O Meteorito que Destruiu a Vida na Terra

30 de julho de 1980.

Numa reunião da Associação Americana para o Avanço da Ciência, em São Francisco, EUA, os físicos norte-americanos Luis Walter Alvarez, Prêmio Nobel de Física em 1968, e seu filho, o geólogo Walter Alvarez, apresentaram a hipótese de que há 65 milhões de anos, um asteróide de uma dezena de quilômetros de diâmetro e uma massa de quase 13 milhões de toneladas teria se chocado com a Terra. Um tal choque além de cavar uma cratera de 175 quilômetros de diâmetro provocou uma explosão de 100 milhões de megatons. Logo depois do impacto uma massa de poeira 100 vezes superior à do asteróide foi projetada na atmosfera, mergulhando a Terra numa noite que durou de dois a três anos, no mínimo. Esta teria sido a causa do desaparecimento dos dinossauros e dos outros imensos animais que dominavam o mundo animal daquela época. Durante três anos, a obscuridade reinou na Terra, interrompendo o processo de fotossíntese que libera o oxigênio a partir do gás carbônico. Na realidade, um tal asteróide ao se volatizar deve ter dispersado na atmosfera terrestre uma quantidade de poeira 1 mil 500 vezes superior à provocada pela explosão vulcânica do Cracatoa, em 1883. Em virtude da ausência de luz solar, os animais grandes, não encontrando mais plantas verdes para o seu sustento, desapareceram. Outros, mais ferozes e predadores, como o tiranossauro, também morreram por lhes faltar os dinossauros herbívoros que lhe serviam de pasto. Somente os animais de pequeno porte, capazes de se alimentarem de raízes, grãos e resíduos orgânicos, conseguiram sobreviver e assim puderam rever a luz do dia. Uma exceção entre os répteis constituem os crocodilos que podem viver de plantas verdes em decomposição.

O impacto desse meteorito pareceu estar registrado nas camadas geológicas que separam o Cretáceo, período final da Era dos Dinossauros, do Terciário, Era dos Mamíferos. O principal fundamento da hipótese dos Alvarez é o estudo da fina camada de argila que em quase todo o mundo separa as rochas do Cretáceo daquelas do Terciário, e na qual existe uma concentração de irídio sensivelmente superior à das outras rochas da crosta terrestre. Inicialmente, pensou-se que a elevada taxa desse metal poderia provir dos resíduos de uma estrela que teria explodido nas proximidades do nosso sistema solar. Entretanto, as análises têm demonstrado que o irídio parece proveniente do nosso próprio sistema planetário, como seria o caso de um meteorito que entrasse em colisão com a Terra. Uma análise estatística das possibilidades de choque de um tal meteorito com o nosso planeta indicou que uma tal colisão pode ocorrer, em média, cada cem milhões de anos.

Para o paleontólogo canadense Dale R. Russel, essa é a melhor explicação para o desaparecimento de animais de grande porte, como os dinossauros. Com efeito, nenhum animal de mais de 25 quilos sobreviveu à transição do Cretáceo ao Terciário.

Somente as plantas cujos esporos e sementes conseguiram sobreviver à obscuridade reapareceram logo que a nuvem de poeira se dissipou. O desaparecimento dos grandes predadores no jardim paradisíaco do Terciário favoreceu, sem dúvida, a evolução dos pequenos mamíferos que haviam sobrevivido e, em particular, os ascendentes do homem atual.

Na realidade, a hipótese de Alvarez tem o grande valor de explicar o súbito desaparecimento dos dinossauros, de uma maneira muito mais lógica que as hipóteses anteriores, segundo as quais esses animais teriam se tornado inadaptáveis à vida no ambiente em que viviam.

Tais idéias muito lógicas e racionais sobre o desaparecimento dos dinossauros foram apresentadas, entretanto, pela primeira vez pelo escritor norte-americano J.E. Enever, em um artigo intitulado: "O impacto de um grande meteorito", publicado em 1966, na revista norte-americana de ficção científica, Analog (vol. 77, pág. 61). Em 1978, um outro escritor de ficção científica, o norte-americano John Baxter, em seu livro The Hermes Fall, imaginou que um gigantesco meteorito teria provocado o fim do mundo que conhecemos, destruindo a flora e fauna terrestre. Convém lembrar que um ano antes, os escritores ingleses de ficção científica Larry Niven e Jerry Pournelle, em seu livro intitulado Lucifer's Hammer, descrevem uma catástrofe cósmica que teria produzido as mesmas conseqüências do impacto imaginado por Baxter. Nesta última, a única diferença é que o objeto produtor do impacto não é um meteoro, mas um cometa.

Artigo do Livro "Em Busca de Outros Mundos" de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão.