NOVAS:

Uma vez a cada dez anos, em média, temos a chance de observar o surgimento de uma nova estrela. Estas estrelas, chamadas de novas, são visíveis somente por algumas semanas e então param de brilhar. Comparando imagens da região do céu onde as novas surgem e tomadas antes e depois do fenômeno, observa-se que as novas são estrelas velhas cujo fluxo aumenta dramaticamente, como, por exemplo, a Nova Herculis mostrada abaixo:
 



 


A variação de brilho é de tipicamente um fator 106 (para uma supernova, este fator é muito maior, da ordem de108, sendo assim um objeto completamente diferente). A curva de luz de uma nova é algo como mostrado a seguir:
 



 


Há várias razões pelas quais uma estrela aumenta repentinamente de luminosidade; a colisão de duas estrelas, variações em sua região central ou pulsações. Entretanto, novas freqüentemente se repetem, o que significa que em um intervalo de uns 50 ou 100 anos elas voltam a brilhar repentinamente. Assim sendo, qualquer que seja o mecanismo que causa o aumento na luminosidade da estrela, este deve ser cíclico e não leva à sua destruição.

A melhor explicação para as novas é a ocorrência de eventos de fusão nuclear na superfície de uma anã branca. Vale lembrar que anãs brancas não têm mais hidrogênio disponível para reações nucleares. Elas consumiram o seu combustível nuclear em fases anteriores de sua evolução. Por outro lado, uma anã branca que seja parte de um sistema binário pode "roubar" hidrogênio de sua companheira por efeito de maré.

Uma binária contendo uma estrela de seqüência principal e uma anã branca tem o seguinte aspecto:
 



 


Ao esgotar o hidrogênio em sua região central, a estrela da seqüência principal se tornará uma gigante vermelha, assim como o fez sua companheira no passado:
 



 


Ao continuar sua expansão, as regiões mais externas da gigante vermelha podem ultrapassar seu limite de Roche (representado pela linha roxa acima), resultando em um fluxo de hidrogênio em direção à anã branca. Este material espirala em direção à anã branca, formando então um disco de acresção:
 



 


Hidrogênio irá portanto acumular-se na superfície da anã branca, onde a gravidade é extremamente forte. Após algumas décadas, a pressão, densidade e temperatura na superfície da anã branca atingirão níveis propícios para o desencadeamento de reações nucleares. Esta camada superficial de hidrogênio da anã branca experimentará então um surto explosivo de produção de radiação, que é o que vemos como uma nova.
 



 


Após o surto, o processo se reinicia, com o lento acúmulo de material rico em hidrogênio na superfície da anã branca, o que explica o caráter repetitivo das novas. Observações de novas antigas, alguns anos após a explosão, demonstram que este modelo é correto, pois se observam camadas de gás em expansão, afastando-se do sistema binário a velocidades da ordem de 1000 km/s. Tais camadas em expansão, fruto da explosão da nova, são observadas, por exemplo, em DQ Her e GK Per.

Um cenário semelhante ocorre em torno de binárias, onde um dos membros do par é uma estrela de neutrons. Neste último caso, sendo a pressão no gás em queda muito maior, a maior parte da energia é liberada na forma de raios x, ao que chamamos de surto de raio-x.

Por serem as anãs brancas bastante comuns, assim como também o são sistemas binários, existem muitas novas na Galáxia, tendo sido descobertas cerca de 200 delas nos últimos 100 anos.