A Astronomia Espacial

Durante muito tempo, algumas regiões do espectro eletromagnético eram "inobserváveis". Ou seja, era impossível receber as ondas de luz de determinados comprimentos de onda l emitidas pelas fontes astronômicas, pois a atmosfera as absorvia antes de atingirem o solo (ver as janelas da atmosfera. Este é o caso das radiação de alta energia, como os raios gama, raios X e mesmo o ultravioleta. Algumas faixas de frequência no infravermelho também são fortemente absorvidas pela atmosfera da Terra. Uma das soluções encontradas, usada até hoje, foi a de enviar balões até camadas mais altas da atmosfera, onde essa radiação luminosa ainda não tinha sido absorvida.

Os ramos da Astrofísica de altas energias e do infravermelho distante, contudo, se beneficiaram fortemente da tecnologia aeroespacial. A partir da década de 70 foram colocados em órbita da Terra, diversos telescópios e detetores capazes de captar e registrar esses comprimentos de onda absorvidos pela atmosfera.

Imagem ótica do quasar 3c273

O Infrared Astronomical Satellite (IRAS), lançado no início da década de 1980

Imagem ótica do quasar 3c273

Distribuição no céu dos objetos observados com o IRAS.


No início, a tecnologia dos detetores no infravermelho distante, como os do satélite IRAS mostrado acima, somente permitia medidas de fluxos de fontes em escalas de 1 ou 2 minutos de arco, bem com espectros de baixa resolução. Como comparação, imagens óticas obtidas dos telescópios terrestres, alcançavam em torno de 1 segundo de arco de resolução, sendo portanto bem mais definidas. A tecnologia vem se desenvolvendo rapidamente, sendo que atualmente, imagens no infra-vermelho distante obtidas com o Satélite Spitzer (também conhecido como SIRTF, ver figura abaixo) dão bem mais detalhe.

Imagem ótica do quasar 3c273

O telescópio Spitzer, antes de ser lançado.


A imagem abaixo, por exemplo, mostra o disco de poeira em torno da estrela Fomalhaut, alfa do Peixa Austral. Esta estrela é facilmente visível a olho nu, no início da noite, nos meses de setembro a dezembro. Se a olho nu, ela parece uma estrela branca comum, no infravermelho ela sempre escondeu mistérios somente agora revelados. O IRAS já havia obtido um fluxo infravermelho alto para uma estrela, mas não tinha resolução necessária para revelar detalhes de onde vinha esta emissão.

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Disco de poeira em torno da estrela Fomalhaut, observado com o Spitzer.


Outro importante telescópio infra-vermelho é o satélite europeu (da Agência Espacial Européia, ESA) Infrared Space Observatory (ISO), lançado na década de 1990. As imagens abaixo, em vermelho, mostram a galáxia de Andrômeda (M31) observada pelo ISO, no comprimento de onda de 175 mm, revelando a presença de poeira ao longo de vários anéis e braços espirais. A imagem menor é a realmente obtida, sendo que a maior, à direita, é o resultado da "deprojeção da galáxia" no céu. No canto superior direito vemos uma foto (luz visível), para fins de comparação.

Imagem ótica do quasar 3c273

Imagens ISO da galáxia de Andrômeda, comparadas com a foto ótica.


Em altas energias, a tecnologia também evoluiu muito rapidamente. Um dois principais telescópios que captam os raios X das fontes astronômicas atualmente é o Chandra.

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Estrelas binárias de raios X, observadas com o Chandra em dois aglomerados globulares da Galáxia.

Imagem ótica do quasar 3c273

Seqüência de imagens do remanescente de uma explosão de supernova, na constelação do Caranguejo.


A verdade é que se Astrofísica evoluiu enormemente nas últimas décadas, grande parte desta evolução é devida à extensão da observação astronômica a todos os domínios do espectro eletromagnético, fato gerado pelo espetacular avanço tecnológico dos tempos recentes.