesma regra de formação de imagem em um espelho plano.
2.2- Desenvolvimento da 2a etapa da experiência de demonstração II:
O professor mostra o espelho parabólico individualmente para os alunos, isto é, de carteira em carteira, pedindo que eles se observem nesse espelho.
Prof.: A imagem formada com o espelho parabólico tem as mesmas características da imagem que surge com o espelho plano?
Alunos: Não
Prof.: Isso significa que a formação de imagens em espelhos depende da sua superfície refletora e está sujeita a regras diferentes daquelas de formação de imagens em espelhos planos.
2.3- Explicação da 2a etapa da experiência de demonstração II:
O professor explica que a determinação da imagem em espelhos parabólicos segue regras semelhantes às regras de formação de imagens em espelhos esféricos, nos quais os pontos fundamentais (vértice, foco, centro de curvatura) precisam ser avaliados para, a partir deles, traçar-se a trajetória dos raios de luz que determina a imagem formada.
3.1- Introdução da 3a etapa da experiência de demonstração II:
MIRAGEM
O professor mostra
aos alunos o equipamento formado por dois espelhos parabólicos.
Explica que esses espelhos têm um comportamento óptico semelhante
ao de um espelho esférico, embora a sua superfície não
seja esférica, mas de uma parabólica. Diz a eles que vai
mostrar o equipamento individualmente, para cada um dos alunos, e que eles
devem observar um porquinho que está na superfície superior
do equipamento. Pergunta se eles acham que possa existir uma imagem tão
real que possa ser confundida com o próprio objeto.
Todos os alunos parecem concordar entre si que não é
possível uma imagem ser tão real que possa ser confundida
com o próprio objeto.
3.2- Desenvolvimento da 3a etapa da experiência de demonstração II:
O professor apresenta o equipamento e diz aos alunos que eles podem tocar no porquinho se quiserem. Os alunos, visivelmente entusiasmados, tentam pegar o porquinho, mas não conseguem, pois, na verdade, o que vêem é a imagem real do porquinho que está dentro do equipamento.
O professor pergunta aos alunos se o porquinho que aparece na superfície superior do equipamento é real e por que ele é visto de maneira tão nítida, apesar de não poder ser tocado.
Todos os alunos concordam que aquele porquinho que aparece na superfície superior do espelho é uma imagem, mas nenhum aluno consegue explicar o motivo de uma imagem ser tão parecida com o objeto, a ponto de dificultar a diferenciação entre ambos.
3.3- Explicação da 3a etapa da experiência de demonstração II:
O professor diferencia o significado físico de uma imagem real e de uma imagem virtual e explica, sucintamente, porque a imagem real do porquinho é vista naquele ponto como se estivesse realmente ali. Esclarece aos alunos que ver alguma coisa não é apenas uma experiência física, mas um fenômeno psicológico de percepção. O que é visto não é o objeto em si, mas o resultado das impressões que a luz proveniente desse objeto causa na retina e que, por sua vez, são interpretadas pelo cérebro. Se o cérebro "acha" que o porquinho está ali, ele é visto ali.
Nesse momento, o professor faz também uma síntese final das três experiências, explicando, em linhas gerais, para os alunos a formação de imagens em espelhos planos e esféricos de acordo com regras originadas dos princípios da óptica geométrica, ressalvando que essas regras seriam novamente explicadas e trabalhadas durante as aulas de óptica.
4- As respostas do questionário
Tivemos 36 questionários respondidos. As respostas estão na tabela abaixo:
Discussões sobre as aulas experimentais de demonstração
Colaboração e interação social: primeiro
critério
Adotamos como primeiro critério
para a validação da demonstração experimental
como prática pedagógica de inspiração vigotskiana,
a verificação do desenvolvimento de um processo de colaboração
ou interação social eficiente durante as apresentações
em sala de aula. E, como critério de eficiência desse processo,
procuramos verificar, por meio da nossa observação direta
ou do vídeo, se os construtos teóricos propostos por Wertsch
(opus cit.) puderam ser observados. Em outras palavras, o primeiro critério
de avaliação busca verificar se a condição
que estabelecemos como necessária à ocorrência da aprendizagem
de fato se efetivou.
Definição de
situação - Consideramos como condição,
para que ela se configurasse, a verificação de que o professor
desenvolveu ações nesse sentido e que, em conseqüência
dessas ações, a maior parte dos alunos envolvidos na interação,
observou e procurou explicar os mesmos fenômenos levando em conta
os mesmos princípios e as mesmas grandezas físicas.
Quando o professor leva para
a classe um determinado material ou equipamento de demonstração
é pouco provável que seus alunos saibam o que ele vai fazer
com aquele material ou como funciona aquele equipamento. Mas é bem
provável que o aluno faça suposições ou previsões
em relação ao que será apresentado. Em outras palavras,
é bem provável que cada aluno crie a sua definição
de situação, que dificilmente vai ser a mesma do professor
(Gaspar, opus cit.). Se a demonstração se realizar nessas
condições, ou seja, se o professor ingenuamente admitir que
a demonstração possa ‘explicar-se por si própria’,
sem descrever o equipamento, mostrar quais são seus aspectos relevantes
e, principalmente, o que deve ser observado durante a demonstração,
a interação social por ela desencadeada pode ser pouco profícua,
porque os participantes podem não observar as mesmas coisas nem
buscar as mesmas respostas e explicações. Daí a necessidade
de unificar as diferentes definições de situação,
o que só é possível com uma discussão prévia
a respeito da própria demonstração. Para tanto, procuramos,
no início de cada apresentação, tornar clara qual
a proposta da demonstração e quais conteúdos nela
estariam envolvidos. A prática mais eficiente para o envolvimento
do aluno na apresentação foi desafiá-los a prever
o resultado da demonstração.
Na experiência I, em todas
as etapas que realizamos, observamos, por meio do vídeo, que a maioria
dos alunos procurou ‘dar um palpite sobre o que iria acontecer’ quando
solicitado pelo professor. Notamos ainda que, ao expor sua opinião,
o aluno além de ‘comprometer-se’ afetivamente com a demonstração,
permitiu que pudéssemos conhecer a definição de situação
do aluno em relação à demonstração apresentada.
Isso nos possibilitou reformular expectativas, corrigir deficiências
de percepção e fazer com que a maioria dos participantes
da interação observassem os mesmos fenômenos e procurassem
dar respostas e explicações para as mesmas perguntas.
Exemplos dessas deficiências
e respectivas correções ocorreram em todas as demonstrações.
Várias vezes os alunos confundiram o peso da água com a ação
da pressão atmosférica. Para evitar essa confusão,
durante a primeira etapa dessa experiência, procuramos apresentar
outras atividades em que a diferença desses conceitos ficasse mais
clara. Isso acabou facilitando o estabelecimento de uma única definição
de situação na segunda e terceira etapas, pois nelas os alunos
somente se referiram à pressão atmosférica.
Quando apresentamos a experiência
II, mais especificamente durante as 2a e 3a etapas, optamos por apresentar
questões mais simples do que as das outras experiências, pois
esse conteúdo ainda não havia sido apresentado aos alunos,
o que levou ao aparecimento de poucas idéias alternativas. Em outras
palavras, a falta do conhecimento prévio, formal, e provavelmente
também do informal, parece ter dificultado o aparecimento de definições
de situação prévias. Assim, nós definimos a
situação procurando adequá-la à maneira como
nos pareceu que os alunos poderiam ver a experiência com os conhecimentos
de que dispunham. Mesmo assim, foi possível discutir concepções
prévias incorretas expostas pelos alunos durante as demonstrações.
Um exemplo foi a afirmação de alguns alunos de que seria
impossível medir a distância da imagem ao espelho porque isso
nos obrigaria a entrar dentro do espelho.
Intersubjetividade -
em relação às demonstrações apresentadas
e às questões colocadas, entendemos a intersubjetividade
como uma espécie de acordo implícito, realizado entre nós
e os alunos, quanto à adoção de um modelo teórico
explicativo acessível à maioria dos participantes da interação.
Mesmo que por vezes houvesse a convicção de que a explicação
final estava incompleta ou apenas parcialmente correta, nós a adotamos,
pois, de acordo com os pressupostos teóricos vigotskianos, a complexidade
da explicação dada deve obedecer os limites cognitivos dos
participantes da interação ? a zona de desenvolvimento imediato
de cada aluno. Além disso, como já afirmamos, o papel da
demonstração experimental é entendido aqui também
como uma forma de preencher a lacuna de concepções espontâneas,
advindas do ambiente cultural onde o aluno vive, que possam dar suporte
às concepções científicas correlatas e contextualmente
corretas. Assim, consideramos que essa situação se configurou
quando nos pareceu que a demonstração foi satisfatoriamente
apreciada e provisoriamente bem entendida.
Nem sempre é possível
a quem planeja uma demonstração experimental saber quais
os limites ou qual o alcance dessa intersubjetividade, ou seja, quais idéias
serão bem entendidas e quais terão sua explicação
adiada para uma atividade posterior ou para um futuro mais distante. Nas
nossas demonstrações, a intersubjetividade esteve presente
em todas as aulas demonstrativas. Em algumas atividades, ela nos levou
à explicação de conceitos introdutórios da
teoria ou a propor atividades demonstrativas complementares. Na experiência
I, para vários alunos, a água era impedida de vazar, da garrafa
cheia para o prato com água, por causa da ação que
o fundo do prato exercia diretamente sobre a água da garrafa. Aceitamos
provisoriamente essa primeira explicação e planejamos uma
outra experiência substituindo o prato por um copo, o que tornou
evidente a impossibilidade dessa ação direta. Os alunos,
então, puderam entender melhor o papel da pressão atmosférica
como responsável pelo não-vazamento da água contida
na garrafa. Além disso, em todas essas atividades, várias
vezes aceitamos o uso do conceito ‘força’ em situações
em que o correto era ‘pressão’ porque, nesses momentos, ainda não
nos pareceu conveniente insistir em diferenciar as duas grandezas.
Na turma em que os alunos ainda
não haviam estudado óptica, optamos por níveis de
intersubjetividade próximos do elementar: explicamos a formação
de imagens em espelhos planos utilizando apenas a igualdade entre as distâncias
do objeto e da imagem ao espelho; nos espelhos curvos destacamos apenas
que a formação de imagens seguia outras regras e introduzimos
os conceitos de imagem real e virtual associados à discussão
da visão como um fenômeno de percepção, não
exclusivamente óptico.
Mediação semiótica
– entendida por nós como o meio que torna possível a interação
social, incluímos nela a própria montagem da demonstração
experimental como forma de linguagem ? um ícone científico-tecnológico
representado pela própria demonstração. Muitas vezes,
a evidência experimental proporcionada pela demonstração
é a linguagem mais eficiente para indicar a dúvida do aluno
ou para auxiliar a explicação do professor, uma espécie
de linguagem simbólica ou gestual complementar à linguagem
oral. Equivale a uma figura, um gráfico ou tabela, que podem facilitar
a compreensão de conceitos a eles associados.
Durante a experiência
I, na demonstração em que tapamos o copo com água
com o papel, a observação da concavidade do papel foi fundamental
para compreensão da ação da pressão atmosférica,
algo que só a demonstração possibilita. Na primeira
etapa da experiência de óptica, algumas idéias apresentadas
pelos alunos só foram entendidas com a mediação do
próprio equipamento. Por exemplo, na primeira etapa da experiência
de ótica, só foi possível entender a estranha afirmação
de alguns alunos de que a distância da imagem ao espelho era igual
à altura do objeto ? nesse caso, da letra ? ou igual à altura
do espelho, utilizando-nos do espelho como meio de explicação.
A inter-relação entre conceitos espontâneos e científicos:
segundo critério
A inter-relação
entre conceitos espontâneos e científicos foi observada por
nós tanto no sentido vigotskiano, de que eles se reforçam
mutuamente, como do ponto de vista do incremento das interações
sociais.
Na demonstração
do bebedouro, a comparação com os bebedouros das nossas casas
teve um efeito importante nos alunos. Foi como se essa informação
validasse a experiência realizada, já que eles tinham contato
cotidiano com o fenômeno apresentado, o que se confirmou no destaque
dado ao bebedouro nas respostas do questionário sobre as atividades
apresentadas em aula.
Na primeira etapa da experiência
sobre óptica, ficou evidente para os alunos a fragilidade explicativa
dos seus conceitos espontâneos. Todos os alunos já haviam
visto a própria imagem no espelho e sabiam perfeitamente que não
havia nada dentro dele, mas, como esses conceitos ainda não tinham
sido formalizados na escola, foram incapazes de dar respostas adequadas
às questões por nós formuladas. Muitas idéias
absurdas foram apresentadas, sobretudo tendo em vista a rica experiência
cotidiana desses alunos nesse assunto. Entendemos que ao sistematizar essas
experiências e apresentar um modelo físico para compreender
e explicar a formação de imagens, além de facilitar
a aprendizagem, mostramos a eles a necessidade e a validade da descrição
científica dos fenômenos da natureza. E, certamente, esse
foi também um momento em que conceitos espontâneos e científicos
reforçaram-se mutuamente.
Considerações finais
Este trabalho, além de
mostrar a validade de indicações da teoria sócio-cultural
de Vigotski para a compreensão do processo de ensino e de aprendizagem
em sala de aula, permitiu-nos formular algumas orientações
pedagógicas que essa teoria pode oferecer para a prática
das atividades de demonstração em sala de aula ? e todas
elas têm o professor como agente primordial do processo.
É ele quem estabelece
- a definição de situação, viabilizando uma interação social produtiva, motivando e envolvendo o aluno por meio de previsões ou apostas, ou pelo impacto do efeito da própria demonstração.O papel do professor como agente do processo, no entanto, não deve ser entendido apenas do ponto de vista da capacidade de operar com o equipamento e do domínio conceitual dos conteúdos apresentados na demonstração. Como já foi dito, ele é o parceiro mais capaz, aquele que faz as coisas acontecerem, orienta a observação, dá as explicações adequando-as ao conteúdo apresentado e ao nível cognitivo dos alunos. A forma como o professor exerce sua liderança não foi objeto de nosso trabalho, mas as características dadas ao processo de colaboração ou interação social aqui proposto deixam claro que não se propõe uma postura autoritária, nem se atribui ao professor o monopólio das ações. A intervenção do aluno deve ? e foi ? ser estimulada inclusive na manipulação do experimento, pois essa é uma condição essencial para a ocorrência de interação social.
- o nível de intersubjetividade da interação, ou seja, a forma e o conteúdo das explicações e abordagens utilizadas, tendo em vista o nível cognitivo dos alunos estabelecido na definição de situação. Na explicação da demonstração da miragem, por exemplo, podemos apresentar um esquema gráfico rigoroso, se os alunos tiverem uma boa base conceitual de óptica geométrica, ou propor apenas a distinção entre imagem real e virtual. Ou ainda, para alunos que nada sabem de óptica, podemos nos limitar a mostrar que a visão não é apenas fenômeno físico, mas de percepção.
- a linguagem mais adequada à interação, incluindo nela, a própria demonstração experimental.
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Zone of Proximal Development- New Directions to Child development,
n 23 – S Francisco, Jossey – Bass, março, p 84
ANEXOS: QUESTIONÁRIOS APRESENTADOS AOS ALUNOS
A) EXPERIÊNCIA 1: PRESSÃO ATMOSFÉRICA
1- Em relação a postura do professor durante a aula com
demonstração:
a. ( ) Foi diferente da habitual, o que possibilitou que os alunos
participassem mais da aula através de perguntas e comentários
b. ( ) Foi diferente da habitual, entretanto achei que a mudança
não incentivou a participação positiva dos alunos
através de perguntas e comentários
c. ( ) Foi a mesma postura que tem durante as outras aulas sem
equipamento de demonstração
2- Em relação a postura da sala, de maneira geral, durante
a aula de demonstração:
a. ( ) Foi diferente da habitual, com mais perguntas e comentários
b. ( ) Foi diferente da habitual, entretanto achei que a mudança
não incentivou a participação positiva dos alunos
através de perguntas e comentários
c. ( ) Não apresentou mudanças
3- Algum comentário/questionamento de algum aluno ajudou-o a
entender melhor a demonstração?
a. ( ) Sim
Qual? _________________
b. ( ) Não
4- Algum comentário/resposta ou alguma pergunta feita pelo professor
ajudou-o a entender melhor a demonstração?
a. ( ) Sim
Qual? _________________
b. ( ) Não
5- O conteúdo abordado pela demonstração já
havia sido lecionado a você?
a. ( ) Sim
Quando eu estava na _____série
b. ( ) Não
6- Avalie a aula com demonstração em relação
aos itens propostos:
ITENS | RUIM | REGULAR | BOM | ÓTIMO |
Qualidade do equipamento | ||||
Interesse da sala pela apresentação | ||||
Interação professor-alunos durante a aula | ||||
Interação entre alunos durante a aula | ||||
Interesse que a aula despertou em você |
7- O que você gostaria de sugerir para outras aulas demonstrativas?
8- Desenhe ou escreva com as suas palavras sobre a demonstração que você viu.
9- Para você, qual foi o principal objetivo da atividade de demonstração?
10-No esquema a seguir, você é capaz de identificar quem exerce pressão nos diferentes pontos marcados?
B) EXPERIÊNCIA 2: ÓPTICA
1- Em relação a postura do professor durante a aula com
demonstração:
a. ( ) Foi diferente da habitual, o que possibilitou que os alunos
participassem mais da aula através de perguntas e comentários
b. ( ) Foi diferente da habitual, entretanto achei que a mudança
não incentivou a participação positiva dos alunos
através de perguntas e comentários
c. ( ) Foi a mesma postura que tem durante as outras aulas sem
equipamento de demonstração
2- Em relação a postura da sala, de maneira geral, durante
a aula de demonstração:
a. ( ) Foi diferente da habitual, com mais perguntas e comentários
b. ( ) Foi diferente da habitual, entretanto achei que a mudança
não incentivou a participação positiva dos alunos
através de perguntas e comentários
c. ( ) Não apresentou mudanças
3- Algum comentário/questionamento de algum aluno ajudou-o a
entender melhor a demonstração?
a. ( ) Sim
Qual? _________________
b. ( ) Não
4- Algum comentário/resposta ou alguma pergunta feita pelo professor
ajudou-o a entender melhor a demonstração?
a. ( ) Sim
Qual? _________________
b. ( ) Não
5- O conteúdo abordado pela demonstração já
havia sido lecionado a você?
a. ( ) Sim Quando eu estava na _____série
b. ( ) Não
6- Avalie a aula com demonstração em relação
aos itens propostos:
ITENS | RUIM | REGULAR | BOM | ÓTIMO |
Qualidade do equipamento | ||||
Interesse da sala pela apresentação | ||||
Interação professor-alunos durante a aula | ||||
Interação entre alunos durante a aula | ||||
Interesse que a aula despertou em você |
7- O que você gostaria de sugerir para outras aulas demonstrativas?
8- Desenhe ou escreva com as suas palavras sobre a demonstração que mais lhe intrigou.
9- Para você, qual foi o principal objetivo da atividade de demonstração?
10- As figuras representam um objeto diante de um espelho plano. Construa graficamente a imagem através do espelho nos dois exemplos.
[1] As atividades de demonstração
apresentadas foram embasadas no livro “Experiências de Ciências
para o 1o Grau” (Gaspar, 1990) (volta para o texto)
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