Mapas conceituais como instrumentos didáticos.
Como instrumentos didáticos, os
mapas propostos podem ser usados para mostrar as relações hierárquicas entre
os conceitos que estão sendo ensinados em uma aula, em uma unidade de estudo ou
em um curso inteiro. Eles explicitam relações de subordinação e
superordenação que possivelmente afetarão a aprendizagem, de conceitos. São
representações concisas das estruturas conceituais que estão sendo ensinadas
e, como tal, provavelmente facilitarão a aprendizagem dessas estruturas.
Contudo, contrariamente a textos e
outros materiais instrucionais, mapas conceituais não dispensam explicações
do professor. A natureza idiossincrática de um mapa conceitual, dada por quem
faz o mapa (o professor no caso), torna necessário que o professor guie o aluno
através do mapa quando o utiliza como recurso instrucional (Bogden, 1977).
Além disso, apesar de que os mapas podem ser empregados para dar uma visão
geral prévia do que vai ser estudado, eles já devem ser usados preferentemente
quando os alunos já têm uma certa noção do assunto. Neste caso, podem ser
utilizados para integrar e reconciliar relações entre conceitos e promover a
diferenciação conceitual. Os conceitos e as linhas que ligam conceitos em um
mapa conceitual não terão significado para os alunos a menos que sejam
explicados pelo professor e que os estudantes tenham pelo menos alguma
familiaridade com a matéria de ensino.
Cabe, no entanto, assinalar que,
apesar de que o modelo de mapa proposto está de acordo com o princípio
ausubeliano (Ausubel, 1978, 1980) da **diferenciação progressiva**, sua
utilização do ponto de vista instrucional não deve ser unidirecional,
exclusivamente de cima para baixo, como sugere o modelo. Isso porque, do ponto
de vista ausubeliano, a instrução deve ser planejada não somente para
promover a diferenciação progressiva mas também para explorar,
explicitamente, relações entre proposições e conceitos, evidenciar
semelhanças e diferenças significativas e reconciliar inconsistências reais
ou aparentes. Ou seja, para promover também o que Ausubel chama de
**reconciliação integrativa**. Segundo Novak (1977, 1981_, para conseguir a
reconciliação integrativa de maneira mais eficiente, a instrução deve ser
organizada de tal forma que se "baixe e suba"nas hierarquias
conceituais à medida que a nova informação é apresentada. Isso significa
que, embora no enfoque ausubeliano se deva começar com os conceitos mais
gerais, é necessário mostrar logo como os conceitos subordinados estão
relacionados com eles e , então, voltar, através de exemplos, a novos
significados para os conceitos de ordem mais elevada na hierarquia. Em outras
palavras, se deve "baixar e subir"no mapa, explorando, explicitamente,
as relaçÕes de subordinação e superordenação entre os conceitos (Moreira e
Masini, 1982).
Os exemplos apresentados nas figuras
2 e 3 são mapas utilizados como recursos didáticos em uma disciplina de
Física Geral em nível universitário básico. A figura 6 mostra outro exemplo;
trata-se de um mapa mais abrangente, incluindo conceitos da Eletricidade e do
magnetismo. Observa-se que, neste mapa, sobre várias linhas que unem conceitos,
e que sugerem relações entre eles, está explicitado o tipo de relação
existente entre os conceitos. Nota-se também que este mapa inclui algumas
equaçÕes (conjuntos de conceitos). Como já foi dito, a construção de mapas
conceituais é bastante flexível.
Naturalmente, o uso de mapas conceituais apresenta vantagens e desvantagens.
Entre as possíveis vantagens, pode-se mencionar (Moreira, 1979; Moreira e
Buchweitz, 1993) :
1. enfatizar a estrutura conceitual
de uma disciplina e o papel dos sistemas conceituais em seu desenvolvimento;
2. mostrar que os conceitos de uma
certa disciplina diferem quanto ao grau de inclusividade e generalidade e
apresentar esses conceitos em uma ordem hierárquica de inclusividade que
facilite sua aprendizagem e retenção;
3. proporcionar uma visão integrada
do assunto e uma espécie de "listagem conceitual"daquilo que foi
abordado nos materiais instrucionais.
Dentre as possíveis desvantagens
poder-se-ia citar:
1. se o mapa não tem significado
para os alunos, eles podem encará-lo como algo mais a ser memorizado;
2. os mapas podem ser muito complexos
ou confusos e dificultar a aprendizagem e retenção, ao invés de
facilitá-las;
3. a habilidade dos alunos em
construir suas próprias hierarquias conceituais pode ficar inibida em função
de já receber prontas as estruturas propostas pelo professor (segundo sua
própria percepção e preferência).
Na prática, essas desvantagens podem
ser minimizadas explicando os mapas e sua finalidade, introduzindo-os quando os
estudantes já têm alguma familiaridade com o assunto, chamando atenção que
um mapa conceitual pode ser traçado de várias maneiras e estimulando os alunos
a traçar seus próprios mapas. Além disso, o professor ao elaborar mapas
conceituais para usá-los como recurso instrucional, deve ter sempre em mente um
compromisso entre clareza e completeza. Ou seja, nem todas as possíveis linhas
que indicam relações entre conceitos devem ser traçadas a fim de manter a
clareza do mapa.