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Métodos Computacionais no Ensino da Física
Planilha I
Planilha II
Modellus I
Modellus II
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3 Modellus I

3.2 Problema exemplo

Como foi feito no caso da planilha, será utilizado, como ilustração na apresentação do Modellus, um assunto específico de física. Um dos destaques do software é que ele permite montar animações, o que é particularmente interessante quando o assunto é mecânica. Portanto, será escolhido um tema nesta área: o tradicional movimento do projétil.

Desprezando-se o arraste do ar, este movimento resulta da combinação de um movimento uniforme horizontal com um movimento uniformemente variado vertical. Portanto, é possível resolver as equações e escrever as variações das posições (horizontal e vertical) como funções do tempo (as assim chamadas "equações horárias"). Ou ainda, pode-se fornecer ao software as soluções do problema na forma algébrica. É o que será feito nesta aula. O software então serve para obter valores numéricos, produzir gráficos e tabelas, e visualizar o movimento numa animação.

Na presença de arraste aerodinâmico, a situação fica mais complicada. A segunda lei de Newton fornece as equações fundamentais do movimento, mas mesmo se for adotado um modelo para a força de arraste, será difícil resolvê-las, pois a força certamente não será constante; será função da velocidade. Aí entra em jogo um recurso muito potente do Modellus: ele sabe resolver (numericamente) as equações. Isto será o tema da próxima aula.

Supõe-se que o projétil é lançado (no instante t=0) com uma velocidade inicial de módulo v0, fazendo um ângulo θ0 com a horizontal.

Será conveniente utilizar um sistema de eixos tais que o eixo Ox seja horizontal e o eixo Oy vertical, orientado para cima. Colocar-se-á a origem do sistema de eixos no ponto de lançamento (x=y=0).

Na ausência de arraste do ar, a única força aplicada ao corpo é a força gravitacional, que atua verticalmente para baixo. Não há força atuando na horizontal e o movimento nesta direção é uniforme. Como mostra a Figura 3.2.1, a componente horizontal da velocidade inicial é v0 cos(θ0). Portanto, o movimento horizontal é descrito pelas equações

vx = v0 cos(θ0) ,
(3.2.1)
x = v0 cos(θ0) t .
(3.2.2)

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Figura 3.2.1: Velocidade de lançamento e as suas componentes no sistema de eixos escolhido.

Na vertical, atua a força gravitacional, que produz uma aceleração de módulo g=9,8m/s2. Vale notar que, ao fazer esta suposição, excluí-se movimentos cujos alcances horizontal e/ou vertical, não sejam muito pequenos em comparação com o raio da Terra. Nestas condições, o movimento vertical é uniformemente variado, com aceleração -g. Já que a componente vertical da velocidade inicial é v0 sen(θ0) [veja a Figura 3.2.1], o movimento vertical é então descrito pelas equações

vy = v0 sen(θ0) - g t ,
(3.2.3)
y = v0 sen(θ0) t - g t2/2 .
(3.2.4)

Será interessante ter à mão as expressões de algumas quantidades que caracterizam o movimento, em especial o tempo de vôo T (até o projétil voltar à altura do ponto de lançamento) e o alcance A (a distância horizontal percorrida até este instante). Pode-se deduzir o tempo de vôo da condição y=0 que, dada a Equação 3.2.4, pode ser escrita na forma

t (v0 sen(θ0) - g t/2) = 0 .
A primeira solução desta equação (t=0) corresponde evidentemente ao instante de lançamento. A outra fornece o tempo de vôo:
T = 2 v0 sen(θ0)/g .
(3.2.5)
Substituindo-se este tempo na Equação 3.2.2, obtém-se a expressão do alcance:
A = 2 v02 sen(θ0) cos(θ0)/g = v02 sen(2θ0)/g ,
(3.2.6)
onde foi utilizada uma relação trigonométrica bem conhecida.

Outro aspecto do movimento que se deseja estudar é a variação com o tempo das energias cinética, potencial e mecânica total. Sendo m a massa do projétil, a energia cinética é

K = m (vx2+vy2)/2 ,
(3.2.7)
e a energia potencial (gravitacional) é
U = m g y .
(3.2.8)
Como é sabido, na ausência de arraste, a energia mecânica total
E = K + U
(3.2.9)
deve se conservar.

Pode-se, agora, estudar esse sistema com Modellus!