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Epílogo


Em 1975 enrolei a bandeira e me mudei para a Unicamp. Por um lado carregava a sensação de que a atividade em Ciência dos Materiais ou um enfoque institucional pelo menos um pouco maior em possíveis aplicações da Ciência, no que tanto se debatia, por exemplo, Flávio, com pouco apoio, iria demorar a se firmar no IF, embora já fosse incipiente, conduzida por Delmar e outros.

Avaliando minha formação científica insubstancial, fragmentada, peripatética, e ínfima influência política, verifiquei que não seria eu quem poderia gerar mais momentum nessa direção a tempo de atenuar minha angústia pessoal. Talvez Pedro viesse a poder. Levava jeito, era ambicioso, competitivo e competente, não tivesse sido vítima daquele maldito motorista bêbado que o matou e à sua mulher, num acostamento da via para a zona sul de Porto Alegre, deixando seu filho órfão. Ficamos dependendo, na ausência dele e de John, de que Fernando tivesse sua epifânia de Paulo a caminho de Damasco e abraçasse a Ciência dos Materiais, ampliando essa atividade com sua liderança e influência pessoais, como finalmente ocorreu. Fiquei feliz por Fernando e aliviado pelo IF: enfim deu certo, all is well that ends well.

Por outro lado, nos Bell Labs, onde fui tutelado por Melvin Lax, campeão entre todos os americanos alegres e generosos que me ajudaram, fiquei amigo dos físicos que vieram a dirigir o Instituto de Física Gleb Wataghin da Unicamp, e que me convidavam insistentemente, desde 1972, a juntar-me a eles. A área que ajudei a desenvolver na Unicamp sob a liderança visionária de João Meyer é hoje, apenas 34 anos depois, pauta permanente da preocupação mundial: o futuro energético da humanidade. Até Cylon entrou nesse debate recentemente: está colocando os números em perspectiva, soprando os castelos de cartas dos iludidos e ilusionistas, governos e indústrias inclusos [Veja a aula inaugural que ele proferiu este ano no IF].

O tempo corre, o tempo voa (Faustão!), e a interação Universidade-Indústria, “perversão” inibida naqueles tempos Brasil afora, agora é convencional, inclusive requerida, nas instituições de pesquisa. Em 1985 recebi uma simpática carta manuscrita do Maris perguntando se eu não consideraria retornar a Porto Alegre para ajudar a UFRGS a montar um departamento de Física Aplicada. Respondi na afirmativa, mas a proposta ficou nessa única troca de boas intenções recíprocas. O Reitor da UFRGS na época, em que Maris depositava sua confiança para viabilizar a iniciativa, não se manifestou. Pena. Permito-me, no entanto, ler mais um significado naquela carta que guardo com genuíno carinho e admiração: Maris tinha admitido a essencialidade das aplicações práticas da Ciência para o progresso da sociedade, e vislumbrado a possibilidade de o Brasil também, um dia – belo sonho, ainda! –, se tornar uma economia do conhecimento. Isso, sem dúvida, graças à contribuição absolutamente fundamental dele mesmo para o desenvolvimento do IF e da ciência pura de qualidade que produziu e exigiu de nós - reconheçamos isso com satisfação. Mas o IF, com ou contra, tal como numa partida de futebol, desfalcado de alguns jogadores, mas sobejamente garantido pela arte dos demais, afinal chegou bem na bola e venceu essa partida no segundo tempo. Parabéns a vocês!

  1. Aviso aos navegantes
  2. Os 14 de 1960
  3. A hora do recreio
  4. Luiz Severo Motta
  5. Epílogo

PS: Nomes completos e fotografias das pessoas mencionadas estão aqui.


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