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(texto revisado em 14/04/2000)
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Einstein esteve no Brasil em maio de 1925, mas esta visita é apenas ligeiramente mencionada nas mais conhecidas biografias. Philipp Frank refere-se a esta viagem numa única frase: "Em 1925 ele fez uma viagem à América do Sul (...)" (Frank, p.204). No primeiro livro de Abraham Pais, publicado pela Oxford University Press em 1982, esta viagem é mencionada, no apêndice "Uma cronologia de Einstein", numa única linha correspondendo ao ano de 1925: "Maio-junho. Viagem à América do Sul. Visita Buenos Aires, Rio de Janeiro e Montevidéu." (Pais, 1995, p. 624). No livro seguinte Pais dedica dois pequenos parágrafos (Pais, 1994, p.164). Fica-se sabendo que Einstein chegou a Buenos Aires no dia 24 de março, onde ele deveria apresentar duas conferências na Universidade. Dali ele seguiu para Montevidéu, permanecendo uma semana e ministrando três conferências em francês. Do Uruguai ele partiu para o Brasil, para uma semana de permanência no Rio de Janeiro, onde também apresentou conferências. Denis Brian também dedica apenas um parágrafo a esta viagem. Informa que Einstein foi efusivamente recebido pelo embaixador alemão na Argentina e que teve uma crise nervosa durante a viagem, adiando a visita que faria à Califórnia.

Das biografias internacionalmente conhecidas, a de Albrecht Fölsing (p. 548-550) talvez seja a que mais destaca esta viagem. Sobre os contatos científicos na Argentina, Einstein teria escrito no seu diário: "As questões científicas eram tão estúpidas que era difícil permanecer sério." Fölsing é o único que informa o tempo de permanência de Einstein na Argentina: três semanas. Einstein adorou o Uruguai. Disse que ali encontrou "genuína cordialidade como raramente na sua vida". Achou Montevidéu muito mais humana do que Buenos Aires. Sobre a visita ao Brasil, o relato de Fölsing é brevíssimo: "Em conclusão, havia mais um 'grande estado', Brasil. Rio de Janeiro ofereceu as costumeiras festividades, não apenas no âmbito da comunidade judia, como também no clube Germânia." Ronald Clark também dá razoável destaque à viagem, embora parcial: "(...) ele havia previsto uma visita à América do Sul em parte para ministrar conferências na Universidade Estadual Argentina, em parte com a esperança de obter recursos junto aos judeus ricos, para a causa sionista" ( Clark, p 355). Clark não menciona nem o Uruguai, nem o Brasil.

Um comentário significativo, embora breve, é apresentado pelo próprio Einstein, em carta a Michele Besso, datada de 5 de junho de 1925: "Em 1 de junho voltei da América do Sul. Foi uma grande agitação sem interesse verdadeiro, mas também algumas semanas de repouso durante a travessia. (...) Para achar a Europa alegre é preciso visitar a América. Na realidade, as pessoas de lá são desprovidas de preconceitos, mas elas são, na sua grande maioria, vazias e pouco interessantes, mais do que as daqui." (Speziali, p.121).

Recentemente a editora da UFRJ publicou um livro com artigos relatando detalhadamente a visita de Einstein ao Brasil (Moreira e Videira, 1995). O livro apresenta o texto da conferência ministrada por Einstein na Academia Brasileira de Ciências ("Observações sobre a situação atual da teoria da luz"), um artigo de Einstein publicado no jornal argentino La Prensa ("Pan-Europa") e o único artigo científico preparado por Einstein durante a viagem, publicado em espanhol na Revista Matemática Hispano-Americana v.1, p.72-76 (1926), intitulado "A geometria não euclidiana e a física". É interessante notar que nem as conferências apresentadas na América do Sul, nem o artigo publicado na Revista Matemática Hispano-Americana fazem parte da extensa bibliografia de Einstein publicada no livro comemorativo dos seus setenta anos (Schilpp, 1949). O artigo sobre a geometria não euclidiana é mencionado por Abraham Pais no seu segundo livro sobre Einstein (Pais, 1994, p.165). Além da recuperação de material jornalístico da época, o livro também apresenta textos de cientistas contemporâneos importantes, entre os quais destaco (segundo a ordem do sumário do livro) Guido Beck, José Leite Lopes e Herch Moysés Nussenzveig.

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Há um artigo muito interessante de Jean Einsenstaedt e Antonio Augusto Passos Videira, intitulado "A relatividade geral verificada: o eclipse de Sobral de 29/05/1919" (Moreira e Videira, p. 77-99). Neste artigo os autores discutem, numa linguagem compreensível pelo grande público, a trajetória de Einstein na formulação da teoria da gravitação, ou teoria da relatividade geral. Conforme já mencionado na seção 5, tudo começa em 1907, quando ao escrever um artigo de revisão sobre a teoria da relatividade restrita, Einstein introduz as primeiras idéias em torno do efeito do campo gravitacional sobre a trajetória da luz. Einsenstaedt e Videira mostram que esta é uma velha questão, já levantada por volta de 1801, quando o astrônomo alemão Johann Georg von Soldner calculou o desvio sofrido por um raio de luz que passa próximo a um corpo celeste. Contudo, mais interessante do que a discussão em torno dos trabalhos de Einstein, são os relatos sobre os preparativos das expedições programadas para observação dos eclipses solares (1912, 1914 e 1919).
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Há outros dois artigos igualmente interessantes: um é assinado pelo professor Roberto Vergara Cafarelli, da Universidade de Pisa, intitulado "Einstein no Brasil"; o outro é assinado pelo pesquisador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST/CNPq), Alfredo Tolmasquim, intitulado "Einstein no Rio de Janeiro: impressões de viagem". Conforme o próprio autor, este último artigo "consiste numa forma de narrativa livre e romanceada da viagem de Einstein, a partir de fontes documentais, tais como correspondências, seu diário de viagem e jornais de época, e em depoimentos de pessoas, tanto através de biografias como oralmente" (In: Moreria e Videira, p.156). As informações apresentadas a seguir constituem uma síntese desses dois artigos.

Aparentemente, o primeiro convite para Einstein visitar a América do Sul foi feito, em 1923, pelo jornalista e escritor argentino Leopoldo Lugones. Naquele ano Einstein estava sendo vítima de perseguição por causa da sua atitude pacifista durante a primeira guerra mundial, e também por causa da sua origem judaica. Lugones lançou a idéia de oferecer-lhe uma cátedra na Universidade de Buenos Aires, ou o título de doutor honoris causa. Einstein gentilmente agradeceu, alegando que suas ocupações não lhe permitiam viajar. Os argentinos não desistiram e em janeiro de 1924 Einstein recebeu uma carta do Reitor da Universidade de Buenos Aires, José Arce, convidando-o para um ciclo de conferências naquela instituição. Em julho de 1924 Einstein aceita o convite e inicia os preparativos para a viagem: marcação das melhores datas, reservar passagens e organizar sua vida para um período de ausência de aproximadamente três meses. A Asociación Hebraica agenciou convites de outras instituições acadêmicas no Uruguai e no Brasil. Assim, Einstein recebeu convites das Universidades de Córdoba, La Plata e Tucumán, na Argentina, da Universidade de Montevidéu, no Uruguai, e da Faculdade de Medicina e Escola Politécnica do Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro, o rabino Isaiah Raffalovich entrou em contato com o diretor em exercício da Escola Politécnica, Getúlio das Neves, mas o convite que Einstein recebeu era assinado pelo rabino, em nome de Paulo de Frontin, diretor da Escola Politécnica, e Aloysio de Castro, diretor da Faculdade de Medicina.
Einstein deixou a programação de conferências em aberto, para ser definida de acordo com a disponibilidade de tempo em cada local. No Rio de Janeiro, ele acertou a programação no dia da sua chegada, 4 de maio. Além dos compromissos sociais, incluindo uma visita ao presidente da República, Arthur Bernardes, Einstein faria duas conferências sobre a teoria da relatividade no Clube de Engenharia e na Escola Politécnica do Rio de Janeiro e faria uma comunicação na Academia Brasileira de Ciências. No Clube de Engenharia encontrou o salão superlotado por embaixadores, generais do exército, representantes dos ministros e engenheiros, muitos deles acompanhados de suas esposas e filhos. Era evidentemente uma platéia apropriada para um espetáculo qualquer, menos para uma conferência científica.

 
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Mesmo na Escola Politécnica e na Academia Brasileira de Ciências, a capacidade da platéia para entender a conferência de Einstein era muito limitada. Eram poucos os que aqui tinham algum conhecimento sobre a mecânica quântica e a teoria da relatividade. Na verdade, não se sabe quem foi o primeiro no Brasil a ter conhecimento das teorias de Einstein. Cafarelli diz que encontrou o nome de Einstein (escrito errado) pela primeira vez em jornais brasileiros em abril de 1919, num pequeno artigo do Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, a propósito da expedição de brasileiros e britânicos em Sobral (Ce) para observar o eclipse solar e testar a hipótese da curvatura da luz feita por Einstein. Provavelmente o artigo foi inspirado pelo professor Henrique Morize, diretor do Observatório Nacional. O pioneiro na divulgação das idéias relativísticas no Brasil foi o físico-matemático Amoroso Costa. Logo depois que os ingleses noticiaram o resultado positivo da observação do eclipse, Amoroso Costa escreveu um artigo no O Jornal, demonstrando conhecimento da teoria da relatividade. Em 1922 ele escreveu um pequeno livro intitulado Introdução à teoria da relatividade. Todavia, o primeiro a fornecer informações mais detalhadas sobre essa área do conhecimento, foi Roberto Marinho, que era professor da Escola Politécnica. Em 1919, antes mesmo de ter conhecimento dos resultados do eclipse, ele escreveu dois artigos sobre a relatividade geral, publicados em 1920 na Revista de Ciências. O primeiro trabalho original sobre relatividade feito no Brasil deve-se a Teodoro Ramos, da Universidade de São Paulo. Trata-se do artigo A Teoria da Relatividade e as Raias Espectrais do Hidrogênio, publicado em 1923 na Revista Politécnica, de São Paulo.

A nota dissonante na recepção a Einstein e sua teoria da relatividade foi dada logo depois da sua partida, em polêmico artigo publicado no O Jornal de 16 de maio, de autoria de Licínio Cardoso, professor de mecânica racional na Escola Politécnica. Intitulado Relatividade Imaginária, o artigo traz o seguinte comentário sobre o livro de Einstein La théorie de la relativité restreinte et genéralisée: "A cada página, pode-se dizer, da obra eu encontrava proposições análogas: umas confundindo o objetivo com o subjetivo, outras afirmando coisas de impossível realização, outras estabelecendo conceitos elementaríssimos e velhos como se fossem novos, tudo, está claro, no meu fraco entender; outras produzindo afirmações incompreensíveis como esta ‘Nous verrons plus tard que ce raisonnement qui s’appelle dans la Mécanique Classique le theorème de la composition des vitesses n’est pas rigoureux et, par conséquent, que ce theorème n’est pas vérifié en réalité’. O que tem a lei abstrata da composição das velocidades com a velocidade particular de cada corpo? Sempre a confusão entre o abstrato e o concreto (...) Demonstrei que o professor Einstein, confundindo os pontos de vista abstrato e concreto, toma por objetivo o que é subjetivo e vice-versa e não distingue entre ciência abstrata e relações particulares das existências concretas." (In: Moreira e Videira, p.131).
 

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