Movimentos Próprios:
Embora as estrelas pareçam estar fixas no céu, elas na verdade se movem no espaço com velocidades altas, da ordem de dezenas ou centenas de km/s. Suas distâncias gigantescas fazem com que estes movimentos sejam quase imperceptíveis a um observador na Terra. O movimento aparente das estrelas no céu, reflexo de seu movimento no espaço, embora pequeno, é mensurável. A ele chamamos de movimento próprio e o representamos pela letra grega m.
Para melhor entendermos o que é o movimento próprio, consideremos a figura abaixo. Nela temos representadas as posições de um observador em O e de uma estrela em E. Também está representado, por uma seta, o vetor velocidade espacial da estrela (V). O comprimento da seta é uma medida do módulo da velocidade, sendo que a seta aponta a direção de movimento da estrela. Este movimento é devido ao campo gravitacional interno da nossa Gal´xia, a Via-Láctea, que impõe a cada estrela ou objeto a ela pertencente uma aceleração e uma velocidade resultantes.
A velocidade da estrela, conforme mostrado na figura, pode ser então decomposta em um componente ao longo da linha de visada, a velocidade radial (Vr) e um componente perpendicular à linha de visada, a velocidade tangencial ou transversal (Vt) Ambos os componentes são mensuráveis e muito importantes para se determinar a forma como as estrelas se movem no interior da Galáxia e, a partir daí, estudar a dinâmica da Via-Láctea e mesmo determinar sua massa. O componente radial da velocidade leva a uma alteração na distância que separa o observador da estrela. Vr pode ser medido pelo Efeito Dopler , pelo qual a frequência das ondas de luz aumenta (diminui) quando a fonte que as emite se aproxima (afasta) do observador. Note que este componente, não leva a uma mudança na direção no espaço na qual se encontra a fonte. Assim, o componente mais relevante para a Astronomia de Posição é o tangencial, que dividido pela distância à fonte, resulta na velocidade angular com que esta se desloca na esfera celeste. Ou seja, o movimento próprio pode ser matematicamente expresso como m = Vt / R
.
As estrelas mais próximas apresentam em geral
movimentos próprios maiores. A figura acima reflete este fato. Para uma
mesma velocidade tangencial, o movimento próprio será tanto
maior quanto mais próxima estiver a estrela. Naturalmente isso
também pode ser entendido matematicamente, levando-se em conta
a fórmula para m
dada acima.
A estrela com maior movimento próprio
é a estrela de Barnard. Ela se desloca no céu por um ângulo de
10" a cada ano. Trata-se também de uma das estrelas mais
vizinhas ao Sistema Solar. Somente algumas estrelas possuem movimentos
próprios maiores do que 1" ao ano. Assim, a forma das
constelações que as estrelas delineam no céu pouco se altera
com o tempo. No diagrama abaixo vemos a forma de uma constelação
boreal, a Ursa Maior, no presente (parte superior) e daqui a
10000 anos.
Note que nosso Sol também se move no interior
de nossa Galáxia, carregando consigo seus nove planetas e corpos
menores. Assim sendo, na direção do movimento do Sol, as
estrelas parecem estar divergindo de um ponto à nossa frente,
chamado de ápex. Na direção contrária, elas parecem
convergir para um ponto, chamado de anti-ápex. O efeito
é semelhante ao de um automóvel em uma estrada; as bordas da
estrada à nossa frente parecem se abrir à medida em que avançamos,
enquanto que atrás de nós elas parecem se fechar.