Estrelas formam-se a partir de nuvens de gás que colapsam devido à sua gravidade interna. O colapso é interrompido pela pressão interna no centro da estrela. Durante o colapso, a energia potencial gravitacional armazenada no gás é convetida em energia interna (térmica), aquecendo a região central da nuvem. O aumento de temperatura acarreta aumento da pressão interna, contrabalançando a gravidade.
A energia interna da estrela produzida durante o colapso é suficiente para mantê-la irradiando luz, mas somente por uns 15 milhões de anos (intervalo conhecido como tempo de Kelvin-Helmholtz). A maioria das estrelas têm idades da ordem de 10 bilhões de anos ou mais, de forma que elas precisam repor seu manancial de energia térmica, produzindo-a de alguma outra forma diferente da contração gravitacional. Este manancial de energia são as reações nucleares de fusão, que liberam energia armazenada nos núcleos atômicos e a convertem em calor e luz.
A estrutura de uma estrela é determinada por cinco conceitos e relações básicos.
Na superfície a energia
é irradiada, formando o espectro da estrela.
Há três formas de se transportar
energia de um ponto a outro em um meio: condução,
convecção e radiação.
Condução representa o transporte de energia
através de colisões entre as partículas do meio
(as mais energéticas tendem a perder energia para as menos
energéticas, transportando assim energia de um meio mais quente
para outro mais frio). Este mecanismo é pouco comum nos
interiores estelares. Já a convecção e a
radiação são importantes e a opacidade ajuda a
definir qual dos dois mecanismos opera e em que parte da estrela.
Quando a temperatura é alta e os átomos estão
ionizados (ou seja, perderam seus elétrons) a opacidade é
menor e o transporte por radiação domina.
Para baixas temperaturas, como nas camadas mais externas das estrelas, os prótons e elétrons estão unidos em átomos neutros ou de baixa ionização, sendo a opacidade mais alta. Isso diminui a eficiência do mecanismo de transporte por radiação, sendo este mecanismo então substituído pela convecção. Neste caso, a energia térmica é transportada pelo movimento turbulento do próprio gás das regiões mais quentes para as mais frias. Ao chegar à superfície da estrela, as bolhas formadas no movimento convectivo liberam energia.
O mecanismo de transporte de
energia também depende da variação da temperatura
no interior da estrela. Se a temperatura cai fortemente de dentro para
fora, a convecção opera. Caso contrário, o
transporte de energia se dá por radiação.
Esses 5 ítens, quantificados por
fórmulas
matemáticas, descrevem como energia é produzida e
transportada
à superfície da estrela e como ela determina a estrutura
interna da estrela.
Interiores Estelares:
Uma estrela pode ser dividida em duas regiões básicas: a atmosfera e o interior. A primeira engloba as camadas mais externas da estrela, onde a densidade e pressão são menores. O interior contém quase toda a massa da estrela e é em suas regiões centrais que se dão as reações de fusão nuclear. O interior pode, portanto, ser subdividido em uma região central, um envelope radiativo e um envelope convectivo. Já a atmosfera se subdivide em fotosfera, cromosfera e coroa. Os limites destas regiões não são necessariamente bem definidos e as regiões variam de tamanho entre uma estrela e outra. Por exemplo, estrelas quentes têm zonas radiativas maiores e zonas convectivas menores relativamente às estrelas mais frias.
Cromosferas estelares:
A cromosfera é uma região de coloração alaranjada acima da fotosfera. O espectro de cromosfera, contrariamente ao de fotosfera é um espectro de emissão, o que indica a presença de gás quente e ionizado (temperatura de 20,000 K ou mais). Os fenômenos mais complexos e efêmeros que ocorrem na atmosfera de uma estrela, ocorrem na cromosfera, incluindo-se:
Flares, arcos e protuberâncias estão
ligados
à atividade estelar, pequenas variações na
luminosidade e no
campo magnético da estrela. Gás preso às linhas de
campo magnético
é elevado a partir da fotosfera em direção
à cromosfera. Em
poucas horas, as linhas de campo magnético se desfazem,
liberando o gás para cima (análogo a um elástico
que se parte).
Coroa Estelar:
A coroa é um vasto halo de gás em emissão. O gás coronal é muito quente (temperaturas da ordem de um milhão de graus) e está em evaporação, formando o vento estelar.
O vento estelar é um constante fluxo de partículas subatômicas movendo-se a velocidades maiores do que a velocidade de escape da superfície da estrela. Elas escapam por janelas na coroa, onde o campo magnético é mais fraco e as partículas carregadas não estão presas a ele.
Imagens de raios-x e no ultravioleta da coroa
solar mostram que o gás quente está associado às
estruturas do
campo magnético da fotosfera. Estas estruturas se extendem em
longas cadeias em direção à coroa e aquecem-na
à sua
temperatura de um milhão de graus aproximadamente.
Degenerescência:
Gases normalmente obedecem à Lei dos gases
ideais. Por esta lei, pressão, temperatura e densidade
estão
correlacionados; aumentando-se a temperatura e a densidade , por
exemplo, aumenta-se a pressão no gás. Contudo, quando os
átomos
(ou íons e elétrons) são comprimidos a uma
densidade extrema,
alguns efeitos de mecânica quântica começam a operar
e alteram
o comportamento do gás. Em particular, o Princípio de
Exclusão
de Pauli e o Princípio da Incerteza limitam o número de
partículas
livres que podem ser colocadas em um volume unitário e que
tenham a mesma velocidade. Quando esta densidade limite é
alcançada,
as partículas só podem ser comprimidas se tiverem
velocidades
mais altas do que normalmente teriam. Isso leva a um aumento da
pressão do gás que independe da sua temperatura. A este
fenômeno
chamamos de degenerescência. Ele ocorre somente com
densidades estupendas, como, por exemplo, aquela que teríamos se
toda a massa da Terra fosse comprimida dentro do volume de um
estádio
de futebol.
Os interiores de estrelas em geral são gases ideais e seguem a Lei dos gases ideais. Contudo, à medida em que hidrogênio é transformado em hélio nas regiões centrais de uma estrela, este último começa a se acumular no centro. Hélio não participa de reações nucleares a temperaturas então existentes; não podendo produzir energia, a região central da estrela cede à pressão gravitacional, contraindo-se até que sua densidade se torne grande o suficiente para que o fenômeno da degenerescência opere. Neste ponto, a pressão se desacopla da temperatura no centro da estrela, esta região não mais respondendo a variações deste parâmetro.