Como foi feito no caso da planilha, será utilizado, como ilustração na apresentação do Modellus, um assunto específico de física. Um dos destaques do software é que ele permite montar animações, o que é particularmente interessante quando o assunto é mecânica. Portanto, será escolhido um tema nesta área: o tradicional movimento do projétil.
Desprezando-se o arraste do ar, este movimento resulta da combinação de um movimento uniforme horizontal com um movimento uniformemente variado vertical. Portanto, é possível resolver as equações e escrever as variações das posições (horizontal e vertical) como funções do tempo (as assim chamadas "equações horárias"). Ou ainda, pode-se fornecer ao software as soluções do problema na forma algébrica. É o que será feito nesta aula. O software então serve para obter valores numéricos, produzir gráficos e tabelas, e visualizar o movimento numa animação.
Na presença de arraste aerodinâmico, a situação fica mais complicada. A segunda lei de Newton fornece as equações fundamentais do movimento, mas mesmo se for adotado um modelo para a força de arraste, será difícil resolvê-las, pois a força certamente não será constante; será função da velocidade. Aí entra em jogo um recurso muito potente do Modellus: ele sabe resolver (numericamente) as equações. Isto será o tema da próxima aula.
Supõe-se que o projétil é lançado (no instante t=0) com uma velocidade inicial de módulo v0, fazendo um ângulo θ0 com a horizontal.
Será conveniente utilizar um sistema de eixos tais que o eixo Ox seja horizontal e o eixo Oy vertical, orientado para cima. Colocar-se-á a origem do sistema de eixos no ponto de lançamento (x=y=0).
Na ausência de arraste do ar, a única força aplicada ao corpo é a força gravitacional, que atua verticalmente para baixo. Não há força atuando na horizontal e o movimento nesta direção é uniforme. Como mostra a Figura 3.2.1, a componente horizontal da velocidade inicial é v0 cos(θ0). Portanto, o movimento horizontal é descrito pelas equações
Na vertical, atua a força gravitacional, que produz uma aceleração de módulo g=9,8m/s2. Vale notar que, ao fazer esta suposição, excluí-se movimentos cujos alcances horizontal e/ou vertical, não sejam muito pequenos em comparação com o raio da Terra. Nestas condições, o movimento vertical é uniformemente variado, com aceleração -g. Já que a componente vertical da velocidade inicial é v0 sen(θ0) [veja a Figura 3.2.1], o movimento vertical é então descrito pelas equações
Será interessante ter à mão as expressões de algumas quantidades que caracterizam o movimento, em especial o tempo de vôo T (até o projétil voltar à altura do ponto de lançamento) e o alcance A (a distância horizontal percorrida até este instante). Pode-se deduzir o tempo de vôo da condição y=0 que, dada a Equação 3.2.4, pode ser escrita na forma
Outro aspecto do movimento que se deseja estudar é a variação com o tempo das energias cinética, potencial e mecânica total. Sendo m a massa do projétil, a energia cinética é
Pode-se, agora, estudar esse sistema com Modellus!