Tectonismo

O geólogo americano Harry Hammond Hess expôs, em 1960, uma teoria da renovação constante dos assoalhos oceânicos, baseada em fundamentos essencialmente geológicos, que justificaria o afastamento dos continentes.

As idéias de Hess partiam da existência de muito poucas rochas com mais de cem milhões de anos no fundo dos oceanos, o que o levou a acreditar que os sedimentos mais antigos foram empurrados para baixo.

A superfície do planeta não é uma placa imóvel, como se supunha no passado.

Hoje, acredita-se que a camada superficial da Terra, a litosfera, com 50 a 150km de espessura, seja formada por um conjunto de cerca de vinte placas.

A litosfera desliza sobre uma camada de rocha mais plástica, parcialmente derretida, conhecida como astenosfera.

Impulsionadas por forças ainda não inteiramente conhecidas, as placas se movem na superfície da Terra e interagem umas com as outras.

Um dos mais importantes princípios da teoria da tectônica de placas é que cada placa se move como uma unidade distinta em relação às outras.

A região interna das placas permanece indeformada, mas suas bordas sofrem vários dos principais processos que modelam a superfície terrestre, como abalos sísmicos, vulcanismo e movimentos orogênicos.

De acordo com a teoria da tectônica de placas, as placas da litosfera são constituídas de crosta continental e/ou oceânica, e suas bordas não coincidem normalmente com os limites entre oceanos e continentes.

A placa do Pacífico, por exemplo, é totalmente oceânica, mas a maioria das grandes placas contém continentes e oceanos.

O contato entre placas pode ser divergente, convergente ou de transformação.

No fundo dos oceanos, entre duas placas divergentes, localizam-se as cristas médio-oceânicas, que formam enormes cadeias de montanhas e vales, epicentros de terremotos submarinos.

Ao longo dessas cristas estende-se uma fenda profunda através da qual ascende o magma proveniente do manto.

Esse material faz aumentar a superfície do assoalho oceânico graças ao acréscimo de faixas paralelas de rochas magmáticas de ambos os lados das cristas.

A contínua formação de crosta oceânica produz um excesso que deve ser absorvido em outro lugar.

Isso ocorre nas bordas de duas placas convergentes, quando uma delas "mergulha" sob a outra, e o excesso se funde com o interior do manto a profundidades de 300 a 700km.

Essas regiões, onde a crosta oceânica mergulha para dentro do planeta, são denominadas zonas de subducção.

Quando a colisão entre placas ocorre no oceano, produzem-se arqueamentos das bordas das placas, acompanhados de abalos sísmicos e atividade vulcânica.

Isso dá origem às chamadas ilhas em arco, dispostas em semicírculo, como as ilhas vulcânicas do Caribe, Japão, Filipinas e Java.

No terceiro tipo de limite entre placas, as falhas de transformação e zonas de fratura, uma placa se move lateralmente com relação à outra, sem criar ou destruir crosta, mas provocando fortes terremotos.

Esse é o caso, por exemplo, da falha de San Andreas, na Califórnia, costa oeste dos Estados Unidos.

O oceano Atlântico está situado sobre o cruzamento de quatro grandes placas: a norte-americana, a sul-americana, a eurasiana e a africana.

A placa eurasiana mostra simultaneamente um deslocamento para leste e outro para sul.

A placa africana apresenta um pequeno movimento em direção ao norte.

Disso resulta que África e Eurásia entram progressivamente em colisão e tendem a comprimir o mar Mediterrâneo.

Os dois subcontinentes americanos se afastam da Eurásia e da África ao deslizarem sobre a crosta oceânica que surge na crista médio-oceânica atlântica.

Ao mesmo tempo, no oceano Pacífico, outras placas oceânicas se deslocam em sentidos opostos umas às outras e se chocam com a vertente ocidental da América.

Como conseqüência, ao longo da costa oeste do continente americano, essas placas se fundem numa extensa fossa.

Esse movimento de subducção explica a formação das montanhas Rochosas e da cordilheira dos Andes, assim como os fenômenos vulcânicos e sísmicos da costa oeste do continente.

Ao se movimentar, as placas tectônicas se chocam entre si provocando alterações no relêvo.

A cada choque, a placa que apresenta menor viscosidade (mais aquecida) afunda sob a mais viscosa (menos aquecida).

A parte que penetra tem o nome de zona de subducção.

Os terremotos são provocados por atritos entre as placas tectônicas ou por violentas erupções vulcânicas.

O atrito entre placas acumula tensões nas rochas, que sob pressão se quebram.

Quando isso ocorre, a energia é liberada em ondas que se propagam em grande velocidade.

É o que acontece na região de Los Angeles e São Francisco, na Califórnia, EUA, ao longo da falha de San Andrés, ponto de encontro e fricção entre placas da América do Norte e do Pacífico.

No oeste da América do Sul, o afundamento da placa de Nazca sob a placa continental, originou a cordilheira dos Andes, e é também responsável pelos freqüentes terremotos na região.