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Turma 1969

Ainda em 1968 fui aluno do curso de Teorias Básicas da Física para Secundaristas. Em 1969, fiz o vestibular e entrei para o curso de Física. Eram 40 vagas e passei, parece, em 12º lugar. Na época, era divulgada a lista dos “aprovados”, não a dos “classificados” (que seriam os 40 primeiros). Isto gerou o movimento dos “excedentes”, baseado no raciocínio de que haviam passado na seleção, e logo tinham direito a entrar na Universidade. Após muita luta, o governo federal (ou a UFRGS?) determinou que todos os aprovados, ou algo parecido, deveriam ter direito à matrícula. No curso de Física, entraram 80 alunos, em lugar dos 40. Sei de colegas que entraram, tendo tirado nota zero na prova de Física. Na maioria dos casos, estes não continuaram no curso.

No primeiro ano, era professora de Cálculo I a Gilda Dalcanale, que logo após foi para a Unicamp com o marido, Eliermes Menezes; na Física I estava o Rolando Axt, recém formado, e na Geometria Analítica, a Maria Helena P. de F. V. Correa. Estava no IF, neste ano, um pesquisador italiano, Tullio Sonnino, cujo carro vermelho, italiano, chamava sempre muita atenção. Aliás, o ambiente era sempre muito informal. Aos sábados e domingos, nós, estudantes de graduação, íamos ao IF para estudar, e era costume usarmos os quadros-negro de salas de professores, que ficavam sempre abertas. Frequentemente, enquanto estudávamos nestas salas, chegava o professor, por exemplo, o Manfred Forker, que não demonstrava aborrecimento.

A entrada ao interior do prédio era possível porque muitos dos estudantes tinham a chave, pois eram plantonistas (inclusive eu). Um plantonista era um bolsista de graduação, encarregado de, durante a noite e nos fins de semana, manter os experimentos em operação, através do reabastecimento de nitrogênio líquido, da reorientação dos instrumentos de correlação angular, ou do descarregamento das medidas adquiridas. Nesta época, era ainda incipiente a automatização destes procedimentos. Para jovens como nós, ficar acordado a noite inteira no IF, percorrendo corredores vazios e em laboratórios cheios de máquinas zumbindo, era uma experiência muito especial. Até hoje lembro do ronronar das máquinas nos laboratórios do fundo do andar térreo.

Clique na imagem para ver uma descrição do laboratório.


Do ponto de vista do movimento estudantil, os estudantes da Física estavam organizados em torno do Centro de Estudos de Física (CEF). Em 1969, o Presidente do CEF era o Paulo Mascarello Bisch (Depois da graduação foi fazer o mestrado no CBFP), e fui convidado a fazer parte da Diretoria, ainda em 1969. Em 1970, assumi a Presidência do CEF, cuja “sede” era um armário no corredor de acesso à sala da Direção, embaixo do relógio-ponto. Na organização das entidades estudantis, os Centros de Estudos eram seções, por curso, dos Centros Acadêmicos das faculdades. Como o Curso de Física estava dentro da Faculdade de Filosofia, o CEF era parte do Centro Acadêmico Franklin Delano Roosevelt (CAFDR). Naqueles tempos, os “anos de chumbo”, havia uma grande efervescência política na UFRGS. O CAFDR era locus de reuniões altamente subversivas do Conselho de Representantes (o CR, no jargão da época), com eventuais visitas de dirigentes da União Nacional de Estudantes (UNE). Tudo era devidamente vigiado pela polícia política, o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). Mais tarde, tivemos provas de que nossa paranóia não era tão paranóia assim, pois soubemos em que medida as reuniões eram monitoradas.

Em 1971, com a implantação dos Diretórios Acadêmicos e do Diretório Central dos Estudantes, o CEF tornou-se o Diretório Acadêmico dos Estudantes de Física, o DAEF. Fui o primeiro presidente, na transição para o novo modelo. Em 1972, o DAEF ganhou sua sede, que consistia em uma área tomada da Biblioteca. O acesso à sede era pelo corredor externo, pelas sacadas do IF que davam para a Química. Portanto, a sede ficava na mesma posição da sala 300, só que no andar de baixo. Quanto ao CAFDR, tornou-se o DAIU, para alívio da militância estudantil, que por décadas viveu o incômodo do CAFDR homenagear, no seu nome, um presidente norte-americano.

A seta indica a sede do DAEF.

Ainda sobre o movimento estudantil, em 1970 recebemos a visita de um estudante da Física da UFMG, emissário de uma mobilização nacional para organizar os estudantes de Física. Houve um encontro preparatório em Belo Horizonte em 1970 (ao qual eu fui, de ônibus), e meses após a realização do primeiro encontro nacional em 1970, durante a SBPC em Salvador (ao qual fomos em grupo, igualmente de ônibus). Ainda a este respeito, durante a SBPC em Brasília, em 1976, participei das assembléias que levaram à criação do Movimento Nacional dos Pós-Graduandos, que depois tornou-se a ANPG.

  1. Cientista amador
  2. Turma 1969
  3. Defenestração no Observatório Astronômico
  4. O Observatório do Morro Santana
  5. O fotômetro fotoelétrico
  6. A primeira dissertação de mestrado
  7. Miriani Pastoriza, Professora Titular e outras lembranças
  8. Referências bibliográfica

 


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