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(texto revisado em 14/04/2000)
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  Em 1896, após a conclusão do secundário, ele é aceito na ETH como estudante de matemática e física, mas, para sua surpresa e decepção, a Escola Politécnica não atendia suas expectativas. Ao contrário da escola de Aarau, onde as aulas se desenvolviam em estimulantes discussões, na ETH os professores se contentavam em ler, em voz alta, livros inteiros! Para fugir do tédio de aulas tão monótonas, Einstein decide "gazeteá-las", aproveitando o tempo livre para ler obras de física teórica. Devora livros e mais livros que os professores da ETH deixavam de lado: Boltzmann, Helmholtz, Hertz, Kirchhoff, Maxwell, entre outros. Aqui, como no ginásio alemão, ele atrai a má vontade dos seus professores, e isso lhe custará caro. Para ilustrar a imagem que alguns professores tinham de Einstein, conta-se que Minkowski teria dito, alguns anos depois do artigo sobre a teoria da relatividade: "para mim isso foi uma grande surpresa, porque na época dos seus estudos Einstein era um preguiçoso. Ele não demonstrava qualquer interesse por matemática" (Feuer, p.94).

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Esses quatro anos passados na ETH (1896-1900) são apenas superficialmente documentados na literatura. Nas suas notas autobiográficas (Schilpp, p. 3-95), Einstein diz que ali teve excelentes professores, mas menciona apenas dois: Hurwitz e Minkowski. Confessa que passou a maior parte do tempo nos laboratórios, fascinado com as experiências, e que era aluno negligente na maioria dos cursos; confessa também que usou os apontamentos de um aluno aplicado para se submeter aos exames. Sabe-se hoje que esse colega era Marcel Grossmann (Levy, p.32; Fölsing, p.53), a quem Einstein dedica sua tese de doutorado, "Sobre uma nova determinação das dimensões moleculares" ("Eine neue bestimmung der moleküldimensionen"), apresentada na Universidade de Zurique em 1905.

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São as cartas trocadas entre Einstein e Mileva Maric, sua primeira mulher (Renn e Schulmann), que melhor esclarecem esse período passado na ETH. Sabe-se, a partir desse material, que ele adora ler Helmholtz e Hertz. Essas leituras constituem, provavelmente, o impulso inicial para a teoria da relatividade. Vejamos o que ele diz em carta de 1899: "(...) estou relendo Hertz, a respeito da propagação da força elétrica, com muito cuidado, porque não entendi o tratado de Helmholtz sobre o princípio da mínima ação em eletrodinâmica. Estou cada vez mais convencido de que a eletrodinâmica dos corpos em movimento, como é apresentada hoje, não corresponde à realidade, e que será possível apresentá-la de modo mais simples. A introdução do termo 'éter' em teorias de eletricidade levou à concepção de um meio cujo movimento pode ser descrito sem ser possível, creio eu, atribuir um sentido físico a ele. Acho que as forças elétricas podem ser diretamente definidas apenas para espaços vazios - algo que Hertz também enfatiza" (Renn e Schulmann, p. 49). Em outra carta do mesmo ano, ele diz: "Tive uma boa idéia em Aarau para investigar a maneira com que o movimento relativo de um corpo com relação ao éter luminífero afeta a velocidade de propagação da luz em corpos transparentes. Até pensei em uma teoria sobre o fenômeno que me parece bastante plausível" (Renn e Schulmann, p.54).

A despeito de toda privação material a que estava submetido, chegando mesmo a passar dias alimentando-se precariamente, o ambiente cultural de Zurique lhe proporcionava momentos de grande felicidade. Como se sabe, nessa parte da Europa central estavam em gestação naquele momento as três grandes revoluções da virada do século: o marxismo, a psicanálise e a física moderna. A agitada Zurique é então considerada o berço pacífico das revoluções européias; por ali circulam personalidades hoje famosas: Lenin, Trotsky, Plekhanov (para alguns o grande mentor da revolução soviética), Rosa Luxemburg, Théodor Herzl (o fundador de Israel), Chaim Weizman (o primeiro presidente de Israel). Nas repúblicas estudantis se discute o socialismo, e o clima de liberdade é inebriante. Ao chegar a Zurique, em 1900, para trabalhar no hospital psiquiátrico Burghölzli, Jung logo percebe, como declarou anos depois, essa atmosfera de liberdade (Feuer, p.33).

É nesse ambiente cultural que o jovem Einstein forja sua cultura científica. Lê Kant entre a adolescência e a juventude e se inicia, durante o período da ETH, na leitura de autores socialistas, particularmente Marx e, evidentemente, Mach. Tais leituras foram, aparentemente, induzidas pelo seu colega Friedrich Adler. Estudante de física com propensão à filosofia, Adler era verdadeiramente um ativista político e, já na adolescência, um inveterado leitor dos clássicos do marxismo. Mais tarde abandona a carreira científica para se dedicar à política, ocupando vários cargos importantes no partido socialista austríaco. Em 1916 choca o mundo ao assassinar o primeiro ministro da Áustria. Seu julgamento, em 18 e 19 de maio de 1917, resulta na condenação à morte; posteriormente teve sua pena comutada para prisão perpétua, e ao final da guerra foi anistiado. Para Einstein, Adler parecia ser o único estudante que havia realmente entendido o curso de astronomia (Feuer, p.38). Esta capacidade intelectual de Adler parecia vir do berço; para Engels, Victor Adler, pai de Friedrich, era "o mais capaz entre os chefes da Segunda Internacional" (Feuer, p. 48).

Em busca do primeiro emprego

Em cartas de 1900, percebe-se a natural preocupação de Einstein com a obtenção de um emprego. Ao concluir o curso, em agosto de 1900, ele manifesta esperança de ocupar o cargo de assistente do professor Hurwitz (Renn e Schulmann, p.65), para logo depois descobrir que perdeu o emprego por influência do seu ex-orientador, H.F. Weber (Renn e Schulmann, p. 68). Começam aqui as manifestações de má vontade de seus ex-professores. Tenta, em vão, empregos de assistente nas Universidades de Göttingen e de Leipzig. Aliás, o cargo de assistente na Universidade de Göttingen dificilmente seria ocupado por Einstein, pois exigia o doutorado. No entanto, havia outro cargo na mesma universidade que não exigia o doutorado, mas foi ocupado por Johannes Stark, que veio a se transformar em ardoroso nazista e ferrenho anti-semita. É interessante chamar a atenção para a existência do preconceito anti-semita, já que isso incomodava Einstein sobremaneira. O insucesso na obtenção de um emprego universitário, logo após a formatura, obriga Einstein a aceitar um cargo temporário numa escola secundária; alguns meses depois está desempregado e passa a ministrar eventuais aulas particulares.

Ainda com o forte impacto do livro de Mach, "História da Mecânica" (Schilpp, p.21) e sob a influência inicial de Adler, Einstein prossegue seus estudos científicos com uma visão política marxista. Em 1902, quando se transfere para Berna, um pouco antes de assumir seu primeiro emprego fixo, no Departamento Suiço de Patentes (23 de junho de 1902), Einstein "cria", ao lado de dois amigos, Conrad Habicht e Maurice Solovine, a Academia Olímpia, que, como toda academia, tem seus "membros correspondentes" (Paul Habicht, Michele Besso e Marcel Grossman). Esse grupo de boêmios, recém-formados à procura de emprego, constitui uma contra-cultura das mais profícuas da história da ciência; pode-se comparar a Academia Olímpia ao grupo de discussão liderado por Freud, e que na mesma época se reunia em Viena.
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As discussões na Academia Olímpia giravam em torno de ciência, filosofia e política, a partir das idéias de Marx e Mach. Com esses colegas Einstein discute seus primeiros trabalhos sobre a teoria da relatividade, mas muito mais do que interesse científico embutido na formação da Academia Olímpia, havia, sobretudo, um conflito de gerações e uma motivação sócio-política muito próxima dos ideais marxistas; Adler estava por ali para fornecer o suporte teórico!! Simpatias pessoais são elementos poderosos na fermentação de idiossincrasias e perfis psicológicos.

Em 1908, sensibilizado com a situação do amigo, Adler escreve ao pai: "(...) há um homem chamado Einstein que estudou ao mesmo tempo que eu, e seguiu os mesmos cursos que eu segui. Nossa evolução foi bastante semelhante (...); ninguém se sensibiliza com suas necessidades, ele passou fome durante um certo tempo e durante seus anos de estudos foi tratado com certo desprezo por seus professores da Escola Politécnica; a biblioteca lhe foi fechada, etc., ele não sabia como devia se comportar com as outras pessoas. Finalmente, ele conseguiu um emprego no Departamento de Patentes de Berna e continuou a trabalhar em física teórica, a despeito de todas essas infelicidades. (...) é um escândalo, não apenas aqui, mas também na Alemanha, o fato de que um homem desta qualidade trabalhe no departamento de patentes" (Feuer, p. 39). Um pouco depois dessa carta Einstein é admitido como privadozent na Universidade de Berna.

Numa segunda oportunidade Adler demonstra sua fidelidade ao amigo. Em 1909, quando surgiu uma vaga para Professor Assistente na Universidade de Zurique, um conselheiro, correligionário político de Adler (seu pai ocupava cargo importante no partido socialista) sugeriu seu nome para a vaga aberta. Ao recusar o cargo, ele declarou perante o conselheiro: "Sendo possível ter um homem como Einstein em nossa Universidade, é um absurdo me nomear. Não se pode comparar minha habilidade de físico com aquela de Einstein. É um homem que pode elevar o nível geral da Universidade. Não percam esta ocasião". (Levy, p. 57). Em 7 de maio de 1909, já famoso, Einstein obtém seu primeiro emprego universitário permanente: Professor Assistente de Física Teórica da Universidade de Zurique.

 

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