<< voltar

22/01/2010 -

Instituto de Física da UFRGS, um exemplo de que investimento em pesquisa gera desenvolvimento

Ao comemorar 50 anos de atividades, o Instituto de Física da UFRGS tem muito mais do que uma história curiosa para contar sobre o seu  surgimento, que começou numa aposta entre pesquisadores, onde o prêmio foi uma garrafa de champanha. Muita dedicação, determinação e o desejo de fazer pesquisa de alto nível na área da física no Estado, foram os elementos que impulsionaram o IF , através da atuação de personalidades da comunidade científica, que na época, estavam iniciando no ramo da pesquisa. De lá para cá, os pesquisadores do Instituto deram incontáveis contribuições para o avanço do conhecimento e para o desenvolvimento do Estado, obtendo também, reconhecimento e premiações internacionais.

No plano da pesquisa científica, o Instituto tem uma trajetória muito peculiar. Desde o surgimento do CPF-UFRGS, os idealizadores e gestores do IF-UFRGS sempre tiveram como linha mestra de sua política de pesquisa um desenvolvimento rápido, mas autônomo e orgânico. Demonstração de pioneirismo em vários momentos é a consequência visível dessa proposta de gestão.

Das bancadas do laboratório de eletrônica do CPF e da oficina que o sucedeu no IF, partiram alguns engenheiros para a criação da Edisa, a fábrica de computadores que originou o pólo de informática do RS. Outros partiram para a criação do Curso de Pós-Graduação em Ciência da Computação, a semente do Instituto de Informática da UFRGS.

Na área da pesquisa básica o sucesso é ainda mais notável. Já em 1960, com precários equipamentos, professores do IF-UFRGS realizaram seu primeiro experimento com correlação angular, um feito inicialmente considerado impossível por colegas da USP. Um trabalho publicado em 1966, pelos professores Gerhard Jacob e Theodor Maris foi, entre 1973 e 1978, o trabalho de física do Terceiro Mundo mais citado por autores do Primeiro Mundo.

O primeiro implantador de íons da América Latina foi aqui instalado. Quando o Telescópio Hubble foi colocado em órbita, em 1990 apenas dois astrônomos brasileiros participaram do projeto, a professora Beatriz Barbuy do Instituto Astronômico e Geofísico da USP e o professor Eduardo Bica, do IF-UFRGS.

O Prêmio Nobel de Física de 2007 foi dividido entre o francês Albert Fert e o alemão Peter Grünberg, pelas suas contribuições para o estudo da magnetorresistência gigante, um fenômeno físico que tem a ver com a fabricação de memórias magnéticas e outros dispositivos eletrônicos. De todos os trabalhos publicados nessa área, o mais citado tem como primeiro autor o professor Mario Norberto Baibich, do IF-UFRGS, que fazia estágio de pós-doutoramento no laboratório do professor Fert quando o fenômeno foi descoberto.

Nesta trajetória, a Fundação de Amparo à Pesquisa Científica do Estado do Rio Grande do Sul, FAPERGS, teve uma participação importante junto ao IF da UFRGS, oportunizando investimentos que foram fundamentais para a realização de diversas pesquisas, sendo que, algumas delas,  contribuiram para criação de empresas nas áreas da informática e eletrônica.

A diretora do IF da UFRGS, Márcia Barbosa,  relatou que no início,  muitas foram  as  dificuldades enfrentadas, salientando a significativa importância dos investimentos proporcionados pela Fundação, como fundamentais para a projeção nacional do Instituto.

 - No passado, o IF participou de Programas que foram muito importantes para o crescimento do Instituto,  e teve o  apoio da FAPERGS na participação de pesquisadores em eventos nacionais de grande porte como o Encontro Nacional de Física da Matéria Condensada. Este apoio permitia que pesquisadores do IF-UFRGS e estudantes fossem a este evento nacional, que é considerado  o mais importante do país. Esta participação coletiva e em número expressivo serviu para posicionar o IF-UFRGS como Instituição de porte. Um outro programa significativo foi o Programa de Estímulo à Interação Pesquisa versus Produção. Este programa  estimulava a interação entre a Fisica e a comunidade empresarial,  e foi muito importante a atuação da FAPERGS para que a interação Fisica-empresa crescesse.

Para a diretora do IF, Márcia Barbosa, é necessário investir em pesquisa, pois é preciso estar preparado para o futuro, realizar coisas novas. Márcia destaca a atuação da FAPERGS como agência de fomento à pesquisa,  comentando sobre a presença da Fundação junto ao Instituto de Física.

- O IF-UFRGS tem recebido três tipos de apoio  da FAPERGS, sendo em grande escala do PRONEX, que é o Programa de Apoio a Grupos de Excelência, um convênio entre a FAPERGS e CNPq -Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico com um grande aporte de investimento.   Recentemente,  tivemos um PRONEX  importante que beneficiou os grupos que são responsáveis por boa parte da pesquisa do IF-UFRGS, que são os seguintes: Implantação de Íons, Física de Plasma, Fenomenologia e Partículas, Física Estatística, Física Teórica da Matéria Condensada, Teoria Quântica de Campos, Supercondutividade e Magnetismo e também, Astronomia. Além disso, a Fundação oportuniza  apoios em pequena escala, como as Bolsas de Iniciação Científica- BIC, Auxílio Viagem, Auxílo para a Organização de Eventos Científicos-AOE, que  beneficiam a massa dos pesquisadores do IF sendo muito importantes para a continuidade da pesquisa de pesquisadores jovens e de grupos menores de pesquisadores.

Ao longo desses 50 anos de existência, o IF-UFRGS teve relevante participação na vida acadêmica brasileira.

No plano educacional, o Instituto tem se destacado pela oferta de ensino de boa qualidade para estudantes de biologia, engenharia, física, geologia, matemática e química. Ao lado do Instituto de Física da USP, o IF-UFRGS foi o precursor da pesquisa em ensino de ciências no Brasil, uma atividade hoje disseminada pelos Departamentos de Física de quase todas as universidades brasileiras. Esses dois Institutos foram os pioneiros na criação de cursos de Pós-Graduação em Ensino de Física.

O programa de Pós-Graduação em Física, nos níveis de Mestrado e Doutorado, obteve conceito A na sua primeira avaliação pela CAPES em 1979. Feito igualado apenas pelo Instituto de Física da USP de São Carlos. Desde então o IF-UFRGS vem obtendo nota máxima na avaliação CAPES.

 

A FAPERGS compartilha da celebração dos 50 anos do Instituto de Física da UFRGS, reconhecendo este celeiro de cientistas como um centro de excelência da física mundial.